Jovem árbitro de Almeirim esteve na final da Taça de Portugal
Pedro Maciel tirou o curso de árbitro há cerca de dois anos.
O jovem, de 18 anos, natural de Almeirim, participou num encontro de jovens árbitros e ganhou a oportunidade de participar na final da última Taça de Portugal, que pôs frente a frente Futebol Clube do Porto e Sporting de Braga, no Estádio Nacional. Adorou a experiência e sonha ser árbitro profissional de futebol e chegar a internacional. Até lá vai ganhando experiência enquanto estuda para entrar nas Forças Armadas.
A final da Taça de Portugal em futebol que o FC Porto venceu frente ao Sporting de Braga vai ficar marcada na memória de Pedro Maciel por muito tempo. O jovem de 18 anos, de Almeirim, participou da festa do futebol como assistente do quarto árbitro da equipa liderada por João Pinheiro, o seu ídolo na arbitragem nacional. Pedro Maciel participou num encontro de jovens, organizado pela Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) onde fizeram testes escritos e um vídeo teste. O jovem ficou em segundo lugar na classificação e ganhou o privilégio de participar na final da Taça de Portugal que decorreu a 4 de Junho no Estádio Nacional do Jamor, em Oeiras.
“Foi um misto de emoções. Fui muito bem recebido pela equipa de arbitragem. Não tive que tomar decisões mas acompanhei-os e pude observar como o João Pinheiro preparou o trabalho com a sua equipa. A forma como falava com as pessoas e com os jogadores. Estar no balneário com eles foi um sonho realizado. Fez-me ter ainda mais a certeza que quero continuar a trabalhar para ser, a cada dia que passa, um melhor árbitro”, conta Pedro Maciel a O MIRANTE.
O jovem de Almeirim conta que está a estudar para os exames nacionais de acesso ao ensino superior. Gostava de ingressar nas Forças Armadas e seguir o percurso do seu pai que também esteve no Exército. Além disso, quer conciliar com a arbitragem, uma paixão que surgiu depois de vários anos a jogar futebol. Quando era futebolista do União de Almeirim arbitrou um jogo de um torneio organizado pelo clube porque havia falta de árbitros. A partir daí ficou com o bichinho, apaixonou-se pela arbitragem e tem feito o seu caminho. “Segui os ensinamentos enquanto jogador e fui o mais imparcial possível”, garante.
Há cerca de dois anos tirou o curso de árbitro na Associação de Futebol de Santarém. O primeiro jogo como árbitro assistente foi entre os juvenis da Académica de Santarém e da União de Santarém. Actualmente integra uma equipa de arbitragem liderada por Roxane Dubi e, juntamente com Carlos Covão, têm arbitrado jogos da Liga Nacional de futebol feminino nos distritos de Lisboa, Évora e Leiria. “Estou a ganhar experiência para, em breve, arbitrar um jogo como árbitro principal”, afirma.
Pedro Maciel considera que nos jogos masculinos há mais intensidade mas está a haver uma forte aposta no futebol feminino, o que defende ser muito importante. “A participação da selecção nacional feminina no Campeonato Mundial de Futebol está a ser muito importante para o desenvolvimento da modalidade. Vai levar a que mais raparigas queiram participar e vejam o futebol como mais uma modalidade em que podem praticar desporto”, realça.
O jovem só pode concorrer aos quadros nacionais de árbitros daqui a três anos mas esse é um dos seus principais objectivos. Tem o sonho de arbitrar na 1ª Liga e chegar a internacional. “Um passo de cada vez. Estes são os meus sonhos mas sei que tenho que trabalhar muito para alcançá-los. Ainda tenho muito que aprender e ganhar maturidade profissional”, refere com humildade.
“Um árbitro falha um lance e quase ninguém perdoa”
O árbitro costuma ser frequentemente apontado pelos clubes como o responsável por resultados adversos. Pedro Maciel lamenta que jogadores, treinadores e dirigentes desportivos nem sempre entendam o trabalho do árbitro. “Um jogador comete vários erros durante o jogo e é normal. O árbitro falha um lance e quase ninguém perdoa. O árbitro também é humano e também pode errar, porque não vê o lance de diversos ângulos como quem está a ver na televisão. Sabemos que o futebol move-se de paixão e é mais fácil culpar alguém por um mau resultado. É fundamental para um árbitro estar focado no jogo e desligado do que se passa fora das quatro linhas”, garante, afirmando preferir que os pais não assistam aos jogos em que participa.
Pedro Maciel afirma que não liga aos comentários e críticas que são feitos durante o jogo. O jovem é um defensor do vídeo-árbitro embora admita que possa tirar magia ao futebol. “O vídeo-árbitro é positivo porque a taxa de acertar os lances é muito maior e as decisões podem ser revertidas. Há que limar algumas arestas mas o futebol só tem a ganhar com o vídeo-árbitro pois traz a verdade desportiva que é o que toda a gente quer com o futebol”, sublinha, acreditando que as mentalidades estão a mudar para melhor.
O jovem tem vários amigos que jogam futebol e já apitou os seus jogos diversas vezes. Afirma não haver rivalidades com os amigos, tem o seu apoio e costumam debater lances de futebol. Os seus árbitros de referência são João Pinheiro e Luís Godinho. A nível internacional sempre admirou o italiano Pierluigi Colina, considerando que mudou a forma de se olhar para a arbitragem tendo sempre sido muito respeitado.