Desporto | 05-01-2025 18:00

Sport Lisboa e Cartaxo limitado no futebol de formação por não ter campos para treinar

Sport Lisboa e Cartaxo limitado no futebol de formação por não ter campos para treinar
TEXTO COMPLETO DA EDIÇÃO SEMANAL
João Neves assume a presidência do Sport Lisboa e Cartaxo desde 2020

João Neves encontrou o Sport Lisboa e Cartaxo com dívidas e 90 atletas. Como forma de retribuir ao clube onde jogou futebol até aos 26 anos, juntou-se a antigos jogadores e pais para tentar salvá-lo, sendo presidente da direcção desde 2020. Actualmente, são mais de 300 crianças e jovens que ali praticam futebol de formação e o clube não tem infraestruturas para acolher mais. As dívidas estão saldadas, os seniores estão a cargo da SAD e o futebol feminino é a mais recente aposta.

O Sport Lisboa e Cartaxo é um clube com 89 anos e sem casa própria. João Neves, outros ex-jogadores de futebol e alguns pais de atletas foram responsáveis por liquidar dívidas e reerguer o clube que definhou após a perda do Campo das Pratas, em 2015, onde treinavam e jogavam há cerca de 20 anos. Foi uma forma de ajudarem o clube que os ajudou. O MIRANTE esteve à conversa com João Neves, 37 anos, considerado dirigente do ano pelo município, que distinguiu também a equipa de iniciados, a competir no nacional, na Gala do Desporto 2024.
João Neves encabeçou em 2020 a lista “Rumo ao futuro” e está a cumprir o seu último mandato de dois anos. O primeiro projecto da direcção foi transferir o relvado sintético do Campo das Pratas, no Cartaxo, para Vale da Pinta, após o clube ter estabelecido em 2019 um protocolo com o União Desportiva e Recreativa de Vale da Pinta para utilização do Campo Francisco da Costa Marques Parente durante sete anos, dando apoio ao Estádio Municipal do Cartaxo. A transferência representou um investimento avultado para o clube, como explica João Neves, adiantando que “o forte do Sport Lisboa e Cartaxo são os patrocínios”. Em 2023, o SL Cartaxo estabeleceu um protocolo com o Grupo Desportivo de Pontével para utilização do Campo das Marotas devido ao aumento para mais de 250 atletas. “Foram dois anos duros”, reconhece.
O grupo conseguiu recuperar atletas que saíram para outros clubes, crescendo o número de atletas de 90 para os 306 actuais. A nível masculino “está estagnado e não pode evoluir mais para haver qualidade no treino”, explica João Neves, desabafando que o seu único arrependimento é não ter conseguido uma infraestrutura desportiva para o Sport Lisboa e Cartaxo. “É triste. É um clube com muita história e tinha o Campo das Pratas. Não podemos esperar que caia algo do céu, temos de nos juntar e ajudar mutuamente para que todas as associações consigam chegar ao mesmo caminho”, afirma, sabendo que o município ainda não tem capacidade de ajudar as associações como devia e queria. João Neves revela também que chegaram a fazer um bom negócio com um relvado sintético, mas que o venderam por não terem conseguido arranjar terreno. O dirigente não culpa as antigas direcções porque acredita que “quem está à frente de um clube ou colectividade dá tudo”.
João Neves, questionado sobre a SAD (sociedade anónima desportiva) para o futebol, que se dizia ser a bóia de salvação para o clube, aprovada por unanimidade em assembleia-geral de 29 de Agosto de 2017, afirma que os caminhos são paralelos. “A SAD faz seniores e juniores, mas sempre foi o clube a fazer essa gestão dos juniores a nível administrativo, financeiro, desportivo. Chegámos a esse consenso porque a SAD não tinha muito tempo para os juniores”, diz.
Um treinador na forja
João Neves foi jogador do SL Cartaxo dos 6 aos 26 anos. É casado, tem dois filhos gémeos a jogar nos infantis e regressou ao Cartaxo há cinco anos, depois de ter estado a viver em Lisboa. Profissionalmente, é responsável de manutenção numa empresa multinacional e dedica quatro a cinco horas diárias ao Sport Lisboa e Cartaxo. Quando se ausentar da presidência, vai continuar a acompanhar os filhos no futebol e como tem o Grau 1 de treinador gostava de se estrear a treinar no clube. “Não estou preocupado, porque é uma associação estável com muitos atletas. Gostava que viesse alguém com uma mente positiva e trabalhadora, que tenha a consciência de que está a fazer o melhor para o clube”, avança, tendo em conta que ainda não se falam em nomes.
O dirigente conclui dizendo: “fico orgulhoso e feliz porque conseguimos voltar ao que era o Sport Lisboa e Cartaxo. Fui campeão de juniores, subi da segunda para a primeira divisão. Tive uma subida dos iniciados da segunda para a primeira e no ano seguinte a subida dos iniciados da primeira para o nacional. Vai ficar na história!”, disse. Os objectivos passam por “manter o clube equilibrado a nível desportivo e financeiro” e “manter a equipa de iniciados no nacional para os atletas abaixo poderem ter essa obrigação de treinar e jogar melhor”, remata.

A aposta no feminino

O futebol feminino representa a única margem de crescimento para o clube, que se vê limitado em termos de infraestruturas e no limite máximo de jogadores nos escalões masculinos. O SL Cartaxo iniciou-se com uma equipa sub15 feminina no ano passado, com dezena e meia de atletas a competir ao nível interdistrital e a quem consegue proporcionar um dia de treino sem divisão do campo. Este ano há também meninas sub11 e sub13, totalizando mais de 20 atletas.

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