Sport Lisboa e Cartaxo dispensou 11 crianças por ter excesso de atletas
O Sport Lisboa e Cartaxo, que na época passada era o quinto clube a nível distrital com mais atletas de futebol, dispensou onze jovens por ter atingido o limite máximo de jogadores. Alguns pais não concordam com a forma como a decisão foi comunicada. O presidente do clube, João Neves, afirma que é uma situação comum nos clubes.
Depois do quinto lugar a nível distrital de mais atletas inscritos na época passada (306), o Sport Lisboa e Cartaxo dispensou 11 atletas já inscritos para esta época devido ao excesso de atletas em certos escalões. Duas mães, de rapazes de 13 e 14 anos, que efectuaram a reinscrição no início de Junho, e respectivos exames médicos, acham “inadmissível” a atitude. O presidente João Neves, em conversa com O MIRANTE, considera que “vamos receber muitas negas na nossa vida a nível profissional e pessoal” e que a situação “é banal e acontece em todos os clubes”. O treinador dos iniciados A, que nada teve a ver com a situação e que treinava há quatro anos, despediu-se no dia em que soube da decisão.
João Neves explica que com excesso de atletas nos juvenis e iniciados a ideia era fazer uma equipa B de juvenis, que reuniu 13 dos cerca de 20 atletas necessários. Aos seis juvenis dispensados foi dada a oportunidade de subirem de escalão para juniores, três aceitaram experimentar e três abandonaram o clube. Para os cinco iniciados não houve solução a não ser deixar de treinar por o clube estar, alegadamente, no limite de ocupação das infraestruturas. O futebol de 11 tem 24 jogadores em todos os escalões e o clube está a usufruir de três campos partilhados com outros clubes, no Cartaxo, em Pontével e em Vale da Pinta. “O Sport Lisboa e Cartaxo é um clube sem casa. Nem todos os dias da semana podemos pisar a relva natural” do Estádio Municipal do Cartaxo, diz João Neves, embora não tenha chegado nenhum pedido de ajuda à câmara antes da dispensa dos atletas.
Maria Cardoso, em representação de sete pais, afirma que na reunião de início de época dos iniciados, a uma segunda-feira, foi passada a informação da necessidade de dispensa de atletas, mas que os nomes só seriam revelados no final do treino de quarta-feira. No final do treino, o clube tinha a lista em sua posse e informou os atletas de que iria comunicar aos pais os nomes. Mas, no caso dos iniciados, a atitude de um atleta de querer saber para que todos estivessem unidos espoletou a revelação dos nomes naquele exacto momento, conta João Neves. Enquanto isso, os pais assistiam da bancada e relatam que os filhos saíram em lágrimas e um deles não foi à escola no dia seguinte.
João Neves diz que a avaliação técnica teve peso na decisão. “O clube divide o atleta em três níveis. Claramente tem de haver escolhas”. assume. Duas das mães colocaram os filhos a treinar noutro clube, fora do concelho, e afirmam que não havia sinais de que seriam dispensados. “Nos dois primeiros jogos fez parte do 11 inicial. Jogou a primeira parte, iniciou a segunda, saiu um bocado e voltou. O clube não tinha nenhum encargo com os nossos filhos porque éramos nós que os transportávamos para todo o lado”, desabafa uma das mães, garantindo que já foi ressarcida das despesas. João Neves está no seu quinto ano como presidente e revela a O MIRANTE que será o último mandato.