Patinagem de velocidade em Alpiarça é única na região
Quinze jovens praticam modalidade que chegou à vila através de um professor açoriano.
Capacetes colocados, joelheiras e cotoveleiras bem apertadas e o elemento fundamental: patins em linha calçados. São neste momento 15 os alunos, com idades entre os cinco e os 15 anos, que dão vida à Secção de Patinagem de Velocidade, a única em todo o Ribatejo, inscrita na Federação Portuguesa de Patinagem e com filiação na Associação de Patinagem do Ribatejo. Os jovens orgulham-se de serem os únicos a representar a região nesta modalidade ainda desconhecida para muitos. A proposta de Lívio Medeiros, treinador da secção, foi bem acolhida quando, em 2015, foi apresentada à direcção da Sociedade Filarmónica Alpiarcense 1º de Dezembro e, desde então, tem aumentado o número de interessados.
Técnica, velocidade e resistência são as capacidades que os atletas têm que ganhar se quiserem ir longe nesta disciplina. E muitos são os que levam os treinos a sério. É o caso de Guilherme Marques que pensa já em altos voos. O jovem confessou à reportagem de O MIRANTE que adorava chegar ao topo nesse desporto. Com apenas 12 anos, não faz a coisa por menos e diz mesmo que ser campeão nacional de patinagem de velocidade era um sonho.
Ana Teresa Marques, com a mesma idade, também não esconde a sua ambição. “Estou cá desde que iniciaram os treinos. Estou a gostar muito e até nem sabia muito bem o que era esta modalidade, mas estou a aprender, já estou na fase de pré-competição e ir a campeonatos agrada-me muito”, disse durante a tarde de treinos a que O MIRANTE assistiu.
Os treinos decorrem todos os dias entre as 18h00 e as 21h00, no pavilhão da Alpiagra, cedido pela Câmara de Alpiarça. Além deste espaço existe ainda outro disponível na Escola EB 1 JI de Alpiarça. O espaço não é o suficiente, pois as dimensões são reduzidas para uma modalidade que exige velocidade e, por isso, liberdade de movimentos. “Não consigo puxar a 100% por eles porque se o fizer vão contra a parede quando dão a volta”, explica Lívio Medeiros.
A modalidade não é, inicialmente, dispendiosa, uma vez que a mensalidade é de 15 euros e a secção assume a inscrição na federação. Mas, à medida que os jovens progridem, pode custar caro. Em média, uns patins em linha razoáveis podem custar 400 euros e um conjunto de rodas razoável 80 euros.
A secção de patinagem de competição é composta neste momento por oito alunos em aprendizagem e sete em pré-competição. “Ainda não temos tempo suficiente para ter alunos de competição. Temos ido a campeonatos nacionais e internacionais mas apenas para eles conviverem com outros miúdos praticantes, nada muito a sério ainda”, esclarece o treinador.
No entanto, o objectivo é evoluir nesse sentido. A secção está à procura de patrocinadores, pois subsiste apenas com o apoio dos pais. “Não pedimos muito. Aquilo que gostaríamos era de ter alguém que nos pudesse ajudar financeiramente para termos o equipamento, fatos de treino de licra, pois eles treinam com roupas próprias. Isso faz muita diferença até quando vamos para fora representar a região”, refere Lívio Medeiros.
Bem atentos aos treinos estão os pais. Para alguns esta modalidade foi uma surpresa que encararam muito bem, aliás há questões de saúde que têm sido ultrapassadas com a ajuda da prática desta modalidade. Catarina Custódio é exemplo disso. Uma das mais pequenas a frequentar as aulas de aprendizagem. Iniciou-se na modalidade pelo gosto de patinar e há um ano que lá anda. Os problemas de alergias e de saúde que sofre tiveram um retrocesso. Isso mesmo confirma a mãe de Catarina, Teresa Henriques. “Queríamos que ela praticasse um desporto por causa dos problemas de saúde que tem e juntámos o útil ao agradável. Ela adora a modalidade e, acima de tudo, os problemas de saúde têm diminuído”.
O professor açoriano que trouxe a modalidade ao Ribatejo
Lívio Medeiros é o treinador da Secção de Patinagem de Velocidade. Veio dos Açores para Lisboa tirar o curso de Educação Física na Universidade Lusófona. Em 2009 instalou-se em Alpiarça, onde foi colocado para leccionar. Neste momento, dá aulas no Agrupamento de Escolas de Almeirim. Nas escolas por onde passou colocava sempre no plano de actividades a patinagem em velocidade, modalidade que sentiu que agradava muito aos alunos. Decidiu levar essa actividade para fora do âmbito escolar e associou-se à Filarmónica Alpiarcense 1º de Dezembro onde obteve apoio e criou a Secção de Patinagem de Velocidade, em 2015.
Nessa altura o apoio de Vasco Pimenta Aguiar, dirigente associativo daquela colectividade, falecido no ano passado, foi crucial. “Começamos a trabalhar os dois mas infelizmente essa pessoa já não está entre nós. Deu-me muita força e é tão responsável quanto eu na criação desta modalidade que representa todo o Ribatejo”, contou Lívio Medeiros.