Da adversidade às vitórias: o percurso de Inês Rico no triatlo
A história de Inês Rico, triatleta do Alhandra Sporting Club, ensina-nos a não desistir perante as dificuldades. Foi jovem promessa na modalidade, atleta revelação do ano, representa a selecção nacional e está no projecto olímpico. Quando a vida parecia estar encaminhada, uma lesão atirou-a para dois anos de fisioterapia. Não desistiu, voltou à carga e já traça como objectivo ser campeã da Europa de sub23.
Aos 21 anos a vida de Inês Rico, triatleta do Alhandra Sporting Club (ASC), é marcada por conquistas, desafios e uma forte resiliência. Após uma lesão que a deixou dois anos parada a recuperar e a fazer fisioterapia, a atleta voltou à competição na última época, mostrou bons resultados e já traça como objectivos alcançar pódios na época que vai começar no próximo ano.
Natural de Vila Franca de Xira e residente no Sobralinho, Inês Rico está a estudar Publicidade e Marketing na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa. Desde tenra idade que foi incentivada pelos pais a praticar desporto, primeiro na dança, depois na natação, andebol e futsal do ASC. Com o fim dos escalões femininos no futsal decidiu abraçar o triatlo. “O facto do ASC ser um grupo familiar ajudou-me bastante. Não tinha amigos na escola mas tinha sempre os amigos do triatlo. Adaptei-me bem à modalidade e ganhei as primeiras provas tinha 11 anos”, recorda a O MIRANTE.
Inês Rico rapidamente se destacou, representando Portugal no Campeonato da Europa de Youth alcançando o título de vice-campeã em 2019. Nesse mesmo ano entrou no Centro de Alto Rendimento do Jamor onde acabou por ter de lidar, pouco depois, com uma lesão significativa que a afastou das provas durante dois anos. Sofreu um edema que deu origem a uma fractura de stress na tíbia e uma tendinite conhecida por “pata de ganso” num joelho.
“Acredito que se não fosse essa lesão poderia ter ido mais longe. Entrei na faculdade porque não há apoios suficientes para me dedicar exclusivamente ao desporto. Estive três anos sem estudar para me dedicar totalmente ao desporto mas em que dois desses anos foram a recuperar. Melhorei bastante esta época mas ainda não me deu o clique para sentir que me posso dedicar a 100% ao desporto”, conta. Apesar das dificuldades, Inês Rico sofreu e lutou para recuperar a forma e voltou à competição sagrando-se Campeã Nacional de Aquatlo. A atleta reflecte sobre a temporada anterior, marcada por desafios físicos e conquistas, como o sexto lugar obtido na Taça da Europa.
Ainda hoje veste as cores da selecção nacional, faz parte do projecto olímpico da federação e já esteve nos Jogos Olímpicos da Juventude em Buenos Aires, Argentina, em 2018. “Já houve essa ideia de ser uma promessa do triatlo nacional até me ter lesionado. O mundo do desporto é injusto porque quando voltei não obtive logo resultados tão significativos como antes”, lamenta.
Falta de apoios comprometem modalidade
Para Inês Rico um dos principais desafios da modalidade é a falta de apoios. “Nunca vi tanta gente a desistir do triatlo como este ano. Não há muitas condições e é difícil ver um futuro nisto. Espero que as futuras gerações tenham mais apoios do que os que eu tive. Tenho de me motivar sozinha, pagar as minhas contas, tenho o apoio de uma loja de bicicletas mas mesmo assim uma bicicleta topo de gama custa 14 mil euros. Um fato isotérmico de topo são 800 euros, mais o resto do material”, lamenta.
O que ainda vai valendo é a paixão pela modalidade e a ambição de conquistar pódios que andam a poucos segundos de distância. “Sou muito competitiva e custa-me ver as medalhas tão perto. O ano passado fiquei em quarto lugar em todas as provas nacionais”, conta com um sorriso. Inês Rico mantém-se focada nos objectivos para este ano: ser campeã da Europa em sub-23, um primeiro passo para alcançar o Campeonato do Mundo.
A atleta, que já foi atleta Revelação do Ano na Gala do Desporto da Câmara de Vila Franca de Xira, deixa claro o seu compromisso com o Alhandra SC, mesmo diante de propostas que lhe chegaram de outros clubes na última época. Inês Rico personifica a resiliência e paixão necessárias para enfrentar os desafios do triatlo e a sua história inspira não apenas quem luta por pódios mas também quem quer valorizar o desporto que ama.
Jogos olímpicos não definem um atleta
Inês Rico diz que ir aos Jogos Olímpicos era um objectivo há alguns anos mas que ultimamente passou apenas a ser um sonho. “Tenho melhores índices agora do que no passado para tentar lá chegar mas já não sinto o fascínio pelos jogos. É um dia e basta a pessoa não estar bem naquele dia que isso vai definir quem ela é. Há pessoas que se esforçam o ano inteiro e arrastam-se durante anos para fazer a qualificação olímpica e depois chegam lá e já nem forças têm para competir”, reflecte. A jovem atleta acredita que, se conseguir continuar a recuperar a forma, as Olimpíadas de 2028 são um objectivo alcançável, mas prefere aproveitar as provas uma a uma e a família que diz ter em toda a secção de triatlo do ASC. “Quero é aproveitar e desfrutar do processo”, conclui.