Desporto | 17-02-2024 10:00

Grupo Desportivo de Marinhais é o único do concelho a ter todos os escalões em futebol

Grupo Desportivo de Marinhais é o único do concelho a ter todos os escalões em futebol
Fátima Cardoso com o segundo secretário, Humberto Sousa, o secretário geral, Adelaide Serrano, e a tesoureira adjunta, Anotilia Roque

Há quatro anos que Fátima Cardoso, de 53 anos, lidera o Grupo Desportivo de Marinhais, o único clube de futebol do concelho com todos os escalões. A presidente despede-se em Março deste ano com o sentimento de dever cumprido por ter deixado a associação muito mais equilibrada.

O Grupo Desportivo de Marinhais (GDM) foi a primeira experiência no associativismo para Fátima Cardoso, actual presidente do clube, que mesmo sem perceber de futebol ajudou a saldar dívidas e a tornar o GDM o primeiro do concelho de Salvaterra de Magos a ter todos os escalões. A dirigente associativa de 53 anos emigrou aos 20. O GDM foi um dos primeiros contactos da família quando regressou a Portugal. Esteve seis anos como tesoureira e está há quatro como presidente, embora revele que em Março, mês de eleições, não se vai recandidatar. “Saio com o sentimento de dever cumprido”, vinca.
Aquilo que seria apenas umas férias a convite de um tio, Fátima Cardoso transformou numa jornada de cerca de 20 anos em França, onde trabalhou como porteira. Quando regressou a Portugal inscreveu os filhos, ainda crianças, no Grupo Desportivo de Marinhais, clube onde já andavam os sobrinhos, para facilitar a integração uma vez que também não falavam português. O filho Daniel, de 16 anos, é jogador dos juvenis, e Filipe, de 18, guarda-redes dos juniores. Conta que na direcção antiga eram muito poucos e quando um grupo de pais, do qual fazia parte, assumiu o leme do barco descobriram que havia dívidas, ainda que na altura o clube só tivesse um escalão. Durante quatro anos esteve com Tiago Antunes como presidente e compraram, em Fevereiro de 2018, o edifício-sede com o dinheiro do suor do trabalho realizado durante as Festas em Honra de São Miguel Arcanjo, em Marinhais. Esteve dois anos na direcção com Nuno Duque e, com cada vez mais atletas e sem “mãos a medir”, contrataram o coordenador técnico João Belbute. “O Nuno Duque saiu com a pandemia. Todos queriam ficar e ninguém queria dar o nome e eu disse: ‘não percebo nada de futebol, mas se me ajudarem não me importo de dar o nome’”, conta com um sorriso no rosto.
Fátima Cardoso é uma das cinco mulheres na direcção num total de 17 elementos, embora lamente que apenas meia dúzia se envolva mais a sério. Recebe os árbitros e a equipa adversária, indica os balneários e quando é preciso corre para o bar para vender bifanas ou servir cafés, contando com a ajuda do cunhado, marido, irmã e sobrinhos. Ser uma mulher presidente não é motivo de preconceito, muito pelo contrário, afirma: “eles acham engraçado que aqui em Marinhais as mulheres é que mandam”, diz em jeito de brincadeira. Embora o mandato esteja a correr bem, admite estar cansada de alguns pais que a abordam quando não colocam os filhos a jogar: “os pais pensam que têm Cristianos Ronaldos em casa e é desgastante. Nas convocatórias os treinadores têm de fazer uma selecção porque são muitos e eu explico que pagam para os filhos treinarem, o dia do jogo é um bónus”, afirma, deixando um desabafo: “quero respirar e poder usufruir dos jogos na bancada”.
O Grupo Desportivo de Marinhais assinalou 96 anos a 10 de Janeiro deste ano e é uma das colectividades mais antigas do concelho de Salvaterra de Magos. Só no futebol de formação estão mais de 150 praticantes sendo que a equipa sénior tem mais de duas dezenas. Para além do futebol, tem as modalidades de dança, ténis, yoga e kempo. Sobrevive com os apoios da autarquia, tasquinhas e o evento Marinhais Cup, organizado no fim-de-semana da Páscoa, reunindo mais de duas centenas de atletas do escalão de iniciados de oito equipas de todo o país. Não tem equipa de futebol feminino, mas foi do GDM que saiu a atleta Íris Silva, que no ano passado participou na selecção portuguesa sub-16 feminina.

Edifício-sede do clube precisa de obras
Como O MIRANTE noticiou o edifício-sede do GDM está a precisar de obras profundas. Neste momento a associação está a pedir ajuda ao nível de materiais e mão-de-obra. Para quem preferir apoiar através de um donativo pode fazê-lo no Complexo Desportivo Municipal de Marinhais todos os dias a partir das 19h30 ou ainda ao fim-de-semana sempre que há jogos. O clube tem ainda uma loja de merchandising, a “Loja Azul”, na bilheteira do complexo, onde vende cachecóis, camisolas, canecas, bonés, fatos-de-treino alusivos ao clube, entre outros por encomenda e que podem ser personalizados, como sacos e mochilas.

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