Centro de Marcha e Corrida de Alenquer forma campeões sob a liderança de Cristina Ponte
O Centro de Marcha e Corrida de Alenquer é uma referência no desporto local e nacional. Sob a liderança da treinadora Cristina Ponte, o projecto cresceu de poucos atletas para mais de 50, abrangendo modalidades como laser run, pentatlo moderno e atletismo. Além de formar campeões a treinadora incute valores essenciais nos seus atletas e reforça a importância do esforço e da dedicação desde cedo.
O Centro de Marcha e Corrida de Alenquer, com uma década de existência, tem sido um exemplo de dinamismo e promoção do desporto junto da comunidade. Há sete anos, Cristina Ponte assumiu a liderança do projecto, que na altura tinha apenas quatro ou cinco participantes. Hoje, conta com mais de 50 atletas divididos entre as modalidades de atletismo, laser run (corrida e tiro) e pentatlo moderno que envolve esgrima, natação, tiro, corrida e obstáculos ninja (conjunto de obstáculos como argolas e barras que têm de ser percorridas no menor tempo possível).
O Centro de Marcha e Corrida funciona no pavilhão instalado na Romeira, Alenquer. O material é da câmara e é guardado no espaço para ser usado por todos os atletas. Uma arma e alvo para prática de tiro custa 700 euros e um fato completo de esgrima são 500 euros. Os pais não pagam nada para ter os filhos a praticar desporto e por isso criaram um grupo de apoio em que são dinamizados almoços e vendidas rifas para conseguir levar os atletas a participar nas provas internacionais. O centro de marcha trabalha com a Federação de Atletismo e com a Federação de Pentatlo, que alocou dois treinadores para dar as aulas de esgrima e natação nas piscinas municipais. A pista de obstáculos ninja também está disponível no centro de marcha e há atletas a percorrê-la em 20 segundos.
Formar atletas e incutir valores para a vida
Cristina Ponte é a única treinadora do Centro de Marcha e Corrida de Alenquer. Acompanha atletas dos 7 aos 75 anos e todos os dias dá treinos ou vai para as provas desportivas. Começou a praticar desporto há 30 anos quando a desafiaram para ser atleta-guia da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal. Depressa se destacou e passou a atleta de alta competição de duatlo. “Pensei que era importante deixar um legado e formar atletas de base. É importante trazer os miúdos cada vez mais cedo para uma actividade física, pela saúde e bem-estar. O ideal é começarem entre os seis e sete anos para conseguirem ir mais longe”, refere. Pelas mãos de Cristina Ponte já saíram vários campeões a começar pela filha, Petra Santos, que se sagrou campeã da Europa de laser run e triatlo ou Maria Luísa Costa, campeã nacional e vice-campeã europeia de laser run veteranas +70. “Esqueçam o não tenho tempo e o sou velha, é só da vossa cabeça. O meu trabalho é diferente dos outros treinadores, nunca peço nada. O que faço é dar feedback positivo. No meu grupo não existe o não consigo”, reitera.
Respeito pelo próximo e dar estratégias para a vida dos jovens atletas para não estarem dependentes de outros para obter reconhecimento são as premissas de Cristina Ponte que incute sempre os atletas a darem o seu melhor. A fasquia sobe um pouco mais junto de quem entra nas competições. “Quando eu fui atleta de alta competição nem Natal tinha, não sabia o que era uma discoteca e não tinha vida social. Mas voltava a fazer tudo de novo. Às seis da manhã estava a fazer 100 quilómetros de bicicleta sozinha, à tarde estava a nadar e à noite vinha da faculdade e ainda ia correr 20 quilómetros. Faço um trabalho pedagógico porque estes miúdos estão formatados para o facilitismo. É outra geração, não é a mesma do Carlos Lopes e da Aurora Cunha”, explica.
Desporto inclusivo e para todas as idades
Maria Luísa Costa, 75 anos, começou no centro de marcha em 2020. Sempre praticou actividade física e quando se mudou de Lisboa para Alenquer fazia caminhadas em grupo. Após a Covid-19 foi desafiada por Cristina Ponte a praticar laser run, já que sempre gostou de tiro. Começou a competir e é campeã nacional e vice-campeã europeia de laser run veteranas +70. Há dois anos, Daniel Marques, 19 anos e autista, começou a treinar laser run e atletismo. Deu o melhor de si e sagrou-se campeão europeu de paralaser run. A O MIRANTE diz que quer ser campeão do Mundo.