Rio Maior SAD com salários em atraso e futuro em risco

Os futebolistas do Rio Maior SAD têm vivido momentos difíceis desde o início da época. Sindicato dos Jogadores teve que accionar pela segunda vez o Fundo de Garantia Salarial para responder às necessidades mais urgentes dos atletas. É mais uma SAD para o futebol que pode acabar mal.
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) accionou pela segunda vez o Fundo de Garantia Salarial “de modo a responder às necessidades mais urgentes dos futebolistas do Rio Maior Sport Clube SAD que continuam com salários em atraso. O sindicato reuniu com o plantel, que disputa o Campeonato de Portugal, para discutir a “gravidade” da persistência do atraso no pagamento dos salários. “Os jogadores têm enfrentado uma situação particularmente difícil desde o início da época face à instabilidade directiva e aos atrasos sucessivos no pagamento dos salários, não se verificando, neste momento, apesar dos contactos regulares com a administração da SAD, uma solução que garanta a sustentabilidade financeira do clube”, denuncia o SJPF, em comunicado.
O organismo revelou que está “há várias semanas” em conversações com as partes e que, “apesar das promessas repetidas e de ter sido accionado o Fundo de Garantia Salarial” no final de 2022, até à presente data “não foi apresentada uma solução concreta” por parte da entidade patronal. Após a intervenção do Fundo de Garantia Salarial ficou o mês de Dezembro em atraso. O sindicato recorda que, caso não seja encontrada uma solução, esta falha vai “comprometer a permanência dos jogadores” na SAD do Rio Maior. E, em último caso, pode mesmo colocar em causa a continuidade da equipa na competição. A equipa disputa a Série C do Campeonato de Portugal ocupando a última posição da tabela.
Segundo o que conseguimos apurar, a SAD do Rio Maior SC está nas mãos de uma holding designada OWB, que tem 90% do capital. Heitor Oliveira e David Oliveira são os administradores, sendo o primeiro o presidente da SAD. O clube Rio Maior SC possui apenas 10% do capital que são obrigatórios por lei, mas que não lhe conferem qualquer influência na gestão da SAD. O clube, que está a ser gerido por uma comissão administrativa, apenas tem o poder de vetar decisões estruturais nomeadamente alterações ao nome, ao símbolo e às cores do clube.
Clube garante continuidade do futebol sénior
O MIRANTE tentou contactar a SAD do Rio Maior SC, que não respondeu à nossa mensagem. Já a comissão administrativa do clube respondeu mostrando-se preocupada com a situação e afirmando que a única solução de viabilidade é os actuais accionistas principais cederem a sua posição a terceiros. Sobre se o futebol sénior está em risco, a comissão administrativa diz que “não sendo possível, num curto espaço de tempo, encontrar uma solução de reformulação da administração da SAD o risco do Rio Maior SC Futebol SAD não conseguir concluir o campeonato é muito elevado”. No entanto garantem que “independentemente, do que vier a acontecer o futebol sénior vai continuar, mas num contexto apenas e só do clube”.
“Concluímos dizendo que, sem presunção e sem ignorar todos os atingidos, o Rio Maior SC talvez seja a maior vítima da incapacidade da SAD em gerir ou encontrar soluções de viabilidade. Contudo, apesar de todo este burburinho nos trazer tristeza, humilhação e desonradez, aconteça o que acontecer o Rio Maior Sport Clube irá seguir o seu caminho precisamente em busca de outros valores completamente antagónicos, felicidade, engrandecimento e credibilidade”, diz a comissão administrativa do clube, que tem a gestão e administração de tudo o resto, com excepção do futebol sénior.
Experiências que correram mal
A situação que se está a passar em Rio Maior tem sido frequente em clubes da região e do país. Por cá, a experiência das SAD acabou mal em Fátima e em Almeirim, por exemplo. As promessas de rentabilidade e êxito desportivo esbarraram na dura realidade e os sonhos foram por água abaixo. Hoje, os clubes competem nos distritais, tal como o SL Cartaxo cuja SAD também prometia mundos e fundos. Em Setembro de 2017 os investidores diziam que queriam colocar o SL Cartaxo na Primeira Liga em “quatro ou cinco anos”. Hoje, continua na 1ª divisão distrital da Associação de Futebol de Santarém, onde competia quando a SAD nasceu.