Uma academia em Riachos para treinar futebol durante as férias de Verão
A RX Soccer Academy foi criada em 2023 com o objetivo de promover actividades durante os meses de Julho e Agosto para os jovens da vila e da região. Dedicada a treinos de futebol individuais e colectivos, a academia conta com 340 atletas dos cinco aos 15 anos.
O projecto RX Soccer Academy foi criado o ano passado, por um grupo de amigos da vila de Riachos, com o objectivo de proporcionar aos jovens atletas de futebol uma ocupação durante as férias lectivas, com actividades futebolísticas. Com treinos colectivos e individuais, de terça a sexta, a academia conta com 340 atletas, dos quais 45 são atletas femininas, com idades entre os cinco e os 15 anos. A estrutura é composta por 25 treinadores e três directores. O treino especializado de guarda-redes foi a novidade deste ano. Diogo Martinho, de 37 anos, é um dos impulsionadores do projecto. Jogou futebol até à idade sénior em clubes da região, tendo depois ingressado na área do treino. O projecto surgiu porque, juntamente com um grupo de amigos, acreditavam que existia falta de actividades para as crianças e jovens durante o Verão. O ano passado contaram com 220 atletas e, com mais 120 inscrições, este ano alargaram os treinos também para a Golegã. Apesar da maioria dos atletas ser de clubes do Entroncamento, Riachos e Torres Novas, contam também com outros de Santarém, Pernes, Almeirim e Tomar, além de três do Sport Lisboa e Benfica e uma jogadora do Sporting Clube de Portugal.
Quanto ao funcionamento, Diogo Martinho explica que existem escalas de treinadores para que possam variar entre dar treinos em Riachos ou na Golegã e para que também possam ter dias de folga durante a semana. Os treinos têm turnos das 18h00 às 21h00 às quartas e sextas, sendo a primeira hora para o futebol feminino, e das 19h00 às 21h00 às terças e quintas. Os atletas inscritos durante um mês completo fazem um total de oito treinos, para que não seja demasiado desgastante, com treinadores diferentes várias vezes. “É importante para a criança apanhar vários treinadores para tornar o processo mais enriquecedor. Tem oportunidade de ir absorvendo as ideias e conhecimentos de cada treinador”, explica Diogo Martinho.
Os grupos de treino são compostos por, no máximo, nove elementos e dois treinadores para que possa ser dada a máxima atenção a cada atleta. Para Diogo Martinho o foco dos trabalhos não passa pela vertente táctica, que acha pouco necessária em atletas mais novos, mas pelo trabalho com bola, equilíbrio, agilidade e coordenação motora. A vantagem de dedicar dois meses das suas férias a praticar desporto e trabalhar aspectos futebolísticos que podem colher frutos meses depois, nos seus clubes, são os principais aspectos positivos que Diogo Martinho aponta.
Apesar da faixa etária ser dos cinco aos 15 anos, existem treinos individuais para atletas juniores e seniores. “Temos cerca de 14 atletas acima dos 17 anos, que nos procuram para se manter em forma durante o Verão ou para melhorar aspectos detalhados do seu jogo e, nesses casos, somos nós que tentamos ir de encontro ao pretendido. Por exemplo, se procuram melhorar a condição física, aspectos mais tácticos ou técnicos como cruzamentos, preparamos treinos com base nisso”, explica Diogo Martinho. Além disso, a academia tem também aulas de zumba e crossfit durante as horas de treino, para os pais que estejam à espera dos filhos também se manterem activos.
Os 25 patrocinadores e parceiros do projecto são parte fundamental do processo. Diogo Martinho afirma que seria completamente impossível sem toda a ajuda que têm recebido. A maior dificuldade do projecto prende-se com a logística do campo, uma vez que não têm espaço próprio. Em Riachos, o Clube Atlético Riachense tem cedido o campo à academia que, como forma de agradecimento, doa os materiais de treino ao clube. “São cerca de três mil euros em equipamento que adquirimos ao longo do ano e, no fim de cada ano, fazemos questão de doar ao Riachense como forma de agradecimento pelo empréstimo do campo”, diz. A vertente social é outra das preocupações da academia. “Temos algumas crianças e jovens com dificuldades financeiras. Alguns vivem em lares e casas de acolhimentos e fazemos questão que apenas desfrutem dos treinos, não pagam rigorosamente nada e oferecemos os equipamentos”, afirma.
Um projecto para expandir
Diogo Martinho defende que para treinar crianças, mais importante do que saber de futebol é saber ser simpático e ouvir o que cada um precisa. “Um treinador de formação tem de se preocupar em ajudar as crianças a evoluir. Fazer treinos que não sejam aborrecidos para eles ou demasiado rígidos, que promovam a criatividade de cada um, muito tempo com bola, transmitir segurança, confiança e boas energias”, afirma. O mais importante no processo é a transmissão de valores como o espírito de equipa e o respeito por todos os intervenientes do jogo.
Para o futuro, o desejo é apenas continuar a crescer e expandir, sem adoptar uma vertente competitiva. “Queremos continuar a ser um processo paralelo ao futebol de competição. Talvez possamos, no futuro, alargar estas actividades às férias de Páscoa e de Natal, ainda não o fizemos porque já agora são muitos meses de preparação de treinos, comprar materiais e equipamentos e se fizéssemos com mais regularidade seria ainda mais difícil, mas quem sabe no futuro”, remata com um sorriso.