Desporto | 21-09-2021 15:00

Street Workout: a modalidade em ascensão no ginásio de rua em Samora Correia

Street Workout: a modalidade em ascensão no ginásio de rua em Samora Correia
Tomás Simões e Simão Girardin treinam na power station de Samora onde decorreu o Campeonato Nacional de Street Workout

Ficar em forma sem entrar num ginásio e sem restrições de tempo ou criatividade. No street workout, a mais recente secção acolhida pelo Ateneu Gímnico de Samora Correia, o corpo e a mente são a carga necessária para trabalhar os músculos. A modalidade está na moda, é inclusiva, pouco dispendiosa e está a afirmar-se em Samora Correia.

Os treinos acontecem quase sempre depois das aulas, quando a vontade de evoluir e arriscar um novo movimento vêm ao de cima. Repetem-se as rondas de exercícios para ganhar força e resistência. Não há sequências formatadas, nem obrigações. Na calistenia e no street workout cada atleta evolui à medida que o seu físico, destreza e criatividade vão subindo de patamar. Ao ar livre, sem grandes equipamentos e quase exclusivamente com o peso do próprio corpo firme e hirto numa barra ou paralelas.

No Parque Ribeirinho de Samora Correia, um conjunto de estruturas metálicas que se dá pelo nome de Power Station passou a ser o local de eleição dos sete atletas do Follow in the Bar, a secção de calistenia e street workout do Ateneu Gímnico de Samora Correia. Foi ali que Simão Girardin e Tomás Simões começaram a treinar, em 2018, porque queriam ganhar força para praticar uma outra modalidade, o parkour. “Não tínhamos força nem para fazer uma elevação, mas com o passar do tempo fomos evoluindo e experimentando novos movimentos”, conta Simão Girardin.

A chegada ao street workout pode dar-se por vários motivos: porque se quer trabalhar o físico, melhorar a auto-estima ou pela possibilidade de se treinar sem pagar. Foi o caso de Tomás Simões, de 17 anos, que queria sentir-se “melhor com o corpo, ganhar força e definir a zona abdominal”. Mas desde logo percebeu que aqueles finais de tarde onde treinava com os colegas de escola lhe dava muito mais que um corpo esculpido, pelo espírito de comunidade e entreajuda que se fortificava mais rapidamente que os músculos.

Enquanto Tomás Simões fala a O MIRANTE junto às barras de treino, na manhã de um domingo de Setembro, o colega de equipa concorda, embora os motivos que o puxaram para o street workout sejam diferentes. “O melhor de tudo isto é o espírito de equipa. Nesta modalidade todos se ajudam e incentivam, não há adversários”, afirma, esclarecendo que no seu caso embora tenha ganho peso em massa muscular, não treina por motivos estéticos.

Dar tempo ao corpo para evoluir

Nesta modalidade onde a competição se faz exclusivamente com o peso corporal, o treino da mente é fundamental. Não pode haver pressas, não há movimentos e truques fáceis. É preciso foco, persistência e paciência que por vezes se esgotam. E quando não se cumpre esta fórmula o desfecho pode passar pela “desistência porque não se têm resultados, ou por lesões complicadas. É preciso muita calma”, alerta Simão Girardin.

Na mochila de treino o que não pode faltar é o magnésio em pó, que evita o suor excessivo nas mãos que seguram o corpo nas barras de metal. Também são bem-vindos os pesos para aumentar a resistência no street workout, os elásticos que ajudam nos movimentos calisténicos e as estafas (luvas para protecção). “Ao contrário de muitas, não é uma modalidade cara”, sublinha Simão Girardin, acrescentando que pode despender de quase tudo à excepção do magnésio, da vontade e da criatividade para trabalhar novos movimentos, posições, ângulos ou sequências dinâmicas.

O primeiro campeonato e a falta de apoios e reconhecimento

A zona ribeirinha de Samora Correia recebeu no sábado, 11 de Setembro, o Campeonato Nacional de Street Workout 2021, o primeiro organizado pelos Follow in the Bar. A competição, que reuniu um painel de júri internacional, juntou 14 atletas portugueses de norte a sul do país e fez sucesso. Ainda assim, atira o chefe de secção da modalidade, Paulo Girardin, vai ser longo o caminho destes atletas até “conseguirem o devido reconhecimento” no mapa do desporto nacional. O primeiro lugar do pódio do campeonato foi ocupado por Rúben Simeão (Lisboa), seguido de Nuno Oliveira (Guimarães) e António Cortês (Lisboa).

A modalidade, que nasceu na Rússia e ganhou projecção nos Estados Unidos da América, está ainda em fase embrionária em Portugal. Os atletas não são muitos e quase todos são do sexo masculino, não existe uma federação e os apoios são quase nenhuns. “Temos atletas a competir em mundiais que pagam tudo do seu bolso”, conta. No caso particular dos Follow in the Bar, tem valido o apoio da Câmara de Benavente ao nível logístico e na cedência do ginásio da escola do Porto Alto, onde os praticantes podem treinar no Inverno e em dias de mau tempo.

Mesmo não sendo praticante, Paulo Girardin ganhou “um amor à modalidade” que o faz sonhar mais alto, juntamente com o filho Simão e os restantes atletas. “Queremos captar mais pessoas - não importa a idade - e fazer de Samora Correia a capital da calistenia e do street workout”.

Paulo Girardin, chefe de secção da modalidade

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