Cultura | 26-11-2025 10:00

Imigrantes participam em espectáculo no Sá da Bandeira que cruza histórias, teatro e música

Imigrantes participam em espectáculo no Sá da Bandeira que cruza histórias, teatro e música

Depois de Viseu, “Anoitecer” será apresentado em Santarém, Carregal do Sal, Águeda, Ílhavo e Vale de Cambra.

Imigrantes do Brasil, Irão, Argélia, China, Espanha, Ucrânia e Venezuela participam num “lugar-espetáculo” que cruza histórias, culturas e línguas com o teatro e a música. O espectáculo "Anoitecer" vai estrear no Teatro Sá da Bandeira, em Santarém, no dia 17 de Janeiro de 2026. “Anoitecer” também um “ponto de encontro de sete intérpretes profissionais com sete pessoas da comunidade” naturais de países estrangeiros, explicou o encenador Graeme Pulleyn.
Criado pela Cem Palcos e pela banda Bela Noia, “Anoitecer” teve ante-estreia na Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT). O texto, da autoria de Hanneke Paauwe, escrito a partir de conversas com mulheres, homens e crianças de vários países que vivem em Portugal, “é adaptado em cada sítio com o elenco local”, explicou Graeme Pulleyn. Durante o espectáculo, serão dadas a conhecer as histórias dos intérpretes, como a de Anna Chekhova, que nasceu e viveu toda a vida em Kiev (Ucrânia). “É muito assustador ouvir o som das bombas passando por cima da cabeça. É muito doloroso ver a morte e a destruição. E é terrível viver com a sensação de que a próxima noite pode ser a sua última, porque ninguém sabe onde vai cair o próximo míssil. O meu maior desejo é viver em paz”, contou. Já Hao Zhang trocou a China por Portugal para possibilitar à sua filha aprender “o que realmente ama”. “Aqui, tudo é diferente. Menos a lua. Há um verso chinês que diz: 'olhamos a lua, e a saudade de casa aperta'. Mas nós ainda não sabemos onde é o nosso lugar”, admitiu.
Apesar de cada intérprete ter uma realidade de vida diferente, durante o espectáculo são apresentadas dez palavras escolhidas por todos, entre as quais paz, saudade, família, mudança, criança e comida. A venezuelana Karina Rosa, de 67 anos, cinco dos quais a viver em Viseu, explicou que a escolha da palavra ‘criança’ está relacionada com a preocupação que tem relativamente ao futuro dos seus netos e a da palavra ‘comida’ com o facto de ser algo que às vezes falta. “Tenho irmãos no meu país que às vezes não têm o que comer”, contou.
Graeme Pulleyn justificou que o nome do espectáculo “é o anoitecer da canção de embalar, das declarações de amor e da zona do sonho entre estar acordado e estar a dormir, quando as ideias fluem e tudo é meio caótico”, e em que se “vivem os pesadelos, mas também os momentos de inspiração”.

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