Desporto | 02-06-2024 15:00

Abrantes tem um programa de desporto inclusivo único no país

Abrantes tem um programa de desporto inclusivo único no país
Luís Dias, Carlos Marcão, Nuno Gomes, Rui Bento, Luís Valente e Jorge Pombo são os principais responsáveis pelo programa municipal Desporto Inclusivo de Abrantes

Desporto Inclusivo é o programa municipal de Abrantes que visa ajudar o desenvolvimento e integração social de crianças do pré-escolar e primeiro ciclo com diferentes patologias. Projecto começou há três anos e conta actualmente com 30 alunos.

Desporto Inclusivo é o programa municipal de Abrantes que pretende responder às necessidades de desenvolvimento físico e psico-motor de crianças de pré-eccolar e primeiro ciclo. O programa foi apresentado publicamente em 2022, após um ano de projecto-piloto. A nível nacional, não existe nenhum programa semelhante, algo que o vereador do Desporto, Luís Dias e o assessor do Desporto, Nuno Gomes, lamentam. “Esperamos que continue a crescer e seja visto e replicado pelos restantes concelhos do país porque em todo o lado há crianças que precisam”, diz Luís Dias.
Os principais objectivos são promover a igualdade de oportunidades motoras a crianças portadores de necessidades especiais, contribuir para o desenvolvimento motor e cognitivo e promover a integração e acesso a habilidades motoras específicas e direccionadas. O programa destina-se a crianças até aos sete anos que residam ou estudem no concelho de Abrantes com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%. A maior parte dos alunos sofre de Transtorno do Espectro Autista. As aulas decorrem de Julho a Setembro, com duração de cerca de 45 minutos, com professores com formação específica na área.
Actualmente contam com 30 alunos entre os três e os sete anos. O objectivo é sinalizar os casos e intervir cedo com uma fase inicial de diagnóstico para se conseguir diminuir ao máximo qualquer patologia. O programa conta com aulas de natação, hipnoterapia e motricidade, com uma aula de cada por semana, sendo opcional que actividades querem integrar. As crianças são identificadas no início de cada ano lectivo, através de uma triagem e de relatórios feitos pela equipa local de intervenção em processo escolar, havendo depois uma reunião com os pais em que é apresentado o projecto e realizada uma avaliação técnica.
O programa é desenvolvido pela divisão de desporto do município, que conta, actualmente com um coordenador, oito professores de natação, quatro psicomotricistas, dois hipnoterapeutas e 30 alunos. O vereador acredita que a integração social através do desporto é o maior fenómeno mundial. “Andar, nadar e andar de bicicleta é inerente à vida humana e devia estar na Constituição da República. Brincar na rua, subir às árvores, sujar, faz parte da actividade física das crianças e é fundamental ao desenvolvimento humano. O desporto permite a integração e inclusão social, além dos benefícios que agrega à qualidade de vida de cada um” afirma.
Para Nuno Gomes, o desporto é o investimento de saúde pública mais barato que existe, dando o exemplo de crianças que reduziram a medicação face aos contributos que as aulas do programa lhes proporcionaram. “Ver a alegria e gratidão nos pais, proporcionando um futuro melhor às crianças é o maior aplauso e o factor mais enriquecedor deste projecto” diz Nuno Gomes com um sorriso.
O futuro e a continuação após os sete anos é uma das principais questões dos pais e dos responsáveis do programa que se começam a preparar para continuar a dar o apoio necessário a cada criança. Nuno Gomes explica que já foram criadas classes especiais de natação para todos os alunos com mais de sete anos, na metodologia de um para dois, ou seja, um professor para cada dois alunos.

Evolução das crianças é gratificante, mas tem de ser avaliada a longo prazo
Telma Damas é mãe de Renato, de sete anos, um dos primeiros alunos do programa. Os primeiros sinais apareceram aos oito meses, com espaços e dificuldades motoras. Com um ano, Renato Damas foi diagnosticado com Síndrome de West, uma doença rara que afecta o desenvolvimento. Aos três anos apareceram os primeiros sinais de autismo com movimentos como abanar as mãos e o tronco para a frente e para trás, assim como a rejeição de contacto físico. A mãe confessa que foram períodos de grande dificuldade e angustiantes, com apoios parcos e tratamentos com custos muito elevados e fora do concelho.
Na escola, Renato frequentou terapia ocupacional e foi acompanhado por uma professora de ensino especial. Os pais tiveram conhecimento do programa do município e referem que tem sido uma ajuda fundamental. “Não vemos melhorias ao fim de uma ou duas aulas. É uma evolução a longo prazo, se calhar ao fim de um ano é que percebemos as melhorias, mas existem e é fundamental frequentar as três áreas de terapia do projecto” explica Telma Damas, acrescentando que cada dia é muito intenso e desafiante. “Já vejo o Renato a conseguir descer e subir escadas, não ter medo de estar ao colo, já anda a cavalo sem qualquer receio, movimenta bem os membros, sente-se confortável dentro de água e isso era impensável há um ano atrás. Tem sido muito gratificante”, diz com emoção.
Renato Damas está no último ano em que é possível frequentar o programa e a mãe admite alguma apreensão quanto ao futuro. No entanto, diz-se esperançada por ver a vontade do município em ajudar e apostar em professores para continuar a ajudar no desenvolvimento das crianças. “Só tenho coisas boas a dizer e estou muito grata. Acredito que vão conseguir arranjar uma solução para conseguir continuar a ajudar-nos e acompanhar as crianças que mais necessitam”, afirma Telma Damas.

Telma Damas é mãe de Renato Damas de sete anos, um dos alunos do programa que sofre de autismo. Mãe acredita que projecto tem sido grande factor de evolução da criança

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