Escola de Ciclismo de Alpiarça quer voltar a fazer da modalidade uma referência
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Escola de Ciclismo de Alpiarça nasceu do sonho de três amigos. Um ano depois tem 34 atletas federados, entre os cinco e os 16 anos. Um número muito superior ao que imaginavam ter no primeiro ano de actividade numa terra com grandes tradições na modalidade.
A Escola de Ciclismo de Alpiarça celebrou em Novembro o primeiro aniversário e tem sido uma lufada de ar fresco no concelho e na região com os bons resultados que tem alcançado. O projecto surgiu do sonho de três amigos que começaram a delinear o projecto durante os seus passeios de bicicleta. César Galvão, Ricardo Vaz e Nuno Dias perceberam o que precisavam e as coisas foram acontecendo até conseguirem arrancar com o projecto.
Um ano depois tem 34 atletas federados, entre os 5 e os 16 anos, um número muito superior ao que imaginavam ter no primeiro ano de actividade. Têm atletas de Alpiarça, Almeirim, Fazendas de Almeirim ou Glória do Ribatejo. A maioria treina três vezes por semana. Os que estão em competições treinam com Beto Lopes, professor de Educação Física e treinador que se disponibilizou para ajudar a escola.
A Escola de Ciclismo de Alpiarça é uma secção do Clube Desportivo “Os Águias” e os atletas costumam treinar ao final da tarde. O MIRANTE encontrou o grupo perto das piscinas municipais, onde há imenso espaço para pedalar ao longo da Barragem dos Patudos. Uns estão a terminar os treinos, outros a começar. Todos equipados a rigor. Os atletas dividem-se em escalões: benjamins e pupilos; iniciados; infantis; juvenis e este ano tiveram cadetes. No próximo ano desportivo vão ter juniores. A Escola de Ciclismo de Alpiarça dedica-se às modalidades de BTT-XCO; Estrada e Ciclocross.
César Galvão, de 47 anos, é bancário e conta a O MIRANTE que deveria ser apenas mais um pai a apoiar os seus filhos que integram a escola mas a paixão pelo ciclismo e BTT fazem-no ir mais além. “Ando a tirar um curso de treinador para poder ajudar, mas sou responsável pela parte técnica e um dos directores da secção. O meu filho mais velho desde criança que me pedia para irmos dar uma voltinha de bicicleta pela barragem. Foi assim que ganhei o bichinho da modalidade e concretizámos o sonho da escola de ciclismo”, afirma.
O bancário confessa que o projecto só faz sentido pelo sorriso dos atletas e também pelo apoio incondicional dos pais que fazem tudo para que nada falhe nas provas e nos treinos. “Os pais são um pilar fundamental que apoia, tanto nos treinos como nas competições. Além disso, é uma modalidade cara, sobretudo no que toca aos equipamentos, e mesmo assim os pais estão sempre lá. Acompanham os filhos às competições. Temos também amigos que nos oferecem o que precisamos, como uma carrinha para transportar equipamento. Se não fosse assim era impossível alcançarmos o que temos conseguido”, garante César Galvão, que olhando para trás considera o percurso “excepcional”.
César Galvão explica a O MIRANTE que não tem sido difícil recrutar jovens para o ciclismo. O facto de Alpiarça ser um concelho com muitas tradições no ciclismo tem ajudado ao sucesso. O maior problema é o custo do material, que é caro. O bancário refere que a Federação Portuguesa de Ciclismo está a desenvolver alguns projectos para que o apoio possa chegar aos pais ou às escolas.
Os próximos objectivos passam por manter os mesmos atletas, recrutar mais, manter os pais motivados a ajudarem os filhos e que sintam que a escola de ciclismo lhes transmite valores importantes no desporto e que podem levar para a vida, nomeadamente solidariedade, responsabilidade e capacidade de superação. “É como dizemos sempre: eles valem por eles próprios e sabem que todos são necessários para o sucesso em equipa”, conclui César Galvão.
Uma escola que
faz campeões
A Escola de Ciclismo de Alpiarça tem três atletas que se destacam pelos títulos conquistados. Bárbara Cunha tem 13 anos e não escondeu a emoção quando há poucas semanas soube que foi chamada à selecção nacional da modalidade. “Primeiro fiquei sem reacção, depois chorei de alegria. Estou a ser observada para fazer alguns treinos pela selecção nacional. Nunca pensei que isto pudesse acontecer tão cedo”, afirma a O MIRANTE com um sorriso rasgado.
A jovem de Fazendas de Almeirim praticava natação quando um professor a desafiou a experimentar BTT. Foi amor à primeira vista. Está na Escola de Ciclismo de Alpiarça quase desde o início porque os seus amigos também foram para a mesma escola. Bárbara Cunha conquistou vários primeiros lugares em BTT e este ano vai competir em provas de estrada e ciclocross. O seu sonho é ser profissional de ciclismo e conciliar com o trabalho de fisioterapeuta, que ambiciona.
Duarte Galvão tem 16 anos e é de Alpiarça. Filho mais velho de César Galvão, pratica BTT-XCO e Ciclocross. Em Outubro deste ano sagrou-se campeão regional e campeão nacional da modalidade. Praticou futebol mas não gostou e experimentou natação mas também se fartou. Sempre gostou de bicicletas e a paixão foi crescendo. Confessa sentir adrenalina enquanto está em cima da bicicleta. O seu maior sonho é ser profissional de BTT e conciliar com um curso ligado ao desporto ou à saúde, outra área que o apaixona.
Beatriz Rodrigues, de 13 anos, conquistou o título de campeã regional recentemente e recorda a emoção de cruzar a meta em primeiro lugar. Praticou triatlo, futebol, atletismo e natação até descobrir o BTT quando frequentava o triatlo. À semelhança dos seus companheiros de equipa sonha ser ciclista profissional e os Jogos Olímpicos seriam o topo da sua carreira. “Sou feliz e isso é o mais importante”, afirma com um brilho no olhar.