Desporto | 14-10-2023 15:00

Quem quer dirigir a Casa do Povo de Montalvo?

Quem quer dirigir a Casa do Povo de Montalvo?
Presidente da direcção, António Ramos, teme pelo encerramento da Casa do Povo de Montalvo

A Casa do Povo de Montalvo completou recentemente 53 anos ao serviço da comunidade. É a única colectividade da freguesia com instalações abertas ao público, tem um património invejável mas vive uma crise directiva que pode levar ao seu encerramento.

A Casa do Povo de Montalvo celebrou recentemente 53 anos de vida, num cenário de crise directiva. A direcção liderada por António Ramos apresentou a demissão na assembleia-geral de 23 de Setembro e não se vai recandidatar nas eleições de 21 de Outubro. Para já não se conhecem listas interessadas em agarrar nos destinos da popular colectividade da aldeia do concelho de Constância. Caso se confirme a ausência de interessados, ANTÓNIO Ramos compromete-se a garantir uma comissão administrativa, com todas as secções a funcionar, mas apenas durante um ano.
A colectividade com estatuto de utilidade pública é um ponto de encontro e de convívio da população, abrindo o bar à comunidade aos fins-de-semana. É ali que os habitantes se juntam para jogar cartas, dominó, snooker ou ver partidas de futebol na televisão. O encerramento da Casa do Povo de Montalvo (CPM), fundada em 17 de Setembro de 1970, seria um rude golpe na vida da comunidade, reconhece o presidente que está há alguns anos à frente da associação e confessa algum desgaste, tal como os seus parceiros de direcção.
“Esta associação tem uma vertente social muito forte na freguesia e um vínculo muito forte com a comunidade. É pesada em termos de estrutura e actividades e isto dá muito trabalho. Os dirigentes associativos não têm qualquer tipo de incentivos e actualmente têm que ser quase profissionais, porque os tempos das contas de merceeiro acabaram”, diz António Ramos, que está ligado à colectividade há 16 anos e é presidente desde Maio de 2019.
O Grupo de Cantares e o futebol de formação têm sido as secções mais dinâmicas, embora este ano a CPM não tenha equipas inscritas nas provas da Associação de Futebol de Santarém. Mesmo assim têm cerca de 30 crianças a praticar futebol entre os quatro e os sete anos. Os novos balneários estão finalmente começar a funcionar e espera-se que, com essa realidade, o futebol possa regressar às provas federadas e atrair novos praticantes.
Nas instalações da Casa do Povo de Montalvo funcionam ainda os projectos Movisénior, com actividades para maiores de 65 anos, ginástica de manutenção frequentada por cerca de duas dezenas de pessoas; uma secção e cicloturismo; ioga e a Academia da Mente, projecto dinamizado pela Junta de Freguesia de Montalvo.

Obras na sede são fundamentais mas os apoios são escassos
Com cerca de 500 sócios, com cerca de metade a pagar a quota mensal de um euro, a CPM tem na participação das Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Constância, e nas festas de Agosto em Montalvo os seus balões de oxigénio para angariar receitas através da exploração de bar e restaurante. “Sem essas receitas não tínhamos condições para estar abertos”, vinca o presidente.
Isto apesar de a associação ter um vasto património, avaliado em cerca de dois milhões de euros, no qual se inclui a sede, rinque desportivo polivalente, terrenos e a área do campo de futebol que actualmente está a receber obras por parte da Câmara de Constância. O município apoia também com cedência de autocarros e com um subsídio financeiro anual.
As espaçosas instalações já vão acusando o peso dos anos e na sede as marcas das infiltrações são visíveis.a reparação da cobertura é imperiosa, mas também dispendiosa, orçada já há um par de anos em 35 mil euros. A Câmara de Constância disponibilizou-se para suportar 25% das despesas, mas a associação não tem capacidade para garantir o valor restante
Com eleições em breve, António Ramos deixa um apelo aos sócios para que apareçam listas, nomeadamente à juventude que é o futuro da terra. “Acho que as pessoas ainda não se mentalizaram que a Casa do Povo de Montalvo corre o risco de fechar”, diz o presidente, sublinhando que se trata da única colectividade da freguesia com instalações abertas ao público.

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