Desporto | 08-05-2024 12:00

Ana Cavaco é campeã na arte de dançar sobre rodas

Ana Cavaco é campeã na arte de dançar sobre rodas
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Ana Cavaco estreou-se aos cinco anos na modalidade na União Desportiva Vilafranquense

Ana Cavaco começou a dar os primeiros passos em cima de patins aos cinco anos na União Desportiva Vilafranquense.

Aos 12 anos sagrou-se campeã de patinagem artística no distrital de Lisboa. Num desporto onde além da precisão de movimentos conta também a interpretação, o maior desafio é conciliar as 24 horas de treino semanais com os horários e obrigações escolares.

Os pais incentivaram-na a praticar um desporto e Ana Cavaco aceitou o desafio. Experimentou vários até encontrar a patinagem artística, modalidade pela qual se apaixonou e na qual se tem destacado. Aos cinco anos, as quedas iniciais em cima dos patins não lhe derrubaram a vontade de prosseguir e hoje, aos 12, a patinadora da União Desportiva Vilafranquense (UDV) é campeã distrital, por Lisboa, em patinagem artística, apurada para participar na Artistic International Series, que vai decorrer em Itália a 19 de Maio.
É com dedicação e afinco que a patinadora natural de Samora Correia treina todos os dias da semana, e ao sábado, num total de 24 horas semanais. “É um desporto que exige muito”, no qual além dos movimentos coreográficos, que têm de sair “perfeitos”, é preciso saber representar para se conseguir passar para o público e os jurados das provas a mensagem da coreografia e sentimentos através de expressões faciais. Na coreografia que lhe valeu o primeiro lugar no escalão iniciados, no Campeonato Distrital de Patinagem Artística que decorreu em Alverca do Ribatejo teve de se mostrar amedrontada e “zangada” ao interpretar um robô que “tem medo de amar”.
Aos 12 anos poder saborear o primeiro lugar do pódio foi para Ana Cavaco uma alegria que diz não lhe caber no peito. “Nos anos anteriores tinha ficado em segundo e queria muito conquistar o primeiro lugar. Sou um bocado competitiva, confesso, gosto de me superar”, diz a patinadora que traz vestido para esta conversa com O MIRANTE o fato que usou na prova em que saiu vitoriosa. Mas este macacão elástico em tons cinzentos com um brilhante coração vermelho em destaque no centro do peito não é especial só porque lhe valeu uma subida ao pódio. “É especial porque foi a minha mãe que o fez durante muitas horas”, diz orgulhosamente, acrescentando que, tal como este, a maior parte dos fatos que guarda num armário foram produzidos pela mãe.
Ana Cavaco, que está a frequentar o 7º ano de escolaridade, lamenta que nem sempre os professores compreendam que encara a patinagem artística como um desporto que leva muito a sério. “Acham que é só uma distracção”, afirma, para explicar que tem de gerir muito bem o tempo para conseguir cumprir as obrigações escolares, treinos diários e provas. Nos momentos mais difíceis, assim como nos mais felizes, a patinadora diz contar com o apoio incondicional da família, treinadores e amizades da patinagem. No futuro ainda não sabe que área de estudos ou profissão quer seguir, mas tem certezas de que é sua ambição maior conquistar a Taça da Europa de Patinagem Artística.

Patinagem da UDV quer crescer e atrair mais rapazes
Com um total de 50 atletas nos diversos escalões, a patinagem artística da União Desportiva Vilafranquense tem todo o potencial para crescer, mas precisa de mais apoios e visibilidade. Quem o diz é o coordenador técnico e treinador, Diogo Leitão, de 24 anos, que se estreou aos seis anos na modalidade e cessou no ano passado a sua passagem pelas competições, estando agora inteiramente “focado em construir percurso com os atletas” que treina.
Na UDV continua a ser difícil atrair rapazes para a modalidade que tem neste momento apenas um patinador de oito anos. “Agora menos, mas as pessoas ainda fazem disto um bicho de sete cabeças. Quando era mais novo ouvi na escola comentários que quase me fizeram desistir da patinagem. Não faz sentido, não temos de passar por isso”, lamenta, esperançoso de que o futuro traga uma mudança de mentalidades.
Diogo Leitão sublinha que a patinagem artística traz inúmeros benefícios para crianças e jovens, nomeadamente ao nível do equilíbrio, motricidade, psicológico e social. “Crescem a ter de lidar com outras pessoas e acima de tudo com o sentimento de frustração, porque se trata de um desporto de progressão lenta que contrasta com os tempos de hoje com os jovens a querer tudo para ontem”, refere, concluindo que nesta modalidade é preciso “muita paciência” e saber que falhar vezes sem conta faz parte do percurso.

Diogo Leitão, coordenador e treinador de patinagem artística da UDV

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