Cultura | 23-09-2025 07:00

Biblioteca de Abrantes é um espaço de conhecimento aberto a todas as gerações

Biblioteca de Abrantes é um espaço de conhecimento aberto a todas as gerações
Sónia Lourenço é um dos rostos da biblioteca de Abrantes - foto O MIRANTE

As bibliotecas já não são apenas lugares de silêncio e estantes cheias de livros. Em Abrantes assumem-se como centros de convívio, aprendizagem e criatividade, abertos a todas as gerações. Da bebeteca às exposições, passando pela biblioteca itinerante que leva histórias às aldeias mais afastadas, estes espaços mostram que ler é apenas uma das muitas formas de estar numa biblioteca.

Na Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes, há muito mais do que livros arrumados em prateleiras. O espaço é palco de encontros, aprendizagens e descobertas, onde se cruzam bebés que participam na bebeteca, estudantes que procuram um lugar para estudar, seniores que se aventuram no mundo digital e leitores de todas as idades. No centro desta dinâmica está Sónia Lourenço, bibliotecária há 22 anos e coordenadora do serviço municipal, que vê a biblioteca como “um espaço onde cabem todas as pessoas”. O serviço que dirige, para além da biblioteca central, inclui ainda a biblioteca itinerante José Diniz e o pólo de Bemposta, a Biblioteca Lisardo Leitão. Juntos, estes espaços fazem parte de uma rede que chega a todas as freguesias do concelho.
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de Estudos Portugueses e Franceses, Sónia Lourenço começou por leccionar. Mas a instabilidade no ensino fê-la procurar alternativas e, em 2004, entrou por concurso para a Biblioteca Municipal Antonio Botto. “Na altura era mais para a área administrativa, mas rapidamente nasceu em mim o gosto desta profissão fascinante”, recorda. Dois anos depois concluiu uma pós-graduação em Ciências Documentais e, desde então, nunca mais deixou o universo das bibliotecas.
Para a coordenadora, uma biblioteca não é apenas um espaço de leitura, podendo também ser considerado como a sala de estar da comunidade, já que é um ponto de encontro onde as pessoas se cruzam, conversam e, se quiserem, levam um livro para casa. “Mas este não tem de ser o objectivo principal para visitar uma biblioteca”, defende.
A proximidade à Escola Superior de Tecnologia de Abrantes leva diariamente estudantes ao espaço, mas o público é heterogéneo e vai dos bebés ainda na barriga das mães aos seniores, com uma programação que abrange todas as idades. “É um privilégio podermos trabalhar de forma intergeracional”, sublinha. Entre as iniciativas destacam-se as bebetecas, os espectáculos infantis, os clubes de leitura e a Academia 100fios, oficinas de tecnologias de informação dirigidas a seniores. Há também uma forte ligação às escolas, através do SABE – Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares, onde em articulação com os professores bibliotecários também levam actividades as escolas.

Biblioteca sobre rodas percorre o concelho
Um dos orgulhos do serviço é a biblioteca itinerante José Diniz, que funciona como “uma biblioteca normal, só que sobre rodas, que leva livros, iniciativas e afecto a todas as freguesias do concelho”. Esta é, para muitos, a única forma de acederem à leitura, explica Sónia Lourenço.
A bibliotecária reconhece que, a partir dos 10 ou 12 anos, há uma quebra de interesse pelos livros e pela leitura, a que não será alheio o fascínio pelos dispositivos digitais. “Até aos 10 anos a procura é enorme, mas depois muitos afastam-se. É um desafio constante trazer os jovens dessas idades de volta”, diz. Num tempo em que se discute o futuro do livro, a coordenadora acredita na convivência entre formatos, porque “há que adaptar-se às mudanças”. E contraria a ideia de que o digital vai tornar as bibliotecas físicas obsoletas. “Temos muita procura de ambos formatos que, na actualidade, naturalmente devem coexistir”, defende. Nesse sentido, a coordenadora explica que para além da colecção física, a rede de bibliotecas disponibiliza a plataforma BiblioLED, de empréstimo gratuito de livros e audiolivros, acessível a qualquer leitor inscrito numa biblioteca pública.
O dia de Sónia divide-se entre tarefas administrativas, planeamento de actividades mensais, reuniões de equipa e contacto com o público. “Somos polivalentes, tanto preparamos relatórios como mudamos lâmpadas ou ajudamos a montar exposições. Nada se faz sozinho, há sempre um espírito e trabalho de equipa”, conta.
Para quem nunca entrou numa biblioteca deixa um convite. “É um espaço onde cabem todas as pessoas. Um lugar seguro, de confiança, que pode até transformar vidas. Já vi pessoas emocionarem-se com uma palestra ou um livro. Muitas vezes funciona até como uma terapia. Uma biblioteca é uma porta aberta ao conhecimento e à diversidade. É a casa de todos”, conclui Sónia Lourenço.

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