Cultura | 04-10-2025 18:00

Artesãos do Sardoal dão vida à Feira de Artesanato nas festas do concelho

Artesãos do Sardoal dão vida à Feira de Artesanato nas festas do concelho
Francisco Sousa, Ruth Ribeiro e Maria Teresa Esperto Gomes - foto DR

Feira de Artesanato das festas do concelho de Sardoal, integrada nas comemorações dos 494 anos da elevação da vila, reuniu dezenas de criadores locais e regionais. Entre eles destacaram-se três artesãos sardoalenses: “Frank O Mudo”, Maria Teresa Gomes e “Miss Pink”.

As Festas do Concelho de Sardoal, que este ano celebraram os 494 anos da elevação da vila, voltaram a encher as ruas do centro histórico de cor, música, sabores e tradições. Entre os vários espaços de animação, a Feira de Artesanato destacou-se como ponto de encontro entre gerações e saberes, juntando dezenas de expositores locais e regionais, onde, mais do que simples bancas de venda, o certame revelou histórias de vida, percursos de persistência e formas únicas de expressão artística. Entre os participantes estiveram três artesãos sardoalenses que deram rosto à diversidade criativa do concelho.
Francisco Sousa, que assina como “Frank O Mudo”, apresentou um trabalho pouco convencional, baseado na transformação da linguagem das mãos em arte. Francisco é ilustrador e um dia, enquanto trabalhava num projecto, começou a desenhar mãos. Assim surgiu a ligação ao seu nome artístico: “chamo-me assim porque me expresso através das mãos. Não sou realmente mudo”, explica a O MIRANTE. Gostou da ideia, percebeu que podia levá-la mais longe e “hoje é uma forma de se expressar sem ser pelas palavras ou pela voz”, refere. Há cinco anos que se dedica a este conceito, mas o seu percurso é diversificado: desenha fanart, faz colagens digitais e até colabora em ilustrações para livros infantis. O processo criativo começa num caderno, onde desenha e experimenta, e só depois passa ao computador para dar forma final às ilustrações. Grande parte das vendas acontece online e através de galerias, em particular na Águas Furtadas, no Porto, com quem mantém uma relação regular. Conta que actualmente está em conversações com mais duas galerias na zona e que gostava também de se expandir para Lisboa. Apesar disso, valoriza os mercados locais e as feiras de artesanato.
Para Maria Teresa Esperto Gomes a costura é um ofício que lhe traz muitas memórias. Começou como um passatempo há mais de quarenta anos e acabou por se transformar no seu trabalho a tempo inteiro, onde cria e costura malas, carteiras, pegas, sacos: “tudo feito por mim, peça a peça. Trabalho sobretudo por encomenda, mas também vendo através das redes sociais e, sobretudo, do espaço Cá da Terra”, explica. O espaço, dinamizado pela câmara municipal, tem sido fundamental na valorização dos artesãos locais, reunindo não só peças de costura, mas também vinhos, doçaria, ilustrações e publicações ligadas ao território, onde os visitantes conhecem e compram o que é feito e produzido no Sardoal. Também organiza demonstrações e workshops, o que ajuda a manter a ligação à história e à cultura do concelho. Maria Teresa continua a trabalhar a partir de casa e cada peça que cria carrega um traço de dedicação e proximidade com as pessoas.
A história de Ruth Ribeiro, que muitos conhecem como “Miss Pink”, começou quase por acaso, nas redes sociais. “Tinha criado uma página para vender roupa, mandava vir algumas peças e publicava no Facebook, mas percebi que não estava a resultar. Era preciso muito stock, muitos tamanhos, e eu não tinha verba para isso. Entretanto, para compor as fotografias, punha alguns fios e correntes em cima da roupa e foi aí que vi a diferença: as pessoas queriam era os acessórios”, conta ao nosso jornal. A partir daí decidiu investir na bijuteria, primeiro montando correntes ao seu gosto, depois arriscando em criações próprias. Hoje trabalha sobretudo com aço inoxidável e cerâmica plástica (massa fimo), com peças 100% originais e personalizadas ao gosto do cliente. Foi um caminho natural e de aprendizagem. Apesar de não ter loja física, Ruth mantém presença activa no Facebook e no Instagram, canais que lhe permitem chegar a novos clientes. Mas ao mesmo tempo sonha em ter espaço próprio. Por agora tenciona continuar a “crescer aos poucos”, já que, para Ruth, o importante é que as pessoas saibam que cada peça é feita com cuidado e à medida de quem a vai usar.
Entre ilustrações, costura e bijuteria, os três artesãos mostram que cada criação é também um pedaço da história colectiva. Num ano em que o concelho celebrou 494 anos de elevação a vila, o certame deu corpo à ideia de que a identidade do Sardoal se renova na criatividade dos seus habitantes, afirmando-se na capacidade de transformar tradição, experiência e inovação em arte com assinatura própria.

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