GD Marinhais pondera abandonar a 2ª divisão distrital de futebol após ser multado
O distrital da 2ª divisão de seniores em futebol começou da pior forma para o GD Marinhais e ADCR Paço dos Negros, ao ponto da GNR ser chamada a intervir no jogo entre os dois clubes. Além de desacatos nas bancadas, terão sido proferidos insultos racistas e um jogador de Paço dos Negros está suspenso preventivamente.
O Grupo Desportivo de Marinhais sente-se injustiçado com as medidas decretadas pelo conselho de disciplina da Associação de Futebol de Santarém (AFS) após o polémico jogo de seniores em futebol contra o Paço dos Negros, a 13 de Outubro. O Marinhais irá discutir na noite de segunda-feira, 21 de Outubro, com sócios, adeptos e simpatizantes, a continuidade da equipa no Campeonato da 2ª Divisão Distrital.
O concelho de disciplina da AFS, reunido a 16 de Outubro, decretou que o GD Marinhais e o ADCR de Paço dos Negros serão multados em 250 euros cada e terão um jogo à porta fechada por desacatos na bancada na primeira jornada do campeonato. A decisão baseia-se no ponto 1 do artigo 150º que refere que “é punido o clube cujos sócios ou simpatizantes invadam o terreno de jogo com o intuito de protesto ou exercício de ameaça à integridade física de pessoa autorizada a permanecer no terreno de jogo ou de outros espectadores, ou provoquem distúrbios que determinem justificadamente o árbitro a atrasar o início ou reinício do jogo ou a interromper a sua realização por período superior a cinco minutos”.
Foi ainda aplicado um processo disciplinar a um jogador de Paço dos Negros por alegados insultos racistas, e à sua equipa, com suspensão preventiva do jogador, isto é, até que o processo esteja concluído fica impedido de jogar. O jogador em questão foi expulso aos 30 minutos da partida.
Os desacatos nas bancadas começaram após o segundo golo do GD Marinhais aos 83 minutos, marcado por um jogador de origem cabo-verdiana, a quem terão sido dirigidos insultos racistas. A equipa de arbitragem recusou-se a reiniciar a partida sem a presença da GNR e a interrupção foi algo prolongada. Aquando da chegada da GNR ao campo de Paço dos Negros, a situação já estava mais calma. Ninguém foi identificado nem houve queixas no posto, esclareceu O MIRANTE junto da GNR. O Marinhais venceu por 1-2.
Marinhais diz-se injustiçado
O GD Marinhais considera que a AFS tratou o clube como “culpado” numa situação onde não teve “qualquer responsabilidade”. O clube do concelho de Salvaterra de Magos escreveu ainda nas suas redes sociais na noite de quinta-feira, 17 de Outubro, que houve alteração do grau de risco do seu próximo jogo contra o União de Santarém B, obrigando a haver policiamento. “Partindo do pressuposto, uma vez mais, que os nossos adeptos têm um comportamento inadequado”, reclama o Marinhais, acrescentando que “nos poucos encontros oficiais já realizados em todos os escalões esta época, nas nossas instalações, não se registaram quaisquer episódios do género”, deixando duras críticas à AFS.
O presidente da AFS, Francisco Jerónimo, explica a O MIRANTE que a comissão de risco, composta por forças policiais e elementos da AFS, reúne todas as semanas para avaliar os jogos da semana anterior e projectar os próximos. Todos os jogos funcionam com segurança, garante Francisco Jerónimo, seja através de policiamento ou seguranças credenciados da responsabilidade do clube e inscritos na associação. Mesmo que não haja antecedentes do clube, se a comissão de risco entender, é obrigatório haver policiamento nos jogos.
Paço dos Negros desmarca-se das acusações
A equipa de Paços dos Negros emitiu um comunicado esta sexta-feira, 18 de Outubro, nas redes sociais, revelando que vai recorrer das decisões tomadas pelo conselho de disciplina. “A ADCR Paço dos Negros juntará todos os meios de prova, incluindo o relatório da GNR para defender o clube desta acusação”, escreve, desmentindo que tenha havido desacatos nas bancadas.
A ADCR Paço dos Negros manifestou-se também em defesa do seu atleta castigado, descrevendo-o como “um atleta correto em todas as equipas que passou, não sendo por isso reincidente”, mas reconhecendo que “teve uma expressão menos feliz, mas nunca com intenção de julgamento, racismo ou qualquer outro tipo de agressão verbal. Sendo um acto irreflectido no calor do Jogo sem qualquer ligação a crenças, racismo ou qualquer outra situação de exclusão”.