Desporto | 18-11-2024 15:00

Mariana Alcobaça brilha nas danças de salão e está entre as 50 melhores do mundo

Mariana Alcobaça brilha nas danças de salão e está entre as 50 melhores do mundo
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Mariana Alcobaça e André Pena são dois dos rostos da Academia de Dança do Entroncamento

Actual campeã nacional de danças de salão em pares e com mais de 30 títulos e presenças em várias provas internacionais e mundiais, em representação de Portugal, Mariana Alcobaça dança na Academia de Dança do Entroncamento, que a acolheu quando tinha seis anos.

André Pena, presidente da Academia de Dança do Entroncamento, conta os desafios que a associação tem enfrentado e afirma que é um orgulho poder continuar a apoiar a jovem que está no top-50 do ranking mundial.

Mariana Alcobaça é dançarina da Academia de Dança do Entroncamento e está entre as 50 melhores praticantes de dança de salão do mundo. Aos 23 anos, conta com 17 anos dedicados à dança, onde conquistou mais de 30 títulos, nacionais e regionais, sendo a actual campeã nacional pelo terceiro ano consecutivo, além de representar o país em provas mundiais e internacionais. A jovem lamenta não conseguir treinar todos os dias, devido à conciliação com a ocupação profissional, pois trabalha numa farmácia, e com o facto de o seu par ser da região norte do país.
Apesar do extenso palmarés, o que mais a orgulha é ocupar a 49ª posição no ranking mundial de dançarinos, afirmando ser um objectivo a longo prazo, conseguir chegar ao top-24. “Para mim, dança não é só um desporto, também é arte, tem uma forte componente de performance artística e por isso é importante transmitir isso”, afirma.
A preparação para as competições e a falta de tempo para dedicar a si e à família são as maiores dificuldades que aponta, por competir em alto nível, mas garante que os resultados compensam. “São muitas horas em pista ou a treinar passos sozinha em frente ao espelho. A este nível não temos de treinar já só dança, há também trabalho de ginásio e ter muita capacidade e estofo mental para digerir resultados e conseguir abdicar de tempo familiar e pessoal. Não me lembro da última Páscoa que passei com a família, assim como aniversários de familiares e amigos que não podia ir por ter competição”, conta a atleta.
Quanto ao que a distingue como dançarina para conseguir alcançar tantos títulos, Mariana Alcobaça acredita que seja uma questão para colocar mais a quem a assiste do que a si própria. O presidente da Academia de Dança do Entroncamento, André Pena, responde: “a Mariana dança com um sorriso nos lábios e quem a está a ver não faz ideia do esforço e sofrimento que ela está a passar, por dançar em saltos altos, por ter de estar a mexer muitos músculos e ainda estar concentrada e focada na coreografia. Nasceu para dançar e a expressividade com que o faz e a forma como transmite e desperta emoções no público é o que a diferencia”, afirma o presidente da academia.
A ligação entre a Academia de Dança do Entroncamento e a atleta é notória. André Pena afirma que é um orgulho contar com um par campeão nacional e que continuarão a fazer os possíveis para apoiar a atleta, que também afirma sentir-se em casa, acarinhada e bem acolhida por todos na escola de dança. “Faço questão de continuar a representar esta escola. Foi aqui que comecei e toda a gente me acarinha e quer o meu bem. Isso é o mais importante”, diz com um sorriso.

Preconceito afasta rapazes da modalidade
O presidente da Academia de Dança do Entroncamento, André Pena, foi um dos sócios fundadores da associação, em 2007, tendo assumido a presidência em 2019 após um período conturbado. “Tivemos muitos jovens a sair da academia, ou por irem para a universidade ou por outras escolhas. Um ano depois começa a pandemia e houve ainda mais gente a desmotivar, tanto atletas como dirigentes e senti-me na obrigação de segurar o barco e dar continuidade, pelos que cá estavam e por outros sócios-fundadores que, infelizmente, já faleceram”, explica.
A sede da academia, onde decorre a conversa com O MIRANTE, é a mais recente conquista da associação e uma das que mais orgulha André Pena e Mariana Alcobaça. “Foi um processo longo e difícil, mas, felizmente, conseguimos o nosso próprio espaço. Foi uma grande conquista”, diz o presidente com um sorriso de orgulho.
André Pena lamenta que ainda haja poucos rapazes na modalidade e defende que o preconceito devia ser uma palavra inexistente no desporto. “Fui paraquedista toda a vida. Eu próprio, quando comecei a dançar, ouvia algumas bocas, umas mais a brincar e outras mais a sério. Diziam que militar não devia dançar e outras piadas do género. Felizmente, sempre lidei bem com isso, porque estou bem resolvido, mas para alguns jovens isso não é fácil”, explica o dirigente.
Mariana Alcobaça viu alguns dos pares serem vítimas de preconceito e acredita que entre os 12 e os 16 anos é o período mais difícil. “Se começar em adulto, já não tem complexos nem nada a provar. Se for em criança, já está habituado porque cresceu neste meio. Mas se começar entre os 12 e 16 anos é complicado, porque, principalmente, na escola, ouve sempre algum comentário por abanar as ancas ou usar roupas apertadas”, diz.
Apesar de ter 28 adultos e 14 crianças na associação, apenas cinco praticantes estão federados, por opção dos próprios atletas. “Tentamos incentivar sempre a inscreverem-se e competirem. Mas há muita gente que gosta mais da vertente social e de vir ter aulas e aprender para fazer em demonstrações e apresentações”, explica André Pena. Os treinos na associação decorrem todos os dias da semana, excepto à quarta-feira, nas vertentes de competição, social e pré-competição. A vertente de dança social tem demonstrações de quatro a cinco vezes por ano e conta com participantes desde os seis aos 73 anos.

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