Cultura | 12-10-2025 15:00

Centro Cultural Regional de Santarém: entre a falta de financiamento e a riqueza criativa das iniciativas

Centro Cultural Regional de Santarém: entre a falta de financiamento e a riqueza criativa das iniciativas
Victor Lopes e João Madeira Lopes do Centro Cultural Regional de Santarém - foto O MIRANTE

Centro Cultural Regional de Santarém tem uma história rica mas com muitos altos e baixos. Com quase meio século de vida, a associação mantém uma actividade cultural diversificada mas tem problemas de infraestruturas e em obter mais fincanciamento.

O Centro Cultural Regional de Santarém (CCRS) celebra no mês de Novembro 45 anos de existência, mas enfrenta sérias dificuldades financeiras e estruturais no edifício onde está sediado, o Fórum Mário Viegas. Criado em 1980 como uma cooperativa cultural pioneira no Ribatejo, o centro atravessa uma fase crítica, mas acredita num futuro risonho. O CCRS mantém-se como um dos pólos mais criativos e diversificados do concelho e da região ribatejana, com uma programação que combina tradição, inovação e diferentes visões artísticas. “A cultura tem de ter lugar na vida das pessoas. A participação da comunidade é fundamental para a continuidade deste projecto”, sublinha Victor Lopes, vice-presidente da associação.
Mesmo com recursos limitados, a colectividade tem conseguido reinventar-se e manter uma programação que surpreende pela diversidade. No mesmo mês de Novembro é possível encontrar jovens a experimentar instrumentos musicais numa “jam session”, professores a discutir sobre livros que andam a ler, e workshops que vão desde a arte da confecção do pão, até à experiência de criar peças de cerâmica, que aproxima iniciados e curiosos das artes manuais. O centro também preserva saberes mais antigos, como acontece com o laboratório de fotografia analógica, realizado todos os primeiros sábados do mês, que mantém viva uma técnica cada vez mais rara.
Não falta espaço também para a literatura, a reflexão e a música. Ainda em Outubro regressa uma das iniciativas mais vibrantes, as “jam sessions” em parceria com o Conservatório de Música de Santarém, sempre muito procuradas pelos jovens. Esta multiplicidade de propostas reflecte o espírito colaborativo do centro. O processo criativo nasce de conversas informais, de reuniões abertas e do entusiasmo dos cerca de 20 associados que dão vida às ideias. O resultado é uma programação que cruza gerações, mistura linguagens artísticas e mantém o espaço vivo.
João Madeira Lopes, presidente da associação, conta que estes 45 anos de história tiveram muitos altos e baixos, partilhando que durante cerca de cinco anos o centro chegou a acumular muitas dívidas. Mas, segundo o dirigente, “houve uma direcção que fez uma gestão adequada” e que conseguiu que o centro ultrapassasse esse momento de maior dificuldade financeira. Sem apoios do Governo e com contributos municipais considerados insuficientes para a dimensão do trabalho desenvolvido, o CCRS vive do gosto, do financiamento que ainda conseguem manter, e da bilheteira dos eventos que vão desenvolvendo. No entanto, as receitas não chegam para obras necessárias nem para responder a todos os pedidos de artistas. Ainda assim, a persistência do centro prova que a cultura resiste, mesmo em condições adversas.

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