Cultura | 07-12-2025 07:00

Novas instalações revigoraram a Associação Musical de Cabanas de Torres

Novas instalações revigoraram a Associação Musical de Cabanas de Torres
Mariana Vicente e Francisco Miguel integram a banda da AMCT há mais de uma década - foto O MIRANTE

A Associação Musical de Cabanas de Torres tem sido, desde 2011, um dos motores culturais do concelho de Alenquer. A mudança para o edifício renovado da antiga escola primária trouxe novas condições, mais alunos e projectos em crescimento. Entre ensaios intergeracionais, repertórios pensados ao detalhe e actividades que vão além da música, a AMCT consolida o seu papel de referência junto da população.

No sopé da montanha, às portas da Serra de Montejunto, está em actividade desde 2011 a Associação Musical de Cabanas de Torres (AMCT). Este ano, a escola de música, a orquestra sinfónica juvenil, a banda filarmónica, a AMCT Ensemble e Lucky Lassie Ensemble passaram finalmente para o edifício da antiga escola primária de Cabanas de Torres, que recebeu obras, decorrentes do Orçamento Participativo do Município de Alenquer de 2015, ou seja, há uma década. “As obras neste edifício vieram em boa altura, sempre acreditámos que iam avançar, até porque com a pandemia acabámos por sofrer, já que perdemos contacto com algumas pessoas. Isto veio dar-nos força”, disse Ricardo Silva, presidente da direcção da AMCT.
Cabanas de Torres é a única freguesia do concelho de Alenquer com duas bandas filarmónicas. As maiores dificuldades, conta Ricardo Silva, são a falta de recursos humanos e de apoios monetários e ter mais tempo disponível após as actividades laborais de cada um. O dirigente refere que a população valoriza e reconhece o papel da associação. E prova disso foi o último Encontro de Bandas Filarmónicas do concelho de Alenquer em que a AMCT foi anfitriã do evento anual.

Banda Filarmónica aposta na inovação do repertório
A banda filarmónica da AMCT é dirigida pelo maestro Luís Ferreira, desde a sua fundação. O repertório musical é todo pensado ao pormenor, tendo em conta os instrumentos que podem enriquecer a tímbrica e uma quantidade de melodias ao mesmo tempo. Os temas e a forma de os apresentar ao público têm de ser inovadores no timbre, na forma de estar, na criatividade, nos batimentos, explica o maestro, para que a música “não caia numa tuna”.
Os ensaios são às sextas-feiras à noite e misturam alunos de várias idades. No total são cerca de 40 elementos, mas é difícil ter todos presentes ao mesmo tempo. Durante a semana, os professores e o maestro trabalham as músicas de câmara para que depois se juntem as secções e se possa trabalhar em conjunto. “O que acontece, felizmente, neste grupo, desde a sua existência, é que os mais novos, mesmo da escola de música, aos poucos são integrados com os mais velhos. Os problemas que são do grupo são também discutidos em grupo, e isso ajuda a integrar e a motivá-los”, diz Luís Ferreira.

Músicos bem preparados e ambiente familiar
Desde os seis anos que Francisco Miguel, 20 anos, está na associação. Começou por aprender a tocar violino, mas não se deu bem e começou a tocar trompa. O objectivo era entrar para a banda filarmónica, conseguiu e hoje é um dos músicos do grupo. “Tudo o que sei de música foi aqui que aprendi. Olhando para trás, tenho pena de não ter entrado no conservatório, mas sinto que, com a formação musical que tive aqui, estou bastante bem preparado. Mas, sem dúvida, o que aprendi mais foi fora da música. Nós temos aqui um espírito muito familiar, unido, e eu acho muito giro a dinâmica que nós temos nas diferentes idades. É muito saudável”, conta.
A tirar a licenciatura em Estudos Europeus, na Faculdade de Letras, mantém os amigos na aldeia que diz ser “pequenina e esquecida no meio da serra”, mas que consegue ser dinâmica com a AMCT como motor de desenvolvimento. Mariana Vicente, 29 anos, é administrativa numa oficina e toca percussão há uma década. Sempre gostou de bateria e foi convencida pelo maestro Luís Ferreira para integrar o colectivo. “Não queria vir porque achava que não fazia sentido passar a vida a fazer procissões, até porque não sou muito católica, mas quando comecei a vir aos ensaios percebi que queria fazer parte. O mais difícil é tocar vários instrumentos ao mesmo tempo, parece um caos, mas depois sabe bem o esforço quando alcançamos resultados”, sublinha. Para além da AMCT, Mariana Vicente toca, quando é solicitada, na Banda Filarmónica do Cadaval e faz parte de um grupo de cantares.

Espaço renovado impulsiona novas dinâmicas

Com cerca de 150 sócios, o edifício da AMCT, agora renovado, está aberto para o ensino da música, ensaios e actividades regulares. Recentemente abriu uma turma de pilates e, em breve, devem começar as aulas de coro e actividades desportivas, mediante a procura. Apesar de satisfeito com o novo espaço, Ricardo Silva acredita que ainda há margem para continuar a melhorar. A ambição da direcção é pavimentar o exterior, que é essencial como parque de estacionamento, mas que pode ser palco de concertos e outras actividades. A direcção da associação é ainda composta por Sandra Silva, tesoureira, e Rafael Franco, secretário, além de Ricardo Silva, que toca clarinete desde os oito anos.

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