Desporto | 23-07-2024 21:00

Atletas do Clube Náutico Barquinhense são promessas da canoagem nacional

Atletas do Clube Náutico Barquinhense são promessas da canoagem nacional
Atletas e treinadores realizam sete treinos por semana. Ter um atleta nos Jogos Olímpicos é um objectivo da associação

Carolina Carita e Vera Martins são atletas do Clube Náutico Barquinhense desde os oito anos, tendo já participado em provas nacionais e europeias.

Garantem que o mais difícil é conciliar a vida pessoal e desportiva, mas com capacidade de superação e espírito de sacrifício é possível. Presidente da associação e treinadores apontam como objectivo do clube ter um atleta olímpico e dizem que é fundamental haver mais apoio a nível nacional.

Carolina Carita e Vera Martins têm 17 anos são atletas do Clube Náutico Barquinhense e praticam canoagem há dez anos e são duas esperanças da modalidade. Carolina Carita participou no Campeonato Nacional de Juniores no fim-de-semana de 6 e 7 de Julho, enquanto Vera Martins esteve no Campeonato da Europa, no último fim-de-semana de Junho, na Eslováquia. A maior dificuldade apontada pelas duas jovens é o desafio de conciliar a vida pessoal, académica e desportiva. “Há momentos em que temos de abdicar de alguma coisa em prol de outra. Os nossos amigos vão sair e nem sempre podemos ir também. Há outras alturas em que saímos das aulas já de noite e em vez de irmos para casa, vamos treinar”, diz Vera Martins, garantindo ser essa a maior dificuldade enquanto atleta.
A jovem confessa que até chegar ao secundário pretendia entrar na Academia Militar, mas com os bons resultados desportivos e o gosto pela modalidade, percebeu que não iria conseguir conciliar a vida militar e desportiva, acabando por optar por procurar uma faculdade onde possa tirar um curso superior e conciliar a vida de alto rendimento desportivo. Durante os estágios de preparação para o Campeonato da Europa, Vera Martins teve de conciliar os treinos com os estudos e, inclusive, pedir para realizar o exame nacional de português em Montemor, onde estava a estagiar.
Carolina Carita acredita que o mais difícil de ser atleta é gerir a preparação e a espera pelos resultados. “Durante o Inverno quase não há provas, temos de passar o frio, os treinos à noite e o cansaço de aulas e treinos e não vimos os resultados. Claro que depois o sentimento de superação compensa, mas até lá é frustrante trabalhar sem ver resultados”, diz a jovem.
Ângelo Pedrosa e Henrique Vicente são naturais de Vila Nova da Barquinha e regressaram ao clube como treinadores das atletas. O trabalho em conjunto começou em Dezembro, sendo realizados sete treinos por semana. Motivação, espírito de sacrifício, conciliar a vida pessoal e desportiva e a capacidade de superação são os factores que apontam para formar um atleta campeão, além dos intrínsecos como força e boa preparação física.
Vera Martins participou no Campeonato da Europa de Juniores realizado na Eslováquia. Durante a época fez os seus melhores resultados de sempre com um primeiro lugar em 2000 metros, terceiro nos 250 e segundo lugar nos 500 metros da Taça de Portugal. Carolina Carita também é atleta de pista, mas é no Slalom (canoagem em águas bravas) que a jovem mais se destaca, tendo sido campeã nacional em todos os escalões em que participou.
A prova internacional foi a primeira de Vera Martins que considerou a experiência “diferente de todas as outras”, mas onde não conseguiu segurar as lágrimas após ter conquistado o sétimo lugar, ficando apenas a um de se apurar para o campeonato do mundo. “Competimos com atletas que fazem estágio juntas durante todo o ano. Eu e a minha colega não tivemos essa oportunidade porque em Portugal é diferente e do pouco tempo que tivemos juntas, o sétimo lugar já é um bom resultado mas saber que o nosso objectivo, que era o apuramento para o campeonato do mundo, estava ali tão perto foi muito frustrante”, lamenta.

Ter um atleta olímpico é o grande objectivo
O presidente do clube, João Martins, está à frente da direcção há três anos. Começou na associação como atleta aos oito anos e aos 17, por entrar na Academia Militar, abandonou a modalidade, tendo regressado recentemente com as filhas. Garante que o seu grande objectivo enquanto presidente é conseguir ter um atleta nos Jogos Olímpicos, mas para isso é preciso haver apoio nacional. “Não sei quando vai ser, mas vamos conseguir ter um atleta olímpico. No entanto, é uma responsabilidade nacional, têm de ser dados mais apoios e condições à modalidade” explica.
“O pouco tempo de estágio é a prova da falta de investimento que vivemos. No Campeonato da Europa, as nossas atletas estagiaram seis semanas durante o ano e outras estão juntas todo o ano” lamenta, acrescentando que em provas de duplas o entrosamento é mais importante que a própria preparação do atleta e que isso, muitas vezes, dita o sucesso da prova.
João Martins garante que o seu grande objectivo enquanto presidente é conseguir ter um atleta nos Jogos Olímpicos, mas até para isso é preciso haver apoio nacional. “Não sei quando vai ser, mas vamos conseguir ter um atleta olímpico. No entanto, é uma responsabilidade nacional, têm de ser dados mais apoios e condições à modalidade” explica.

Tudo começa na escolinha de canoagem

O clube conta com 35 atletas, entre os oito e os 17 anos. A partir dessa idade, muitos jovens seguem a vida académica e profissional e acabam por abandonar a modalidade, não havendo equipa de seniores. Todos os anos o clube pretende atrair novos atletas, existindo para isso vários programas como a escolinha de canoagem onde as crianças começam com cinco anos a aprender a navegar, sem a vertente de competição. “Ficam três anos apenas a brincar, a aprender canoagem, estar no barco e só depois são apresentados à competição. É fundamental as crianças serem disciplinadas para isso, porque é um desporto com água e, muitas vezes, à noite. Os próprios pais podem participar neste processo e deixamos irem em barcos com as crianças para que todos se sintam mais seguros”, diz João Martins.
Existem ainda outras actividades que não funcionam para recrutamento, mas para promover a modalidade e incentivar a prática desportiva. No dia 12 de Julho realizaram um programa de canoagem adaptada a pessoas com incapacidade física e cognitiva. “A finalidade é dar algum retorno à sociedade, mas por vezes, somos nós que tiramos o melhor, pela satisfação de ver a cara de alegria das crianças que, apesar das dificuldades, conseguem entrar no barco, remar e divertir-se, é uma satisfação enorme conseguir proporcionar isso e ver o sorriso deles”, diz João Martins.

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