Chamusca Basket é um oásis no associativismo desportivo do concelho
O basquetebol tem uma história de sucesso na Chamusca. A equipa feminina sub-14 do Chamusca Basket conquistou os mais recentes feitos e a Final Four nacional ficou à distância de três pontos. O clube tem uma equipa sénior masculina no campeonato nacional da 1ª divisão e diversos escalões de formação onde crianças e jovens desenvolvem as suas aptidões na modalidade.
A equipa feminina sub-14 do Chamusca Basket é bicampeã distrital e esteve a um passo de se apurar para a final four do campeonato nacional do escalão nos dois últimos anos. No jogo decisivo, a 25 de Maio, contra o campeão distrital de Lisboa, o Quinta dos Lombos, as ribatejanas perderam no seu pavilhão por 37-40 e ficaram pelo caminho. Mas isso não deslustra a boa época realizada e que constitui mais um bom exemplo do excelente trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo clube no basquetebol jovem e também em seniores.
Antes de começar o último treino que antecedeu o jogo decisivo com a Quinta dos Lombos, O MIRANTE foi conversar com o treinador principal da equipa sub-14, Ricardo Martinho, e com a capitã de equipa, Beatriz Silva, 14 anos. A jovem atleta experimentou o basquetebol aos quatro anos de idade por influência da mãe, Sónia Abana, antiga jogadora do clube da Chamusca. Agora é a mãe que a acompanha para todo o lado como fiel adepta. Em casa os serões eram passados a ver basquetebol em família. Via as jogadas na televisão, aprendeu a ler o jogo em campo e tornou-se uma peça fundamental na equipa, levando a bola para a frente como faz o base, posição que na modalidade exige técnica e muita perspicácia.
Beatriz Silva integrou este ano a selecção distrital pela terceira vez, grupo que conseguiu a melhor prestação de sempre na Festa do Basquetebol Juvenil em Albufeira. Santarém ficou em terceiro à frente de selecções como o Porto e não disputou a final com Lisboa por um ponto. O nome de Beatriz Silva constou ainda da pré-convocatória da selecção nacional sub-14, no Verão passado, entre 40 jogadoras de todo o país.
Na época passada a equipa esteve na mesma situação e falhou a fase final por dois pontos num jogo discutido em Leiria contra o Club 5Basket, de Rio Tinto. “Independentemente do que aconteça ninguém pode tirar o valor ao que as sub-14 fizeram no campeonato nacional”, diz a O MIRANTE o treinador Ricardo Martinho.
Treinadores começaram na casa como jogadores
As equipas sub-14 e sub-18 femininos - esta última a conseguir o apuramento para a Taça Nacional e a terminar a sua participação também na segunda fase - são treinadas pela dupla Ricardo Martinho e João Rui Salgueiro, ex-atleta da União Desportiva da Chamusca, de 36 anos, campeão sub-14 na época 1999/2000. Ricardo Martinho, 46 anos, natural da Chamusca, também começou a sua formação com 11 anos na secção de basquetebol da União Desportiva da Chamusca, que depois foi extinta. Conta que num campo de férias nos Estados Unidos da América recebeu o convite para ficar, mas acabou, com 15 anos, por ir jogar para o Sporting CP e mudar-se para casa de um director do clube, sendo que depois os pais acabaram por se mudar para Lisboa.
O percurso de Ricardo Martinho no Sporting durou dois anos porque o clube suspendeu a modalidade por alguns anos. Foi convidado para o SL Benfica mas teve uma lesão no ombro que o fez baixar o grau de exigência. Quando começou a trabalhar decidiu voltar à Chamusca. Jogou nos seniores e chegou a acumular as funções de jogador e treinador. Matilde, a filha, jogadora na equipa sub-14, foi a responsável por voltar ao clube. O bancário e treinador diz valorizar a atitude competitiva. “Nem parecem ter 14 anos, pela atitude, compromisso e forma como se entregam ao jogo”, diz. Para Ricardo Martinho, o basquetebol “não tem a ver com a altura, mas com o talento, coração e ambição” e “tudo é possível desde que trabalhemos para isso”.
Uma centena de atletas em competição
O Chamusca Basket conta actualmente com cerca de cem atletas e oito treinadores. O clube tem ainda uma equipa sénior masculina no campeonato nacional da primeira divisão, os sub18 masculinos que estiveram também este ano no campeonato nacional e os escalões de formação onde são dadas as bases. O número de atletas numa vila afectada pela perda e envelhecimento da população é de relevar e tem a ver com a credibilidade que o clube tem conquistado ao longo dos anos no país. Ricardo Martinho diz que a maioria dos atletas é do concelho da Chamusca, embora alguns sejam oriundos de concelhos vizinhos. “Não é fácil recrutar atletas e só apresentando qualidade os podemos ter. Fazem sempre falta atletas e o pavilhão é municipal, logicamente que era fantástico ter um pavilhão só nosso, como algumas equipas no país têm, mas o clube não tem recursos para o poder ter”, diz.