Os avós também ensinam os netos a pescar e a fazerem deles campeões do mundo
Atleta natural do Entroncamento representa o Sporting Clube de Portugal depois de quase uma década ligado ao Grupo de Amigos de Pesca Desportiva (GAPD) de Aveiro, onde venceu o campeonato nacional de clubes. Pedro Ribeiro vai participar no Campeonato do Mundo de Clubes, na Eslovénia.
Pedro Ribeiro é natural do Entroncamento, concelho onde ainda reside, e atleta do Sporting Clube de Portugal na modalidade de Pesca Desportiva. Vai estar no mundial de clubes, em Junho, na Eslovénia, onde espera conseguir uma participação que permita promover a modalidade no país. A O MIRANTE, conta que começou a pescar aos cinco anos com o avô no Parque do Bonito, no Entroncamento, e no rio Tejo. “O meu avô não tinha carta, não sabia ler nem escrever, mas era um pescador extraordinário. Íamos pescar numa motorizada e com duas canas às costas”, recorda com saudade. Pedro Ribeiro sublinha que o seu objectivo principal enquanto atleta é promover e dar visibilidade à pesca desportiva a nível regional e nacional.
O percurso de Pedro Ribeiro na pesca desportiva conta com duas paragens. A primeira, entre os 24 e os 38 anos, devido a questões profissionais. Regressou à modalidade após vencer um torneio. A segunda ocorreu em 2014 quando se sagrou campeão nacional da segunda divisão. “Decidi que era o momento de voltar a parar e dedicar tempo à família e à profissão. Dois dias depois toca o telemóvel com um convite do Grupo de Amigos da Pesca Desportiva (GAPD) de Aveiro. Uma equipa de topo em Portugal, que se tinha reforçado nesse ano com outros elementos campeões da europa e do mundo a nível individual e era impossível dizer que não”, explica. Define-se como um atleta de grupo, defendendo que os títulos individuais vêm sempre por acréscimo.
Em Janeiro de 2024 todos os atletas da equipa de Aveiro transitaram para o Sporting Clube de Portugal. Pedro Ribeiro já representou a selecção a nível individual e promete que um dia que volte será o seu último ano de competição. Os próximos objectivos são tornar-se campeão nacional de clubes em 2024/25, ficar na primeira divisão nacional a nível individual e ajudar os colegas de equipa a tornarem-se melhores pessoas e atletas.
Falta de visibilidade e apoios
Pedro Ribeiro lamenta a falta de visibilidade e apoios que a modalidade tem no país. “Temos de competir com atletas que contam com grandes apoios, patrocínios de marcas de excelência e que treinam quatro a cinco vezes por semana. Em Portugal não vejo isso a acontecer. Arrisco até dizer que em 20 anos não teremos pesca desportiva porque não há interesse da população jovem na modalidade”, lamenta, acrescentando que costuma treinar oito a dez vezes por mês. “Não podemos estar dependentes das horas de treino e da sorte do peixe morder ou não o isco. Existem horas de preparação, de trabalho de casa, de testar materiais, conhecer os locais onde vai ser a prova e estudar”, explica. Pedro Ribeiro conta que chegou a participar em provas de quatro horas em que pescou 400 peixes. “Por vezes acabamos as provas sem saber que parte do corpo nos dói mais. É muito exigente fisicamente. As pessoas acham que a pesca é estar sentado, com um garrafão de vinho e assar chouriço”, afirma, com um sorriso.