Atletas e treinador da Escola de Karaté do Entroncamento saem e criam novo clube
Discordâncias no seio da Escola de Karaté do Entroncamento conduziram ao fim da ligação entre o treinador Carlos Santos e a restante estrutura. Alguns atletas acompanharam o treinador e representam agora uma associação criada recentemente.
O treinador Carlos Santos e vários atletas da Escola de Karaté do Entroncamento desvincularam-se da associação e criaram um novo clube. Em causa desentendimentos entre o treinador e a direcção. Carlos Santos decidiu abandonar a associação e dedicar-se aos treinos sozinho, na sua casa, juntamente com as duas filhas, no entanto, comprometeu-se a fazer o plano de treinos com os atletas que estiveram presentes em Julho na Taça do Mundo JKS no Japão. Vários dos atletas presentes na competição, e outros, decidiram juntar-se ao treinador, quando souberam da sua saída.
Carlos Santos explica que decidiu sair antes da competição e dedicar-se a treinar sozinho em sua casa, no mini-dojo que criou na sua garagem com equipamentos e materiais próprios. Por influência dos pais dos atletas que decidiram acompanhar o treinador, foi criado no dia 5 de Setembro o clube Shoto Karaté Hinotori-do, que significa o caminho do pássaro de fogo, em alusão à fénix e ao renascer das cinzas. O clube vai estar ligado à Associação Nacional de Artes Marciais Mistas e Disciplinas Associadas (ANAMMDA), no Entroncamento, para estar ligado a uma associação local e ter direito a apoios e acesso a instalações de treino, como é o caso do pavilhão municipal.
O treinador explica que não era sua intenção criar um clube e que não incentivou nenhum atleta a juntar-se a si. “Queria desvincular-me sozinho e continuar a prática apenas eu, em minha casa. Quando se começaram a juntar a mim para treinar, os pais e atletas incentivaram a criarmos um clube para organizarmos as sessões de treino”, explica o treinador que foi responsável por toda a preparação dos atletas para a Taça do Mundo JKS, no Japão, que decorreu nos dias 25 e 26 de Julho.
Todos os atletas contam com pódios em provas nacionais e regionais, seja em comité JKS ou em provas da Federação Nacional de Karaté. Na Taça do Mundo JKS, no Japão, Nair Marques arrecadou o 2º lugar no escalão em equipa de 8-11 anos. Francisca Duque, Beatriz Oliveira e Mariana Santos, conquistaram o 3º lugar em equipas femininas dos 13 aos 15 anos.
Karaté exige resiliência e carácter forte
Os nove atletas presentes na prova no Japão e que acompanharam Carlos Santos na transição para o novo clube têm idades entre os 10 e 15 anos e praticam karaté desde crianças, a maior parte por influência dos pais. “O meu pai também fez artes marciais e passou-me o gosto. Eu queria aprender defesa pessoal e decidi entrar no karaté”, explica Gabril Bociuc. Maria Henriques, que optou pelo desporto após uma demonstração nas festas do concelho, afirma que a prática da modalidade foi fundamental para a ajudar a ultrapassar a morte do irmão e para lidar com problemas de raiva.
Autocontrolo, sinceridade, disciplina, autoconfiança, resiliência e calma foram os benefícios da modalidade mais apontados pelos atletas. “O karaté ajuda-me a ter mais confiança em mim e nas minhas capacidades”, diz Sofia Bociuc. Mariana Santos acredita que a adopção do estilo de vida e dos comportamentos ditados pela modalidade distingue os jovens dos não praticantes. “Como faço karaté desde os cinco anos, hoje em dia já consigo distinguir comportamentos entre jovens da mesma idade mas que tenham trabalhado os valores da disciplina e respeito, como nós” explica. Lourenço Martins defende que é fundamental ter carácter para ser bom praticante de karaté. “É preciso esforço e disciplina. As pessoas têm de ter resiliência e carácter forte. Há muitos jovens que vêm experimentar e acabam por desistir ao fim de uns dias”, diz.