Terapia do riso ganhou uma nova dimensão em Abrantes pela mão de Ana Isabel Soares
O Clube do Riso de Abrantes nasceu de um sonho cultivado durante anos por Ana Isabel Soares, que decidiu devolver à sua cidade aquilo que sente ter recebido da vida: espaço para respirar, acolhimento e, sobretudo, a oportunidade de rir com o coração aberto.
No Centro Cívico de Alferrarede há um dia por mês onde se cultivam as gargalhadas, palmas ritmadas, respirações profundas e olhares cúmplices. Quem passa à porta pode estranhar, mas quem tem coragem de entrar sai sempre mais leve. É ali que funciona o Clube do Riso de Abrantes, coordenado por Ana Isabel Soares, abrantina de alma e coração, que encontrou no Yoga do Riso a ferramenta para unir bem-estar, comunidade e simplicidade.
Filha de comerciantes, Ana Isabel cresceu entre a cidade e o restaurante dos pais, em Abrantes, onde trabalhou desde os 14 anos. Diz que sempre aprendeu mais pela prática do que pelos livros e que a curiosidade de compreender as pessoas foi guiando os seus passos. A vida levou-a por outras áreas, dificuldades, estudos feitos ao ritmo possível e trabalho intenso, mas o desejo de se dedicar ao bem-estar e ao desenvolvimento humano nunca a abandonou. Quando encontrou o Yoga do Riso, percebeu que aquela prática tinha em si algo que encaixava com o que sempre procurou.
Percebeu que o riso tinha algo especial, era simples, acessível e transformador. Fez, então, várias formações com profissionais que descreve como importantes no seu percurso: “aprendi com a Kyra Abreu, com a Sabrina Tacconi, com o Sandro Lobo… Foram pessoas que me marcaram e que contribuíram para o que sou hoje”, disse. Refere igualmente e lembra com carinho o apoio da Associação Colourfuland, de Coimbra, onde encontrou orientação e companheirismo. Hoje a parceria estrutural do projecto é apenas com o Centro Cívico de Alferrarede, onde encontrou portas abertas e apoio desde o primeiro dia. Fala com especial apreço de Margarida, responsável que a acolheu sem hesitações.
As sessões no Clube do Riso de Abrantes são gratuitas e abertas a todas as idades. Há quem participe activamente, quem prefira apenas observar e quem venha à procura de companhia. “Mesmo que alguém fique sentado o tempo todo, já está a receber. Aqui todos têm lugar”, afirma a coordenadora, que insiste que o clube não tem exigências nem barreiras. O objectivo é oferecer uma hora de pausa e de encontro humano, num ambiente onde não há julgamentos e onde cada um é livre de rir ao seu ritmo.
Ana Isabel Soares explica que o Yoga do Riso não depende de humor ou de piadas; é um método criado em 1995 pelo médico indiano Madan Kataria, baseado na ideia de que o corpo não distingue riso verdadeiro de riso induzido. Aos poucos, a simulação transforma-se em riso genuíno, que mexe com o diafragma e estimula a libertação de endorfinas, explica. Sublinha que para ter efeito terapêutico “temos de rir pelo menos 10 a 15 minutos”. Os benefícios não são apenas físicos; são emocionais, sociais e até espirituais. Há participantes que chegam sozinhos e acabam por criar amizades, há quem venha por curiosidade, por necessidade e quem apareça apenas porque ouviu falar.
Ana Isabel pretende que o projecto cresça de forma natural e sustentável, está também a preparar o relançamento do clube online “Risokas”, para que quem não pode deslocar-se tenha acesso a sessões de diferentes durações, desde os 10 minutos até práticas completas, e quer também aumentar o número de encontros em Abrantes e, quando for possível, alargar para outras freguesias. Apesar de tudo o que já construiu, Ana Isabel guarda ainda um sonho: ter um espaço próprio na cidade onde possa integrar todas as áreas onde trabalha, que vão desde o riso à numerologia, passando por práticas energéticas, massagens e outras ferramentas de equilíbrio. “Gostava de poder dizer: esta é a casa do Clube do Riso de Abrantes”, termina.
Até que esse dia chegue, continuará a abrir as portas do Centro Cívico com a mesma disposição com que iniciou o projeto: vontade de ajudar, abertura ao outro e a certeza de que o riso pode transformar. “Venham sem medo, sem expectativas. Venham ver, sentir, respirar. Se fizer sentido, voltem. Se não fizer, levam na mesma um bocadinho de bem-estar para casa”. Sorri enquanto o diz: “eu estarei sempre aqui para acolher, com o coração cheio e o riso pronto a começar”.


