SAD do Vilafranquense deve 36 mil euros aos SMAS de VFX
Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira diz que a dívida da Sociedade Anónima Desportiva do Vilafranquense é para ser cobrada como qualquer outra, nem que seja coercivamente.
O União Desportiva Vilafranquense (UDV) Futebol SAD, a Sociedade Anónima Desportiva que gere o futebol profissional do clube, está a dever facturas de água num montante global de 36 mil euros aos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Vila Franca de Xira.
Com esse valor, a SAD é uma das entidades que mais dinheiro deve aos SMAS no que diz respeito às contas da água e saneamento. O assunto veio a lume durante a discussão e aprovação das contas e relatório de gestão dos SMAS na última reunião de câmara. Uma vez que a SAD já manifestou publicamente a sua vontade de deixar o concelho e associar-se a outro emblema do futebol nacional, o vereador da coligação Nova Geração (PSD/PPM/MPT), David Pato Ferreira, exigiu saber o que farão os SMAS para garantir que o valor seja cobrado àquela entidade. “Isto antes dos senhores arrumarem as malas e irem à vida deles, sob pena de mais uma vez ficarmos a braços com uma responsabilidade que não é nossa”, perguntou.
O presidente do município, Fernando Paulo Ferreira, garantiu que não está prevista qualquer isenção do pagamento dos 36 mil euros em falta por parte da SAD do futebol do Vilafranquense e que a dívida está a ser tratada como qualquer outra. “As indicações que a administração dos SMAS tem é para tratar as dívidas todas da mesma forma e, neste caso, para agir como tem actuado com todas as entidades que têm dívidas”, garantiu o autarca.
No limite, caso as facturas de água continuem sem ser pagas poderá avançar a cobrança coerciva com o apoio da Autoridade Tributária (AT), fruto de um protocolo de parceria de cobrança de dívidas estabelecido no final do ano passado entre a autarquia e a AT.
SAD de malas aviadas
Em Dezembro do ano passado, recorde-se, os sócios do UDV votaram favoravelmente a venda dos 10% que o clube detinha no capital da SAD, com o presidente da Sociedade Anónima Desportiva Henrique Sereno a confirmar a intenção de sair de Vila Franca de Xira, o que entretanto se confirmou recentemente, com o acordo estabelecido com o Aves 1930 (ver texto nesta página).
Vilafranquense SAD corta com Vila Franca de Xira e vai mudar de nome e de casa
O Vilafranquense tem utilizado o Estádio Municipal de Rio Maior nos jogos caseiros da II Liga de futebol profissional, por não ter campo homologado em Vila Franca de Xira, e na próxima época vai passar a jogar em Vila das Aves, no distrito do Porto. Só o nome se mantém ligado às raízes.
Era um desfecho que já se adivinhava: o Vilafranquense SAD vai cortar amarras com a cidade que lhe deu origem, Vila Franca de Xira, e assentar arraiais em Vila das Aves, no distrito do Porto, a 320km de distância das suas origens. Os sócios do Desportivo das Aves 1930, da Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto, aprovaram no sábado, 15 de Abril, o acordo negociado junto da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Vilafranquense SAD para que o emblema de Vila Franca de Xira, que disputa a II Liga, utilize o seu estádio. Um passo que confirma o adeus da SAD à cidade ribatejana que lhe emprestou nome e onde se iniciou o projecto futebolístico que atingiu as competições profissionais.
O Vilafranquense SAD revelou também que vai assumir uma nova imagem quando se transferir para Vila das Aves na próxima época, após o clube da II Liga de futebol ter negociado o arrendamento do estádio do Desportivo das Aves 1930. “Vamos mudar de nome, que passará a ser Aves Futebol Clube SAD, e de símbolo, mas as cores vermelha e branca do nosso equipamento mantêm-se. Teremos de jogar como União Desportiva Vilafranquense SAD em Rio Maior até 30 de Junho e vamos continuar a fazê-lo com todo o gosto, até porque temos uma boa relação com o clube e as pessoas. Infelizmente, não deu para ficar lá. Fecha-se um ciclo e abre-se outro bastante melhor”, reiterou o presidente da SAD, Henrique Sereno, em conferência de imprensa realizada na segunda-feira, 17 de Abril.
O quinto classificado da II Liga tem competido na condição de visitado em Rio Maior, situado a 50 quilómetros de Vila Franca de Xira, desde a subida ao segundo escalão, em 2018/19. Devido à falta de condições para as partidas das competições profissionais do Campo do Cevadeiro, em Vila Franca de Xira, que chegou a ser utilizado na Taça de Portugal, o município ribatejano já tinha aprovado o projecto de construção de um novo recinto, mas o processo continua parado.
A administração da SAD estava determinada em deixar Vila Franca de Xira, quatro anos após ter adquirido o Vilafranquense por 1,8 milhões de euros, sendo que os sócios do clube fundador aprovaram em 2022 a venda da participação de 10% que tinham na SAD, desvinculando-se totalmente desta.
Já o Desportivo das Aves SAD desistiu de competir no Campeonato de Portugal, então terceiro escalão do futebol nacional, em Setembro de 2020, sendo declarada insolvente cinco meses mais tarde pelo Tribunal da Comarca de Santo Tirso, a pedido do Oriental. As dívidas de quase 37.500 euros a três clubes estrangeiros levaram a FIFA a impedir a inscrição de novos atletas pela SAD e pelo clube fundador, que refundaria em Outubro de 2020 as secções de futsal e de futebol sob a designação de Desportivo das Aves 1930.