Runners da Frente Ribeirinha unidos pela corrida e amizade
Os Runners da Frente Ribeirinha, grupo de corrida da Póvoa de Santa Iria, têm superado desafios e fortalecido laços desde 2014.
Fundado por António Soares, o grupo uniu mais de 170 atletas ao longo dos anos promovendo a saúde e amizade através da corrida.
Os Runners da Frente Ribeirinha (RFR) da Póvoa de Santa Iria mantêm-se activos desde 2014. Impulsionado por uma transformação pessoal após um enfarte em 2012, com 39 anos, António Soares decidiu criar o grupo de corrida informal. A ideia era simples: correr acompanhado seria mais motivador do que enfrentar os quilómetros a solo. Com o ingresso de Pedro Ferreira o grupo rapidamente cresceu e ao fim de quatro meses já contava com 30 atletas. O crescimento continuou durante o primeiro ano e atingiu quase 50 membros. Enquanto alguns atletas entravam, outros saíam, pelos mais diversos motivos. Embora os Runners da Frente Ribeirinha não mantenham estatísticas formais, António Soares contabilizou, através das redes sociais, cerca de 170 pessoas que passaram pelo grupo ao longo dos anos.
Actualmente, os RFR contam com cerca de 70 elementos, entre homens e mulheres, com pouca discrepância de género. A média da faixa etária ronda os 40 anos e a maioria dos atletas é proveniente da Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa, Vialonga e Bobadela. Mais do que uma simples equipa de corrida, os Runners da Frente Ribeirinha são uma família. Através da prática regular da corrida fizeram-se muitas amizades. A realização de convívios já é habitual, como o tradicional magusto, almoço ou jantar de Natal, com entrega de prémios simbólica aos melhores atletas do ano, e o aniversário do grupo.
António Soares sublinha a O MIRANTE que a autonomia é uma parte fundamental da identidade dos RFR. Mesmo tendo a possibilidade de se associarem a um clube ou associação os Runners optaram sempre por permanecer independentes como forma de preservar a essência que os uniu desde o início. “Entrar numa associação ou clube exige trabalho que as pessoas não estão dispostas a fazer. Somos autónomos e é uma liberdade que queremos manter”, afirma o fundador.
A participação em provas desportivas é comum. Para Setembro já estão inscritas 56 pessoas para a prova organizada pelo grupo vizinho Alverca Urban Runners. Para alguns a corrida transformou-se numa paixão que ultrapassou as fronteiras do país. Carlos Guerra, por exemplo, mergulhou no mundo do trail running combinando trilhos e estradas nas suas aventuras desportivas. É um dos 70 atletas que participa regularmente em provas e procura constantemente desafios de longa distância chegando a financiar as suas experiências internacionais. “Sempre fiz desporto ao longo da minha vida. Ginástica, musculação e natação. Aos 30 anos comecei a fazer maratonas e apaixonei-me pelo trail”, conta.
Dupla de sucesso
Sónia Nunes e Marisa Mendes participaram em dupla e venceram nas senhoras a PT281 Ultramarathon, uma prova que ligou Belmonte a Proença-a-Nova, num desafio que tinha de ser concluído num tempo limite de 66 horas. A dupla dos RFR terminou a prova em 51 horas e 15 minutos. Sónia Nunes, 46 anos, começou a correr em 2019. Começou com o grupo nas caminhadas mas evoluiu para a corrida quando conheceu Marisa Mendes, 47 anos. Da amizade surgiu a participação em provas. Para a PT281 Ultramarathon a preparação começou em 2021, mas por causa dos incêndios a prova só se realizou este ano, o que valeu mais um ano de treino. Juntas recorreram a um amigo que desenhou o plano de treino, o que permitiu que as atletas evoluíssem na corrida.
Nunca é tarde para começar a correr
Conhecido por “ti Luís”, Luís Campos, 73 anos, de Alverca, começou a correr com 61 anos quando se aposentou da profissão de torneiro mecânico. Calçou as sapatilhas por iniciativa própria porque diz que não consegue estar parado e em tabernas. Para se manter activo corre entre três a quatro vezes por semana, sobretudo acompanhado, e ainda faz hidrocycling na piscina duas vezes por semana por causa de um joelho. No Pisão fez uma prova de 25 quilómetros em 6h15 com vento e muito frio, mas o máximo que fez foram 43 quilómetros em Almourol. “Quando trabalhava nove e dez horas por dia e via pessoas a correr pensava que eram malucos. Agora adoro correr”, diz.