Cultura | 03-09-2025 12:00

Marina Mota escolheu Samora Correia para estrear nova peça

Marina Mota escolheu Samora Correia para estrear nova peça
Marina Mota e Rosa Villa sobem ao palco do Centro Cultural de Samora Correia nos dias 29 e 30 de Agosto - foto DR

Radojka é a nova comédia de Marina Mota e tem estreia nacional marcada para Samora Correia no próximo fim-de-semana. A conhecida actriz falou a O MIRANTE do novo espectáculo, do estado da cultura e do que ainda a motiva para continuar a fazer teatro após mais de quatro décadas de carreira como actriz.

Samora Correia foi o local escolhido para a estreia nacional da comédia Radojka, o novo espectáculo de Marina Mota. A decisão não foi ao acaso: além da relação próxima que a companhia tem com o Centro Cultural da cidade, a Câmara de Benavente cedeu o espaço duas semanas antes da estreia, permitindo à equipa preparar os ensaios. “Esta casa está sempre no nosso calendário. Todos os espectáculos que fazemos passam por aqui e desta vez decidimos estrear em Samora, que é um sítio óptimo e com um público que nos recebe sempre bem”, conta a actriz, que espera uma nova enchente durante os espectáculos de 29 e 30 de Agosto.
Em Radojka, Marina Mota divide o palco com outra intérprete, Rosa Villa, num texto que mistura humor e crítica social. As duas dão vida a cuidadoras de uma idosa e vêem-se confrontadas com um problema inesperado. A partir daí, a peça questiona até onde estariam duas mulheres de 60 anos dispostas a ir para manter o emprego. Pelo meio, surgem ainda outros temas reconhecíveis do quotidiano, como as dificuldades em conseguir consultas médicas, a forma como os filhos tratam os pais ou a precariedade laboral. “É uma comédia divertida, mas que aborda de forma leve assuntos sérios, com uma crítica social evidente”, explica a actriz a O MIRANTE.
A escolha de Samora Correia surge também da proximidade geográfica a Lisboa e da facilidade logística. O espaço oferece as condições ideais para afinar cenografia, guarda-roupa e ensaios intensivos. “Foi uma gentileza da câmara ceder-nos o espaço. Isso permitiu-nos chegar à estreia com outra segurança”, sublinha a actriz, que ao mesmo tempo conciliava o projecto com as gravações de uma novela.

Respeito absoluto pelo público
Quando questionada sobre o que a continua a mover e lutar contra a falta de apoios no ramo do teatro, Marina Mota afirma que o teatro é uma arte de proximidade e de responsabilidade. Sem apoios estatais, a companhia vive exclusivamente da bilheteira. “Só subsistimos porque o público nos quer ver. O público é a entidade que eu mais respeito, porque é graças a ele que eu existo”, afirma. Por isso mesmo, garante que nunca defraudaria quem compra bilhete. “As pessoas pagam para ver um espectáculo e têm direito a encontrar rigor e bom gosto. Não vimos brincar ao teatro. Trabalhamos para que o público sinta que valeu a pena o investimento”, diz.
Essa ligação reflecte-se na diversidade de espectadores que enchem as salas. “Tenho um público fiel, mas muito variado em idades. Ainda há pouco me perguntaram se uma criança de oito anos poderia vir ver o espectáculo. Isso mostra que existe vontade de trazer os mais novos ao teatro”, conta.

Entre o palco e a televisão, com o fado à mistura
Com mais de quatro décadas de carreira nos palcos, Marina Mota habituou-se a conciliar teatro e televisão, embora actualmente o faça de forma mais ponderada. “Durante muitos anos fiz as duas coisas em simultâneo, mas agora tento evitar, porque pesa muito. Normalmente, quando faço uma novela, evito ter teatro durante o período de ensaios. Depois da estreia já posso aceitar outro projecto”, diz, reconhecendo que se durante a digressão da nova peça surgir uma oportunidade para trabalhar em televisão, é possível que aceite. Ainda assim, nunca deixou o palco, que não esconde ser a sua escolha de eleição no que à representação diz respeito.
Com 53 anos de carreira artística, os primeiros anos foram dedicados ao fado, uma paixão que ainda hoje vai alimentando com várias presenças em espectáculos e programas. “No ano passado fiz 11 concertos, participei em espectáculos no Capitólio, no Museu e em programas como A Casa da Amália. Gosto de conciliar tudo, porque as duas linguagens me dão coisas diferentes”, refere.

Levar o teatro a todo o país

Marina Mota não esconde a frustração em relação à forma como alguns espaços culturais escolhem a sua programação. “Há programadores elitistas que acham que a comédia não se enquadra e esquecem-se de que estão ali para servir o público e não o seu gosto pessoal. Eu programaria sempre em função do que o público quer ver, não do que eu gosto”, critica. A artista reconhece a independência que tem nesse aspecto, por ser a gerente da sua própria empresa de produções e ter total liberdade para abordar os temas que entender, bem como para escolher a digressão de cada peça.
É essa convicção que a leva, ano após ano, a percorrer o país, descentralizando a cultura e levando o teatro a todo o lado. “Sempre fiz estrada, sempre corri o país. Para mim, o teatro continua a ser um espaço essencial e que deve ser de acesso a todos”, conclui.

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