Quando a leitura ajuda a melhorar a saúde e o bem-estar
Carla Nobre é licenciada em Relações Internacionais, dedicando-se em exclusivo à biblioterapia desde 2015. O MIRANTE aproveitou a visita da autora à Biblioteca Municipal de Ourém para conhecer a sua história. Sessão sobre biblioterapia decorreu no âmbito do Dia Mundial da Saúde Mental.
A biblioterapia é uma técnica terapêutica que utiliza a leitura de livros, ou outros textos, como ferramenta para promover o bem-estar emocional, o crescimento pessoal e a resolução de problemas. Carla Nobre, 52 anos, é biblioterapeuta e esteve na Biblioteca Municipal de Ourém numa sessão que pretendeu assinalar o Dia Mundial da Saúde Mental. Licenciada em Relações Internacionais pela Universidade de Lisboa, dedica-se em exclusivo à biblioterapia de desenvolvimento como profissional independente desde 2016. O MIRANTE acompanhou a sessão e aproveitou para conversar com a profissional.
Carla Nobre refere que a biblioterapia é um método que explora a relação dos leitores com as histórias, ao nível emocional e psicológico. “A partir daí procuramos pôr em marcha o potencial transformador dessas histórias com o grande objectivo de cuidar da saúde de qualquer pessoa e contribuir para o seu bem-estar”, explica. A autora conta que descobriu a biblioterapia quando trabalhava numa livraria. Ao folhear um livro em inglês encontrou a palavra, começou a pesquisar sobre o método e descobriu um mundo que desconhecia. Pensou que um dia poderia ser biblioterapeuta, nunca esqueceu a ideia até que optou em 2015 por deixar o emprego que tinha, com o objectivo de se dedicar à biblioterapia a tempo inteiro. Como não existem formações de biblioterapia em Portugal, procurou alternativas, leu artigos e dissertações de mestrado e ainda fez uma certificação internacional.
Realça que o método biblioterapêutico explora vários momentos até que a pessoa alcance o estado de bem-estar e equilíbrio. Os momentos são a identificação, a introspecção e, por fim, a catarse. Actualmente, Carla Nobre acompanha pessoas principalmente em contexto hospitalar, indo também a escolas fazer actividades de biblioterapia com turmas. Soma já alguns casos de sucesso, como um paciente que sofria de quadros de ansiedade e que viu na biblioterapia um veículo de apaziguamento. “Acompanhei essa pessoa durante alguns meses, ela percebeu muito bem como funciona a biblioterapia e hoje está completamente autónoma na escolha das suas leituras em função da ansiedade”, diz.
Os livros também já ajudaram Carla Nobre em momentos delicados da sua vida. A biblioterapeuta recorda que o momento mais difícil foi quando esteve internada no hospital durante alguns meses, numa altura em que estava longe de descobrir a biblioterapia. “Os livros ajudaram-me a passar o tempo e foram uma fonte de evasão. Entrando dentro das histórias esquecia a minha doença e que estava no hospital”, explica. Enfrentou uma leucemia há 21 anos, num processo moroso de recuperação que demorou nove meses. A biblioterapeuta é solteira e mora em Matosinhos.
Público pede regresso a Ourém
A sessão decorreu na Biblioteca Municipal de Ourém e contou com sala cheia. Carla Nobre diz que nunca tinha vindo a Ourém, mas garante que gostou muito. “Correu muito bem, o público estava muito interessado, pediram-me para voltar”, destacou com um sorriso no rosto. Durante a sessão foram também apresentados alguns livros escritos pela biblioterapeuta.


