Chagas Freitas foi ao Entroncamento, não falou de literatura, mas partilhou sobre fragilidade e alegria nos momentos difíceis
A quarta edição da “Vila da Saúde”, no Entroncamento, promoveu rastreios gratuitos e palestras que reforçaram a importância da prevenção e dos cuidados a ter com a saúde.
Durante quatro dias, o Entroncamento voltou a transformar-se numa “vila” dedicada ao bem-estar e à literacia em saúde. De 22 a 25 de Outubro, a 4ª edição da Vila da Saúde voltou a lembrar que cuidar da saúde é o primeiro passo para uma vida mais longa e equilibrada, sendo o evento organizado pela Santa Casa da Misericórdia do Entroncamento, em parceria com a Farmácia Terra. O programa incluiu palestras sobre vários temas, com oradores de diferentes áreas. Em destaque esteve a do escritor Pedro Chagas Freitas, que partilhou uma reflexão sobre fragilidade e a urgência de valorizar a alegria nos momentos mais difíceis. Inspirado nas suas experiências pessoais de perder o pai e o internamento do filho, apresentou o “método ALFACE”, em que cada “folha” simboliza uma atitude vital da vida, destacando que a empatia é saber estar verdadeiramente presente para o outro, mesmo em silêncio. “Não precisamos de quem nos diga que vai correr tudo bem, precisamos de quem esteja lá”, afirmou, recordando que, muitas vezes, a força está nas rotinas simples e nos dias “cheios de nada”, porque “um dia normal é, na verdade, um dia perfeito”.
Outras sessões de destaque foram a de Flávio Soares, presidente da Associação Effectus, que explicou de forma prática e acessível os direitos de quem precisa de cuidados e de quem cuida, e a de Filipe Almeida, do blog All Aboard Family, que partilhou a sua história de superação, tendo aos 12 anos sido diagnosticado com Nefropatia por IgA, uma doença autoimune e sem cura que afeta os rins.
Uma das principais iniciativas do evento foi a realização de rastreios de saúde, que permitem medir a tensão, a glicemia ou colesterol, entre outros. Carlos Alves, de 66 anos, foi um dos participantes e contou a O MIRANTE que aproveita sempre estas oportunidades para cuidar da saúde, embora reconheça que muitos ainda não têm essa preocupação. Confessa que nem sempre participa em rastreios, mas que procura fazer análises uma ou duas vezes por ano. “A saúde deve estar sempre em primeiro lugar. Estes rastreios são gratuitos, não custam nada e podem fazer a diferença”, disse, lamentando que ainda haja pouca adesão da população. Afirma ainda que é essencial as entidades continuarem a insistir nestas acções, pois todo o cuidado é pouco e há pessoas que de facto aproveitam estas iniciativas.
Do outro lado da mesa, Telmo Silva, farmacêutico coordenador da Farmácia da Terra, destacou que, apesar de muitas pessoas terem experiências positivas com os rastreios, ainda há quem os considere secundários. “Há quem ainda tenha resistência a visitar locais de saúde, por desconforto ou receio, mas estes rastreios ajudam a desmistificar esse medo e a criar proximidade”, explicou. Segundo o farmacêutico, os rastreios são também essenciais para identificar precocemente situações de risco e embora a maioria dos participantes esteja informada e sob vigilância médica, “há ainda muitas pessoas com doenças controladas apenas parcialmente, por falta de cuidados alimentares e físicos”.
Pedro Chagas Freitas destaca a energia e o calor humano do Ribatejo
Pedro Chagas Freitas tem levado as suas palestras e livros a diversos eventos e recentemente tem participado em eventos no Ribatejo, destacando que cada visita à região lhe traz algo especial. “Gosto muito desta região, das pessoas e da alma que se sente aqui”, afirma o autor a O MIRANTE, realçando que estar presente nestes encontros permite partilhar experiências e ajudar a mostrar às pessoas que mesmo em contextos complexos e difíceis é possível encontrar momentos de alegria.
Apesar de não vir muitas vezes à região, sempre que vem considera uma oportunidade para sentir o calor humano e a energia das pessoas do Ribatejo. “Regresso sempre a casa cheio de motivação. O que me traz são as pessoas e isso é o que mais me interessa”, sublinha, reforçando a importância de cuidar da vida e de valorizar cada momento, salientando que estas visitas permitem não só partilhar a sua perspectiva da vida, mas também ouvir o público e aprender com ele.


