O presidente da Associação de Futebol de Santarém lamenta a desclassificação do Rio Maior SAD do Campeonato de Portugal em futebol após duas faltas de comparência consecutivas a jogos, motivadas pela debandada do plantel devido a salários em atraso. “Lamento que as pessoas não assumam as suas responsabilidades e que interrompam projectos que criaram expectativas, prejudicando atletas e outros agentes envolvidos”, comentou Francisco Jerónimo a O MIRANTE, classificando os responsáveis da SAD (sociedade anónima desportiva) como “pessoas que deixam de dar a cara, saem fora dos circuitos e que não cumprem as suas obrigações”.
O presidente da Câmara de Rio Maior também lamenta o final atribulado do regresso do futebol sénior a Rio Maior. “Entristece-nos que o nome de Rio Maior possa estar nas notícias por qualquer motivo que não seja bom. E também pelos salários em atraso aos jogadores”, diz Filipe Santana Dias, acrescentando que a autarquia indagou se era necessário algum apoio social a atletas, tendo-lhes sido dito que não.
O autarca de Rio Maior não mistura o Rio Maior Sport Clube com a SAD que geria o futebol sénior e diz que o apoio municipal vai continuar para o futebol de formação. Quanto às relações entre o município e a SAD, diz que praticamente não existiam, até porque os seus responsáveis não eram do concelho, tendo reunido apenas uma vez com um dos sócios.

“Tristes, humilhados e desonrados”
Os investidores que propuseram ao Rio Maior Sport Clube a criação de uma SAD são portugueses e brasileiros e desentendimentos entre eles terão causado um rombo irreparável na estrutura. A comissão administrativa que gere o clube, que detém 10% do capital da SAD, também lamentou o fim da linha para o futebol sénior e não foi branda nas palavras. “Sentimo-nos tristes, humilhados e desonrados por ficarmos, indelevelmente, associados a este epílogo e pedimos desculpa à cidade de Rio Maior e a todos os Riomaiorenses pela incapacidade de evitar tal desfecho”, lê-se num comunicado em resposta a questões colocadas por O MIRANTE.
Os responsáveis pelo Rio Maior SC garantem que “o clube sempre proporcionou e assegurou à SAD todas as condições para a mesma ser viável e ter sucesso, ultrapassando em muito o que estava protocolado no apoio do clube à SAD, nomeadamente, apoio logístico, humano, estrutural, mobilidade, institucional, material e até financeiro”. O Rio Maior SC acrescenta que “teve de inúmeras vezes, assumir compromissos que eram da responsabilidade da SAD e nunca se resumiu a garantir apenas o que lhe competia” e sublinha que, “sem presunção e sem ignorar todos os atingidos, o Rio Maior SC talvez seja a maior vítima da incapacidade da SAD em gerir ou encontrar soluções de viabilidade”.
Segundo o que O MIRANTE conseguiu apurar, a SAD do Rio Maior SC está nas mãos de uma holding designada OWB, que tem 90% do capital. Heitor Oliveira e David Oliveira são os administradores, sendo o primeiro o presidente da SAD. São investidores externos ao concelho. O clube Rio Maior SC possui apenas 10% do capital que são obrigatórios por lei, mas que não lhe conferem qualquer influência na gestão da SAD.