Desporto | 04-09-2023 18:00

Sandra Lopes é a primeira mulher do distrito a arbitrar jogos do campeonato nacional de futsal

Sandra Lopes é a primeira mulher do distrito a arbitrar jogos do campeonato nacional de futsal
Sandra Lopes tem como próximo objectivo passar nos testes para arbitrar jogos do campeonato masculino

Sandra Lopes é a primeira mulher do distrito de Santarém a apitar jogos do campeonato feminino de futsal.

Diz ser uma responsabilidade diferente apitar jogos do campeonato nacional, mas mais motivador. O próximo objectivo da professora de Tancos é passar nos testes para arbitrar jogos do campeonato nacional masculino.

Sandra Lopes é natural de Tancos e vai ser a primeira mulher do distrito de Santarém a arbitrar jogos do Campeonato Nacional Feminino de Futsal. O momento mais marcante da ainda curta carreira de Sandra Lopes foi a primeira final de futsal que arbitrou há duas épocas entre as equipas de Carvalhos de Figueiredo e São Vicente do Paul, em seniores masculinos. A jovem revela que estava nervosa e quando entrou no pavilhão, no momento da saudação das equipas, as lágrimas caíam-lhe pelo rosto. “Foi um momento muito emotivo porque foi a minha primeira final e estava nervosa. Além disso, o pavilhão estava cheio, com adeptos de ambas as equipas muito entusiasmados. Foi um jogo muito bom que não vou esquecer”, garante.
Sandra Lopes tem 32 anos e é professora dos primeiro e segundo ciclos no concelho de Vila Nova da Barquinha, onde vive. Sempre praticou desporto; começou pela natação e aos 15 anos já praticava atletismo de competição tendo sido atleta do Zona Alta, de Torres Novas. Há cerca de cinco anos alguns amigos desafiaram-na para experimentar o curso de árbitros de futsal. Algo que nunca lhe tinha passado pela cabeça. Ao início ficou reticente, mas acabou por aceitar o desafiou. Nunca jogou futsal, só futebol de 11. Confessa que não percebia nada da modalidade mas aventurou-se, aprendeu e apaixonou-se.
Esta época subiu ao campeonato nacional feminino o que faz com que seja a primeira mulher do distrito a atingir essa meta. “Fiz as provas em Junho e correram muito bem. É uma responsabilidade diferente apitar jogos do campeonato nacional, mas é mais motivador. São jogos de outra dimensão e sei que estou preparada para enfrentar o desafio”, garante. A jovem professora afirma que o seu próximo objectivo é passar nos testes para arbitrar jogos do campeonato nacional masculino, acrescentando que quando fez o primeiro curso nunca imaginou que iria chegar a este patamar.
Sandra Lopes considera o futsal uma modalidade muito intensa, muito táctica e muito rápida. “Como o campo de jogo, no pavilhão, é mais pequeno do que no futebol torna tudo mais intenso porque estamos muito mais em contacto com os jogadores”, refere. Nos últimos anos arbitrou jogos de masculinos e femininos. Confessa que é mais difícil arbitrar jogos de mulheres. “Pode ser surpreendente, mas os homens respeitam mais uma mulher árbitra. Todas nós mulheres temos um longo caminho a fazer para nos apoiarmos umas às outras”, lamenta. A sua equipa de arbitragem é mista e pertence a várias equipas. Umas vezes é a árbitra principal, outras é a segunda árbitra.
Sandra Lopes começou a arbitrar aos 27 anos, uma idade considerada mais avançada. A árbitra alerta os jovens que queiram seguir este ramo que podem fazê-lo a partir dos 14 anos. No entanto, tem noção que, por vezes, o que se ouve das bancadas, sobretudo dos pais dos jogadores mais jovens, não é fácil de ouvir quando se é mais novo. “Tenho maturidade suficiente para não ligar ao que dizem da bancada. Quando erro não há pessoa que se sinta pior do que eu. Ninguém gosta de errar, mas só com os erros é que evoluímos e melhoramos. Apenas me entristece o que se ouve das bancadas porque não dignifica a modalidade e muito menos o desporto”, destaca.

Trabalho e disciplina são o segredo

Sandra Lopes treina todos os dias com os seus colegas. Durante a época desportiva treina na Escola Dr. Ruy de Andrade, no Entroncamento. No Verão treinam no pavilhão municipal da cidade porque a escola está fechada. A árbitra considera fundamental estar em forma e diz que desde a pandemia mudou os seus hábitos alimentares. Raramente come carne e privilegia legumes, hidratos de carbono e comida mais saudável. Garante que desde que mudou a alimentação o seu organismo tornou-se mais forte e é raro estar doente. Também estuda todos os dias para não esquecer as leis do jogo. Em jeito de brincadeira, costuma dizer que dar aulas é o seu hobbie e que o futsal é a actividade principal porque é a que lhe ocupa mais tempo. Casada, garante conseguir conciliar tudo na vida, embora todos os fins-de-semana estejam ocupados com jogos.
Sandra Lopes recorda a primeira partida que arbitrou apesar de já não se lembrar de quais eram as equipas. Lembra-se que decorreu no Pavilhão Municipal do Entroncamento e era um jogo de iniciados. A árbitra, que faz cerca de 80 jogos por época, refere que o futsal é uma modalidade em ascensão tanto no distrito de Santarém como no país. No distrito de Santarém existem apenas quatro árbitras que tentam promover a modalidade nas escolas e chegar ao maior número de crianças e jovens. O seu sonho é fazer o melhor que conseguir, bem feito e principalmente mostrar que as mulheres podem fazer parte de um desporto que ainda é maioritariamente masculino. “Com trabalho e disciplina tudo se consegue”, conclui antes de iniciar mais um treino da pré-temporada no pavilhão do Entroncamento onde decorreu a conversa com O MIRANTE.

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