Laranja Mecânica trabalha a formação de atletas com base na ética e respeito
Associação de Torres Novas foi fundada em 2015. Ricardo Bento e Paulo Jordão explicam a O MIRANTE o percurso exigente que tem sido feito de forma autónoma, trabalhosa e honesta, com o objectivo de promover iguais oportunidades desportivas a todos os seus atletas.
É na sede do Laranja Mecânica Academia XS que Paulo Jordão, presidente, e Ricardo Bento, tesoureiro, explicam a O MIRANTE o desafiante projecto fundado em 2015. O espaço serve de sede do clube há três anos e é uma das conquistas que os dois membros da direcção mais se orgulham. O clube é certificado como entidade formadora pela Federação Portuguesa de Futebol. Desportivamente conseguiu um bi-campeonato distrital de infantis e chegou à Taça Nacional de Juniores, sempre seguindo a prática de todos os atletas jogarem. “Até aos 14 anos o foco é a formação e é obrigatório que todos joguem. A partir daí foca-se mais na competição, apesar de que num cenário ideal darmos igual oportunidade a todos. Quando são campeões são todos, não só cinco ou seis e os outros ficam a aplaudir no banco” explica Ricardo Bento. Futsal é a única modalidade do clube que é o nono com mais atletas inscritos no país.
Ricardo Bento é professor de educação física e um dos fundadores do clube. Foi praticante desde jovem e acabou por seguir pela área do treino. Na sua visão faltavam no concelho projectos que priorizassem o desenvolvimento desportivo e de formação dos atletas. Juntamente com outro amigo, que deixou o projecto por motivos profissionais, fez um estudo de mercado e acreditou que criar um clube que desse iguais oportunidades às crianças e jovens para praticarem a modalidade era indispensável no concelho.
Paulo Jordão, actual presidente da direcção, juntou-se ao projecto ainda no primeiro ano, por influência do filho que pratica a modalidade desde os quatro anos. “Achei que o projecto tinha pernas para andar, mas nunca pensei que tomasse a dimensão que tomou. É fruto de muito trabalho e dedicação, mas tem sido uma jornada enriquecedora” diz com orgulho. A manutenção e melhoria da sede é um dos principais objectivos para o futuro, assim como a criação de uma equipa sénior. “Só temos uma equipa de juniores e depois de veteranos que se gere e sustenta de forma autónoma. Temos vários atletas que fazem toda a formação connosco e na idade sénior têm de sair e é algo que nos deixa tristes. A equipa sénior é uma ambição, mas tem de ser um passo dado com pés e cabeça”, sublinha.
O clube tem cerca de 165 sócios. Paulo Jordão admite que o processo tem sido feito com muito trabalho e dedicação, regido por valores de honestidade e ética, mas que nem sempre sobra tempo para a vida pessoal. Ricardo Bento concorda com o amigo, acrescentando que os desafios financeiros estão igualmente presentes naquelas que são as maiores dificuldades do associativismo. Os apoios pontuais das juntas são uma ajuda importante, assim como o da autarquia. No entanto, consideram que as verbas ainda são mínimas para um clube que é o único no concelho a praticar a modalidade e que tem conseguido ultrapassar os desafios com muita resiliência e dedicação, elevando o nome de Torres Novas.
Ricardo Bento acredita que Portugal ocupa o top três das maiores potências mundiais na modalidade, fruto das conquistas do mundial e europeu de selecções. “O crescimento do futsal no país tem trazido muitos jovens e crianças para a modalidade e tem sido um aumento exponencial. O melhor campeonato do mundo de futsal é o português e as pessoas olham de outra maneira para o futsal. No entanto, é preciso os organismos e as entidades olharem também de outra maneira e acompanharem, com investimento, esta evolução. Em Portugal apenas o futebol é profissional e com os resultados que temos tido em futsal, hóquei e andebol é triste ver essa realidade” lamenta.