Desporto | 29-09-2024 15:00

Atletismo do Povoense precisa de equipamentos para 130 atletas

Atletismo do Povoense precisa de equipamentos para 130 atletas
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Secção de Atletismo do UAP tem 130 atletas federados e uma equipa técnica que trabalha por amor à camisola

A pista de atletismo do União Atlético Povoense foi reabilitada em 2020, mas a falta de equipamentos e dinamização de provas continua a limitar o desenvolvimento da modalidade. Com 130 atletas federados, a equipa enfrenta desafios de financiamento e o futuro do atletismo no clube está nas mãos da direcção.

A pista de atletismo do complexo desportivo do União Atlético Povoense (UAP) foi reabilitada em 2020, com vista à homologação da mesma por parte da Federação Portuguesa de Atletismo, mas até à data só ali foi realizada uma prova oficial, a Milha do Povoense. Na pista faltam equipamentos e infraestruturas de apoio, blocos, barreiras, obstáculos e salto com vara. Os treinadores recorrem à imaginação e nas camadas mais jovens de atletismo lançam a peteca em simulação do dardo e o martelete para simular o lançamento do martelo, em disciplinas que são adaptadas.
“Estes equipamentos deviam ser adquiridos pela autarquia para todas as equipas, pela Associação de Atletismo de Lisboa ou pela Federação. Tem que haver uma sinergia das entidades oficiais porque são dinheiros públicos e esse material não pode ser só para os nossos atletas mas sim para realizar também provas nacionais e regionais”, defende o treinador de atletismo do UAP, Alexandre Monteiro.
A modalidade conta esta época desportiva com 130 atletas federados e níveis de treino: escolinhas, desenvolvimento, aperfeiçoamento e competição. O clube tem atletas em quase todas as disciplinas do atletismo, como corrida, marcha, lançamentos e saltos.
Quatro treinadores não remunerados dedicam-se a ensinar os mais novos e a orientar os mais velhos na modalidade, com muita carolice e despesas de deslocação pagas do próprio bolso. A única compensação é o sorriso das crianças depois de uma prova ou treino. “Temos de motivar quem cá está e é difícil. As pessoas vêm de Alverca para dar treinos e pagam o combustível. Manter este nível ao longo do ano não é fácil. Estou aqui há sete anos e agarrei neste projecto, que comecei a construir de base. Temos potencial para sermos uma das maiores equipas de Lisboa e temos uma pista de atletismo onde podemos treinar”, diz Alexandre Monteiro.

Atletismo sem orçamento nas mãos da direcção
Alexandre Monteiro, 58 anos, começou a correr aos 13 anos e é treinador há 40. Uma das maiores dificuldades que sente no UAP é manter os atletas que são constantemente assediados por outros clubes, que lhes oferecem melhores condições. A secção de atletismo não tem um orçamento definido pela direcção do Povoense, o que dificulta a gestão da modalidade. “O UAP é praticamente a única equipa do concelho de Vila Franca de Xira federada e com expressão competitiva é única. Em termos colectivos, a equipa teve este ano um resultado aquém do que poderíamos fazer se tivéssemos um apoio inequívoco da direcção do clube e que as entidades regionais olhassem para a modalidade com uma visão integrada. De um ano para o outro não temos garantia que o nosso orçamento seja estritamente aplicado na modalidade de atletismo”, refere.
O técnico deixou na mão da direcção do UAP a decisão em relação ao futuro do atletismo. A direcção tem um prazo para se pronunciar sobre se aceita ou não o plano da equipa técnica e se quer apostar na modalidade. “Tenho muito gosto em vestir o equipamento do UAP como atleta, técnico principal e coordenador mas se sentir que a aposta da direcção é noutro sentido ponho o lugar à disposição e que arranjem alguém que queira dar continuidade. Estamos aqui por boa-fé, amor ao clube e à causa do atletismo”, afirma.

Correr é uma paixão para a vida

Há dois anos Ana Macedo, 52 anos, tirou o curso de treinadora e hoje além de técnica é atleta. Participa em várias provas fora do país, pagas por si, e pela despesa que acarreta está já a amealhar dinheiro para participar nos mundiais em 2026.
Aos 67 anos, o veterano das corridas José Piçarra continua a desafiar-se. Começou aos 17 anos a correr e nunca mais parou porque se sente bem física e mentalmente. Guarda na memória os tempos em que corria no Jamor, a seguir ao trabalho. “Agora tenho dores e tive muitas lesões, a pior foi no tendão. Tenho amor pelo atletismo. Já participei em provas internacionais na Dinamarca e Finlândia, por exemplo”, conta.
Em 2010, Bruno Francisco, 41 anos, começou a correr mais a sério. Já fazia musculação desde a adolescência mas o desafio lançado por um conhecido fez com que participasse numa prova e tenha feito um bom tempo. A partir daí dedicou-se à corrida e só descansa uma vez por semana. “Além de ser saudável, no atletismo faz-se muitos amigos, para a vida. Gostava um dia de ser treinador e trabalhar com os miúdos. Gosto da formação e estar a ensinar é muito gratificante e damos um contributo para a sociedade. Tenho muito ainda para evoluir e a minha meta pessoal é melhorar tempos”, afirma.
Pedro Carmona, 15 anos, jogava futebol no UAP mas uma lesão levou-o a parar dois anos. Ingressou no atletismo por sugestão do pai e acabou por ficar. Agora, segundo o treinador Alexandre Monteiro, é uma das jovens promessas do atletismo.

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