Cultura | 09-12-2025 21:00

Festival da Couve de Valhascos voltou a pôr no mapa a aldeia do concelho do Sardoal

Festival da Couve de Valhascos voltou a pôr no mapa a aldeia do concelho do Sardoal
César Marques e José Fernandes - foto O MIRANTE

Evento contou com muita animação e a inauguração informal do novo mural da Associação Cultural e Desportiva de Valhascos, dedicado à couve típica da localidade.

A quinta edição do Festival da Couve, em Valhascos, manteve o foco na valorização deste produto único daquela freguesia do Sardoal, ao mesmo tempo que procurou consolidar o formato dos últimos anos. Contudo, apesar do crescimento constante do evento, os dirigentes admitem que continua a ser um desafio cativar a população da própria aldeia para participar no certame.
A edição deste ano, que decorreu de 22 a 23 de Novembro, voltou a seguir os moldes tradicionais e teve como novidade a inauguração informal do mural criado através do Orçamento Participativo do Sardoal, onde a couve surge como imagem de marca da aldeia. Conhecida pelas folhas largas que podem chegar aos 50 centímetros e pelo repolho compacto, a couve de Valhascos distingue-se pelo sabor mais adocicado e pela textura suculenta. Características que segundo o vice-presidente da Associação Cultural e Desportiva de Valhascos, César Marques, resultam do microclima e dos solos férteis da freguesia, que conferem à hortícola um perfil único na região.
O protagonismo da couve voltou também à mesa do já habitual jantar do festival, confeccionado por José Fernandes, cozinheiro de 74 anos que há anos dá sabor às festas da aldeia e que destaca também a singularidade da couve. Na véspera do evento, enquanto organizava a cozinha, José Fernandes explicou a O MIRANTE que “a couve de Valhascos é diferente das outras, tem um propósito e um sabor totalmente distinto”. Para o cozinheiro, preparar cada prato é um acto de rigor e respeito, que deve ser feito “a partir da raiz, como quem constrói uma casa”. É dessa filosofia que nasce a simplicidade que considera essencial para um bom prato e que por isso mantém, ano após ano, a mesma ementa que se tornou um dos grandes momentos do festival: entradas com enchidos, queijos, azeitonas e pão caseiro, sopa de feijão com couve e como prato principal, bacalhau cozido em azeite, servido com couve estufada e batata cozida, terminando a noite com uma sobremesa e um típico “café da brasa”, acompanhado por sonhos preparados na aldeia.

Desafios de cativar a população
Apesar da evolução do certame, César Marques reconhece que ainda há muito por fazer, sobretudo no que toca a envolver mais habitantes. Actualmente participam no festival sete a oito produtores, quase todos agricultores de subsistência, o que dificulta a criação de um grupo organizado capaz de plantar de forma coordenada e seguir as mesmas normas. Ainda assim, a associação quer avançar para a certificação da marca “Couve de Valhascos”, um processo que, segundo o dirigente, tem sido demorado e exige maior alinhamento entre produtores. “Cada agricultor planta à sua maneira, de acordo com os hábitos que sempre teve. Para termos uma produção estável, teriam todos de plantar nas mesmas semanas, e isso é complicado quando falamos de pessoas já mais velhas”, sublinha. Outro desafio tem sido a adesão do próprio território, com César Marques a reconhecer que o festival desperta mais curiosidade fora de Valhascos do que dentro da aldeia. “As pessoas daqui parecem ter menos interesse. Talvez por comerem esta couve todos os anos”, afirma. Ainda assim, sublinha que o apoio à associação continua a existir.
Para 2026, o vice-presidente da colectividade adianta ainda que quer tornar o festival mais ambicioso, envolvendo restaurantes do concelho numa semana gastronómica dedicada à couve e acrescentando novas iniciativas que ajudem a reforçar a identidade e a notoriedade do produto.

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