Xadrez é disciplina na Academia Sénior da Golegã
Desde Outubro de 2023 que a Academia Sénior da Golegã tem a disciplina de xadrez, um jogo que desperta a imaginação e ajuda a manter o cérebro activo. Jorge Fonseca, que joga e compete pelo Xadrez Cineclube Torres Novas, é o principal dinamizador.
A curiosidade levou Jorge Fonseca, 71 anos, a entrar num clube de xadrez aos 10 anos, em Angola. Uma vida ligada aos tribunais fê-lo afastar-se do jogo de tabuleiro e só aos 40 voltou a jogar e competir, no Xadrez Cineclube Torres Novas. A viver na Golegã, tem dinamizado desde Outubro o xadrez na Academia Sénior da vila. No sábado, 20 de Julho, celebrou-se o Dia Internacional do Xadrez, data que corresponde à criação da Federação Internacional de Xadrez em Paris, em 1924.
Jorge Fonseca afirma que os clubes vão desaparecendo por falta de “verba ou desinteresse”, restando dois no distrito, em Santarém e Torres Novas.
“As pessoas não se querem aventurar no xadrez porque não sabem, mas é a jogar que se aprende”, defende. Segundo Jorge Fonseca, o xadrez desperta a imaginação e coloca a cabeça a trabalhar: “Temos de aprender os movimentos como nos outros desportos. É como se estivéssemos a comandar um grupo de pessoas”. Conta que até há 15 anos era um “jogo de cavalheiros” e tornou-se num desporto de competição. “Os miúdos ao início aprendem determinados movimentos e estruturas que os levam a ganhar mais rápido. Antigamente o jogo era mais calmo, pensava-se bem”, explica, mostrando alguns dos livros onde aprendem a desembaraçar-se, sendo uma forma de atrair os mais jovens.
Natural de Coimbra, Jorge Fonseca foi para Angola com três anos por causa dos pais enfermeiros e só regressou a Portugal com o 25 de Abril. Trabalhou em várias comarcas como escrivão e deixou o xadrez. Há cerca de 40 anos mudou-se para a Golegã. Integrou o Grupo de Xadrez Alekhine, em Lisboa, e integra o Xadrez Cineclube Torres Novas onde ensina e aprende aos sábados, além de participar em competições oficiais, tendo-se sagrado já campeão distrital de rápidas. A manhã de quarta-feira é dedicada à turma da Academia Sénior da Golegã, composta por seis elementos na casa dos 70 e 80 anos. A ideia é crescerem como grupo e Jorge Fonseca quer ir mais longe e sugerir à administração uma disciplina de jogos.
O xadrez também é convívio
O xadrez na Academia Sénior da Golegã surgiu porque já era aluno de informática, restauro e ciências. Em casa joga no telemóvel, sendo uma das vantagens estar a ver o tabuleiro de cima, afirma, mas os seus alunos preferem o jogo presencial por causa do convívio. Alfredo Costa, 71 anos, andou com Jorge Fonseca na escola em Angola e é um dos seus alunos. Reencontraram-se anos mais tarde na Casa dos Patudos, em Alpiarça, onde Alfredo trabalhava como segurança e fazia visitas guiadas. Reformou-se há cinco anos e as disciplinas da Academia Sénior da Golegã, que está a frequentar pelo primeiro ano, complementam as que tem na Universidade Sénior da União de Freguesias da Chamusca e Pinheiro Grande, como é o caso do xadrez, uma forma de se manter activo e em boa companhia. Natural de Angola, trabalhou na fábrica de cervejas Cuca e quando veio para Portugal começou a vida do zero. Mais tarde foi viver para a casa dos sogros na Chamusca e está a viver no Pinheiro Grande, concelho da Chamusca, com a esposa.
António Estêvão, 84 anos, natural da Golegã, é outro dos alunos. Desconhecia o jogo e chega a perder para o neto por pensar pouco nas jogadas. Frequenta a Academia Sénior desde 2011 e a maior motivação para o xadrez foi a companhia e passar bem o tempo. Trabalhou como electricista de alta tensão para a CP e outras companhias e em casa faz bricolage e ajuda a esposa. Reformou-se com 72 anos.