Na Granja de Vialonga a dança é pretexto para socializar
Há quatro anos que a secção de danças afrolatinas da Sociedade Recreativa da Granja meteu a pequena aldeia mais a sul do concelho de Vila Franca de Xira a dar ao pé. Mais do que aprender a dançar o espaço é um importante meio de convívio e de socialização que quer devolver à comunidade o tempo de partilha que a pandemia roubou.
Conhecer pessoas novas, praticar desporto e sociabilizar são os principais objectivos da secção de danças afrolatinas da Sociedade Recreativa da Granja (SRG) que, há quatro anos, meteu a pequena aldeia de Vialonga a dar ao pé e que tem sido um inesperado sucesso. Não há vertente competitiva e por isso não se participa em campeonatos. O que conta é apenas a dança social por prazer: ou para aprender ou apenas por gostar de mexer o corpo. E quem dança os seus males espanta, garantem os professores Rui Gonçalves e Alexandra Rodrigues que ensinam a dançar salsa, bachata, kizomba, merengue e semba. A secção tem duas dezenas de praticantes e os números têm vindo a crescer, sinal de que a população já sente necessidade de sair de casa e conviver depois da pandemia.
“A mais-valia da dança é sociabilizar. A dança social tem uma vertente lúdica muito importante e benefícios físicos, como a estimulação psicológica e a criação de novas ligações neuronais por obrigar ao processamento do som com a coordenação muscular e de movimentos”, explica Rui Gonçalves a O MIRANTE. Engenheiro numa empresa de consultadoria, o professor diz que a dança é um excelente veículo para aliviar o stress. Confessa ter sido um rapaz acanhado que começou a dançar na faculdade em 1998 e que nunca mais largou esse passatempo.
A dança está na moda e numa aldeia como a Granja o seu papel social é determinante. “As pessoas chegam receosas porque não sabem dançar. Há pés de chumbo, pessoas com dois pés esquerdos e pernas de pau, mas aqui todos se transformam”, brinca o responsável.
“Ficamos mais leves”
O grupo dança uma vez por semana, às terças-feiras, das 19h30 às 21h00 e à Granja chegam praticantes de toda a região, desde o concelho de Vila Franca de Xira até Lisboa, Camarate e Odivelas. José Finuras e Maria Magro são um dos casais que escolheram aprender a dançar. Ele veio por convite da mulher e a medo, confessa a O MIRANTE. Agora, mesmo com 52 anos, o informático de profissão diz que já não passa sem dar um pezinho de dança. “Forma-se aqui uma família, convivemos, rimos e dançamos muito. É excelente para tirar o stress”, conta.
Quem também frequenta as aulas é João Niza e Patrícia Rodrigues. O casal, residente na aldeia, diz que a união do grupo é tal que mesmo quem chega de novo nunca fica excluído. “Faltam mais homens, eles parecem ter alguma vergonha”, brinca João Niza, que já foi presidente da direcção da colectividade e que gostava de ver mais gente da terra a participar. “Isto não é um bicho-de-sete-cabeças, saímos daqui sempre muito mais leves e os problemas desaparecem”, garante. O gestor de peças do ramo automóvel garante que a dançar a vida tem outro sabor.