Desporto | 04-08-2021 15:00

Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós

1 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós
2 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós
3 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós
4 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós
5 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós
6 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós
7 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós
8 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós
9 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós
10 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós
11 / 11
Jovens tentam travar saída de sangue novo em Vale das Mós

São jovens e estão habituados a percorrer quilómetros para chegar onde é preciso para abastecer o carro ou a despensa. Querem continuar a viver na terra onde nasceram e todos os dias lutam para tornar a aldeia do concelho de Abrantes mais dinâmica e atractiva.

No sul do concelho de Abrantes, já no limite do distrito de Santarém com o de Portalegre, Vale das Mós é um paraíso escondido entre paisagens verdejantes e estradas onde não passa quase ninguém. O Café Central é o refúgio dos mais velhos; as piscinas o oásis para os poucos jovens que habitam a aldeia que foi sede de freguesia até 2013. Muitos partiram há anos, atrás de uma vida melhor. Os que ficaram insistem em lutar contra o êxodo de sangue novo. É o caso dos 22 jovens que integram a Associação Juvenil de Vale das Mós - Cem Rumos.

“Lutamos para que a nossa terra continue no mapa, para que os pouco mais de 500 habitantes sejam felizes aqui”, diz Tiago Ricardo, de 19 anos, presidente da associação. Passa pouco das nove e meia da manhã e as ruas de Vale das Mós estão desertas. É na escola primária, encerrada há anos, que, guiados por Tiago Ricardo, encontramos a juventude à volta de uma mesa de ping-pong e um grupo de senhoras a cozer pão num forno a lenha.

Por esta altura a aldeia enchia-se de gente para o Vale das Mós Summer Fest, um festival organizado pela Cem Rumos, onde não faltava música, diversão e gastronomia. A pandemia roubou-lhes o momento alto do Verão, mas nem por isso a festa deixou de se fazer. “Decidimos não ficar parados e dar às pessoas uma parte do ambiente da festa, ao almoço e ao jantar”, diz Tiago Ricardo, explicando que é por isso que há jovens com os seus pais, mães e avós a cozer pão, a assar frangos e a fritar filhós.

À volta do alguidar de massa do doce tradicional, Andreia Guerreiro é uma das ajudantes voluntárias na confecção do almoço que vai ser entregue às famílias da aldeia. “São estes jovens que têm puxado por Vale das Mós, para que estas festas não acabem”, diz, referindo-se também às festas anuais - adiadas pela pandemia - que se realizavam em Agosto.

Políticos insistem em deixar morrer o interior

Apesar de a população ser cada vez menos os jovens garantem que é na aldeia que gostam de estar, especialmente no Verão, porque podem passar os dias na piscina ao ar livre, em funcionamento desde 1997. O problema maior surge quando atingem a idade adulta e têm que arranjar trabalho. “A maior parte das pessoas continua a viver da agricultura, das lenhas, tiradas da cortiça e pecuária”, explica Miguel Dias, de 27 anos, que reclama da falta de oportunidades de trabalho, que não sejam sazonais. O lar de idosos que está a ser construído é por aquelas bandas visto como uma oportunidade para empregar e ajudar a fixar jovens.

“Portugal é mais do que Lisboa e Porto, mas os municípios e o Governo insistem em deixar morrer o interior deste país”, alerta Miguel Dias, um dos mais velhos da associação, antes de explicar que o posto de combustíveis e o multibanco mais próximos ficam a cerca de nove quilómetros, na freguesia da Bemposta. É também para lá, ou para São Facundo, que têm de se deslocar sempre que é preciso abastecer a despensa. “Cá temos um café, uma pastelaria e um restaurante”, enumera.

Tirar a juventude dos maus caminhos

A Associação Cem Rumos nasceu a 29 de Novembro de 2000 com um objectivo muito claro: reduzir os níveis de consumo de droga entre os jovens da aldeia, problema que estava identificado e precisava de uma solução urgente. Sem distracções, nomeadamente nocturnas, era frequente “cair-se no mau caminho”, conta Tiago Ricardo, explicando que também as piscinas foram construídas com esse propósito.

Com mais de 200 associados a Cem Rumos é uma das associações de jovens mais activas do concelho de Abrantes. Por haver maior necessidade de encontrar formas de entretenimento, mas também pela vontade que cada um tem em unir e alegrar as pessoas da terra, independentemente da idade.

Festival tem potencial mas precisa de mais apoios

O Vale das Mós Summer Fest tem todo o potencial para crescer e ganhar a importância e visibilidade de outros festivais de música da região, como o Bons Sons, que se realiza em Tomar, organizado pela associação local. A opinião é partilhada pelas duas dezenas de jovens da Cem Rumos, que se queixam que, por falta de investimento, nunca foi possível ir mais além. Mas como não são de baixar os braços, já estão a arranjar parcerias, verbas e patrocínios para que no próximo ano o festival regresse em força e se comece a assumir no mapa dos festivais de Verão a nível regional. Uma das ambições é tentar, junto do município de Abrantes, um maior apoio para a realização do certame.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1691
    20-11-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1691
    20-11-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo