Cultura | 14-12-2025 07:00
Tomar cria cátedra pioneira em Arqueologia Rupestre e reforça projecção internacional de Mação
Politécnico de Tomar reforça o papel de Mação como polo de investigação em arte rupestre, promovendo cooperação internacional e colocando Portugal na vanguarda europeia da arqueologia rupestre.
O Instituto Politécnico de Tomar (IPT) lançou em Mação a primeira Cátedra de Arqueologia Rupestre da Europa, iniciativa pioneira que visa consolidar a disciplina, desenvolver infraestruturas de investigação de excelência e criar programas académicos inovadores com projecção internacional. Falando à Lusa, a coordenadora da cátedra, a arqueóloga Sara Garcês, explicou que o programa “é inovador e a primeira a nível nacional e europeu” e acrescentou que pretende consolidar “a arte rupestre como uma subdisciplina séria, estruturada, da arqueologia”, reunindo investigação, formação e divulgação. “Neste momento temos todas as ferramentas para construir um programa sólido e extremamente dedicado aos estudos da arte rupestre. É um culminar de um processo de 25 anos, desde a descoberta da primeira gravura de arte paleolítica em Mação”.
Segundo a responsável, a cátedra adopta uma abordagem holística, integrando investigação arqueológica, humanística, científica e tecnológica. “A Arqueologia Rupestre deve ir além da simples descrição iconográfica, combinando documentação de campo, análises arqueométricas, conservação, tecnologias digitais avançadas e interpretação contextual. Só assim é possível compreender os sítios em termos históricos, simbólicos e patrimoniais, reforçando a ligação entre comunidade, território e memória”, destacou Garcês. O programa da cátedra estrutura-se em três eixos: científico-tecnológico, pedagógico e de transferência de conhecimento. No eixo científico-tecnológico serão exploradas metodologias multidisciplinares, incluindo documentação 3D, inteligência artificial, análises laboratoriais e repositórios digitais de dados. O eixo pedagógico prevê cursos de pós-graduação, microcredenciações especializadas e programas de formação inovadores, promovendo a transição entre academia e prática profissional. Já o eixo de transferência de conhecimento contempla a produção de manuais técnicos, protocolos padronizados de referência internacional, organização de colóquios e disseminação científica.
O professor Luiz Oosterbeek, coordenador no IPT, salientou à Lusa que a criação da cátedra “é o reconhecimento por parte da Fundação para a Ciência e Tecnologia, através do Centro de Geociências, de que se construiu aqui um centro que hoje trabalha em vários continentes”. O docente sublinhou ainda que “Mação possui algumas das mais avançadas metodologias técnico-científicas para o estudo da arte rupestre, do tratamento digital de imagens ao uso de inteligência artificial”. O lançamento decorreu no auditório do Centro Cultural de Mação, enquadrado no ‘workshop’ TupART e na Assembleia Geral da Associação Caminhos da Arte Rupestre Pré-histórica (CARP), coincidindo com o 25.º aniversário da descoberta do “Cavalo do Ocreza”, uma gravura paleolítica com mais de 20 mil anos. “Este é também um momento de consolidação de uma rede que ajudámos a criar, com 15 anos, dos caminhos de arte rupestre do Conselho da Europa, e de reconhecimento do investimento científico que o IPT tem feito nestes anos. Estratégias em cultura e educação demoram tempo, e hoje temos essa realidade consolidada, com a comunidade e as instituições ao lado do projeto”, disse Luís Oosterbeek.
A cátedra terá sede em Mação, no Instituto Terra e Memória, e articula-se com o Centro de Geociências do IPT. Segundo Sara Garcês, “é um programa estruturado para criar protocolos duradouros para trabalhar com a arte rupestre, consolidando metodologias e terminologias e estruturando a disciplina como área de excelência”.
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