Cultura | 07-09-2025 18:00

Três jovens irmãos de Samora Correia partilham a paixão pelo fado

Três jovens irmãos de Samora Correia partilham a paixão pelo fado
Manuel, Matias e Miguel Vinhas Roque têm no fado um gosto comum - foto O MIRANTE

Jovem trio de Samora Correia tem no fado uma paixão que cresce em família e sem pressas. Miguel, Manuel e Matias Vinhas Roque têm entre 17 e 25 anos e tocam juntos por gosto, sem planos de carreira, mas com a certeza de que a música os mantém unidos entre o Ribatejo e os Açores.

Miguel, Manuel e Matias são os três irmãos Vinhas Roque, de Samora Correia, que descobriram no fado a forma mais natural de se expressarem. O mais novo, Matias, de 17 anos, toca guitarra portuguesa. Manuel, de 21, e Miguel, de 25, acompanham-no à viola. Desde cedo ouviram fado em casa, por influência do pai e de outros familiares, e cedo decidiram pegar nos instrumentos. Começaram a tocar viola, tiveram umas aulas e o fado foi uma escolha natural em virtude de ser esse o ambiente em que cresceram e a música que se habituaram a ouvir.
Dois dos irmãos já concluíram o ensino superior em Matemática Aplicada, enquanto Matias se prepara para entrar em Biologia. Apesar dos caminhos académicos e profissionais, o fado ocupa espaço diário nas suas rotinas. Praticam em casa, quase todos os dias, sublinham. A paixão pelo fado nasceu, em parte, do gosto pela tauromaquia, ainda muito presente em Samora Correia. “Todo o mundo da tauromaquia está escrito em vários fados. Foi essa ligação que me levou a gostar mais do género”, conta Manuel, que destaca também a influência do grupo Fado Marialva.
A aprendizagem ganhou forma na Associação Benaventense dos Amigos do Fado, onde encontraram professores e companheiros de tertúlia, a maioria de uma idade mais avançada do que a dos jovens irmãos. O empréstimo de uma guitarra portuguesa por parte da associação foi determinante para Matias se iniciar no instrumento. Mais tarde, a oferta de uma guitarra portuguesa por um amigo da família, José Maria Pessoa, deu-lhes liberdade para ensaiar com regularidade.
“Ser irmãos ajuda muito, porque estamos juntos todos os dias e partilhamos os mesmos gostos”, dizem. A relação musical estende-se também à tertúlia organizada pelo tio João Vinhas, em Samora Correia, onde cantam e tocam num ambiente informal entre familiares e amigos. As actuações públicas ainda são poucas, mas já subiram ao palco nas comemorações do Foral de Samora, que se realizou no Centro Cultural da cidade ribatejana, e na Sociedade Filarmónica União Samorense (SFUS). “Não sentimos pressão, tocamos sempre por gosto e não para dar espectáculo”, explicam. Entre as suas referências, apontam José Fontes Rocha e José Nunes, guitarristas portugueses que admiram. “São os nossos ídolos, mesmo que sejamos apenas amadores”, sublinham.

Entre Samora e a ilha do Pico
Na Ilha do Pico, nos Açores, onde passam os Verões desde pequenos, os irmãos mantêm viva a ligação ao fado em espaços de alojamento local geridos pela família, onde recebem amigos e visitantes. “De vez em quando tocamos umas guitarradas para quem nos visita, sobretudo estrangeiros, que ficam encantados com o fado e com a guitarra portuguesa”, contam. Ali acolhem turistas de vários países, especialmente visitantes europeus.
O fado ainda é visto como uma expressão da saudade, algo que o trio admite influenciar na relação entre Açores e Samora Correia. “Não diríamos uma saudade em termos do amor, mas uma saudade da vida nos Açores, arquipélago que conhecemos desde pequenos e onde passamos o Verão. No resto do ano vivemos em Samora Correia, localidade de que gostamos muito, mas há sempre aquela espera para regressar ao Pico”, explicam.
Sem pressa de carreira nem ambições de gravações imediatas, os irmãos preferem manter o fado como partilha. O objectivo é sempre o mesmo: “dar-nos prazer a nós e àqueles que nos querem ouvir”.

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