Desporto | 24-12-2019 18:00

Um treinador ribatejano nas arábias

Um treinador ribatejano nas arábias

Sérgio Vieira, 35 anos, emigrou de Santarém para os Emirados Árabes Unidos em Agosto de 2018 para treinar a equipa de futebol sub-19 do Sharjah FC. A adaptação foi fácil e as saudades matam-se pela internet.

Depois de orientar equipas de futebol dos escalões de formação da Académica de Santarém, União de Almeirim, Coruchense, União de Leiria e Spanish Soccer School, de Michel Salgado (Espanha), Sérgio Vieira, 35 anos, lançou-se num desafio profissional nas arábias: treinar uma equipa de sub-19 nos Emirados Árabes Unidos. A resposta foi positiva e o jovem, natural de Santarém, fez as malas em Agosto de 2018, partindo à aventura.

“Vim passar umas férias com a minha esposa aos Emirados Árabes Unidos e acabei por gostar do país. Foi quando comecei a procurar soluções para vir trabalhar para cá”, confessou o técnico, revelando que foi bem acolhido e contou com o apoio dos cunhados, Luís e Ana, que foram essenciais nos primeiros dias em terras árabes. Apesar do trânsito caótico e a disposição das avenidas não ter caído no goto pela confusão que causa aos condutores, os problemas de comunicação são diminutos, pois toda a gente sabe falar inglês.

A treinar a equipa sub-19 do Sharjah FC desde Julho deste ano, Sérgio Vieira conta que o seu dia começa cedo, pelas 07h30 da manhã. Toma o pequeno-almoço, vai beber o café com a esposa e segue para o gabinete de trabalho. Pelas 13h00 vai almoçar a casa e, pelas 16h30, volta ao gabinete para reunir com o resto da equipa técnica. O treino com os jogadores decorre pelas 18h00, depois da temperatura baixar, chegando a casa só pelas 20h00.

Sérgio Vieira conta que existem grandes diferenças entre os Emirados Árabes Unidos e Portugal. Desde logo, a temperatura que é muito mais elevada. Contingência a que o treinador de futebol se adaptou facilmente pelo gosto que tem por esse clima. Outras diferenças estão na modernidade e na segurança do país, o que permite andar nas ruas mais descontraidamente do que em Portugal. Mas também têm pontos comuns como a imensa riqueza cultural.

“No futebol árabe é impensável qualquer distúrbio”

A dificuldade em encontrar ingredientes para fazer pratos portugueses fez com que depressa se tenham adaptado à gastronomia local. “Normalmente cozinhamos pouco, mas quando o fazemos é quase sempre comida local. A comida portuguesa é mais quando alguma visita nos brinda com bacalhau de Portugal”, explica Sérgio Vieira.

O treinador escalabitano desloca-se pelo país apenas quando é necessário devido ao calendário de jogos apertado. Diz que do que sente mais saudades de Portugal é da família e dos amigos. Felizmente, adianta, vive-se numa Era em que a tecnologia ajuda imenso a encurtar distâncias, graças às vídeo-chamadas. Além disso, existe também uma aplicação da Federação Árabe que permite ao seu pai e ao seu sogro seguirem os jogos ao segundo da equipa de futebol que treina.

Segundo Sérgio Vieira os treinadores de futebol nos Emirados Árabes Unidos têm mais trabalho e mais exigência do que em Portugal, mas também há muito mais valorização da profissão. “Eles estão a apostar cada vez mais na formação de jogadores locais e, com a estrutura profissional que possuem, não tenho dúvidas que vão chegar longe”, afirma. Refere que os adeptos árabes apresentam maior respeito pelas regras quando assistem aos jogos de futebol do que os portugueses. “No futebol árabe é impensável qualquer distúrbio e quando são dirigidas palavras para os jogadores e treinadores são sempre de incentivo”, confessou.

Sérgio Vieira admite que não está fora de questão regressar a Portugal, mas enquanto se sentir realizado nos Emirados Árabes Unidos vai-se mantendo por lá. É que, revela, “o futebol nas árabias começa a competir em qualidade com o futebol europeu”.

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