Cultura | 21-11-2025 12:04

Festival de Filosofia em Abrantes destaca poder da palavra para combater populismo e ódios de estimação

Festival de Filosofia em Abrantes destaca poder da palavra para combater populismo e ódios de estimação

Manuel Valamatos discursou na abertura do Festival de Filosofia de Abrantes, que tem no seu programa um conjunto de ilustres convidados, como José Gil, Anabela Mota Ribeiro, Maria Flor Pedroso ou Carlos Fiolhais, entre outros.

O presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, destacou na sessão inaugural do Festival de Filosofia de Abrantes a presença do professor José Gil, ensaísta, filósofo e um dos grandes pensadores da actualidade, que ao longo da vida tem insistido no desafio de pensar e de fazer pensar. Para Manuel Valamatos, a realização do festival é uma boa forma de combater “o populismo”. “Numa altura em que o populismo se apresenta como defensor da razão e explora medos, ressentimentos e ódios, o poder das palavras torna-se ainda mais decisivo”, acrescentou.
O vereador da Cultura do município, por sua vez, em declarações à Lusa, disse que o festival permite “convocar toda a comunidade à reflexão crítica, envolvendo jovens e cidadãos de todas as idades”. “Esta ideia de pensar, de tentar pensar numa praça aberta para agir e transformar é o modo verdadeiro do tema deste ano, tendo como bandeira o poder da palavra e a importância da palavra nos dias de fragmentação de princípios e de valores que vivemos hoje”, disse Luís Dias.
As conferências e debates têm entrada livre e decorrem na Biblioteca Municipal António Botto. O festival encerra a 22 de Novembro, às 21h30, com o espectáculo “Mulheres Poema”, interpretado por Maria Caetano Villalobos e acompanhada por Rute Rocha Ferreira. Nos outros dias do festival há várias sessões de conversa/debate com a presença de ilustres convidados como Anabela Mota Ribeiro, Maria Flor Pedroso, Carlos Fiolhais, José Gil, entre outros.
O filósofo e ensaísta José Gil alertou para o poder “hipnótico” da palavra e para a sua capacidade de capturar massas, um fenómeno que considera estar na origem de algumas das maiores ameaças às democracias contemporâneas. O pensador sublinhou que não é a lógica nem o conteúdo racional dos discursos que mais influenciam o debate público, mas a “força irracional e contagiante” da própria enunciação, intensificada nos ambientes políticos e mediáticos actuais. José Gil, considerado um dos mais influentes filósofos portugueses contemporâneos — ensaísta, professor jubilado e autor de obras como Portugal, Hoje ou Acentos — foi o orador principal e homenageado desta edição. O filósofo alertou ainda para o papel das redes sociais como “máquinas de amplificação” que alteraram profundamente o poder da palavra no século XXI. “O líder já não é apenas aquele que fala num púlpito. São milhões de utilizadores que, ao repetirem discursos de sedução, de ódio ou de medo, tornam a hipnose constante”, afirmou.

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