Ateneu Gímnico Samora Correia é um berço de campeões em fase de renovação
Com histórias de dedicação e sonhos para o futuro, os jovens atletas do Ateneu Gímnico de Samora Correia destacam o papel transformador da ginástica nas suas vidas e sublinham o ambiente familiar e solidário do clube.
No coração de Samora Correia, um grupo de jovens encontra na ginástica muito mais do que um desporto. Entre saltos, equilíbrios e rotinas ensaiadas, constroem laços, superam desafios e alimentam sonhos que vão do pódio às carreiras profissionais que ambicionam seguir. O ginásio do Pavilhão Desportivo de Samora Correia, desde Junho baptizado com o nome da Professora Cândida Ramos, uma das fundadoras da Academia Gimnodesportiva de Samora Correia (AGISC), actual Ateneu Gímnico Samora Correia (ATENUGISC), é palco dos treinos semanais de jovens que querem alcançar o sucesso que os seus antecessores conquistaram.
Susana Justino, 14 anos, está no Ateneu Gímnico de Samora Correia há dois anos, mas a ginástica faz parte da sua vida desde os três anos. Para a adolescente, a ginástica abstrai de todas as coisas do mundo exterior, ajudando a focar só no desporto e a esquecer o resto, confessa a jovem, que aspira ser campeã mundial. Susana adora as competições e destaca que o ambiente no clube é marcado pela responsabilidade e pela diversão. “Quero ser actriz, ainda pensei seguir desporto, mas depois pensei como seria quando tivesse 40 anos e pareceu-me que ia ser difícil”, diz, sorrindo.
Anastácia Demos, também com 14 anos, regressou à ginástica aos 12. Natural da Ucrânia, encontrou no Ateneu um lugar onde a dedicação à modalidade é levada a sério. “Adoro a sensação de ganhar, mas a ginástica é um desporto exigente, que depende também muito dos companheiros”, sublinha. Com um gosto especial pela matemática, Anastácia espera combinar os estudos com a ginástica. Reconhece que é um desporto exigente em que é fundamental não faltar aos treinos. Além disso, também depende muito dos companheiros, pois se o seu par não marcar presença não é possível fazer as coisas da mesma forma.
Matilde Lamy, de 13 anos, entrou para o clube à procura de um desporto que beneficiasse a sua mente e corpo. “A ginástica no Ateneu é como uma família, é um grupo de pessoas com quem partilhamos muitos momentos”, descreve. Apesar dos desafios em conciliar os estudos e os treinos, a jovem, que sonha ser psicóloga criminal ou advogada, valoriza o ambiente acolhedor do clube. “Ainda só estou aqui há dois anos, julgo que estou a evoluir bastante neste último ano, mas ainda quero aprender coisas novas”, conclui a jovem.
Santiago Silva, também com 13 anos, voltou à ginástica após pausa de uma década. “Estar no Ateneu tem sido muito bom, gosto da mobilidade associada à ginástica e do acolhimento que recebi aqui”, partilha o jovem, que ambiciona ser investigador criminal. Para ele o regresso ao desporto, depois de insistir muito com a mãe, tem sido muito positivo. Os irmãos também foram praticantes na colectividade e, agora, todos os acolheram muito bem numa casa que havia conhecido com apenas três anos.
Um clube onde os objectivos são sempre altos
Cândida Ramos, professora e fundadora da Academia Gimnodesportiva de Samora Correia (AGISC), actual Ateneu Gímnico de Samora Correia, reflecte sobre a dedicação necessária para a ginástica e os desafios enfrentados pelo clube ao longo dos anos. “Parte muito deles, da vontade de treinar e dos objectivos que têm, seja para representação ou competição. A competição é mais dura e não podem faltar aos treinos”, afirma a O MIRANTE.
Com uma história marcada por sucessos, o clube viu atletas como Gonçalo Roque, campeão do mundo, e Dinis Cardoso, participante em europeus, ganharem projecção nacional e internacional. O ATENUGISC já teve grandes ginastas que depois dão o salto e vão para Lisboa, recorda Cândida Ramos, que iniciou o seu percurso aos quatro anos no Ginásio Clube do Sul, em Almada, e começou a dar aulas aos 22.
Actualmente, o clube enfrenta um período de renovação. “Estamos numa altura em que estamos a fazer uma nova fornada. Os objectivos são sempre altos, queremos que os atletas deixem uma boa imagem nas competições, seja a nível nacional ou distrital”, salienta. Para Cândida Ramos, a formação dos jovens vai além das técnicas de ginástica. As crianças e jovens têm que ter atitude, devem ser solidários, ter espírito de equipa e respeito pelos adversários.
Um dos principais desafios do Ateneu é a necessidade de um novo praticável. “Este já está obsoleto. Seria esse o desejo para 2025”, aponta a professora, destacando, no entanto, o apoio que sempre contou por parte do município de Benavente, da Junta de Freguesia de Samora Correia e do comércio local. As mensalidades não chegam para todas as despesas. A grande despesa está para com os técnicos, não só na área da ginástica, como da natação.
As origens do ATENUGISC
O Ateneu Gímnico de Samora Correia tem as suas raízes na criação da Academia Gimnodesportiva de Samora Correia, fundada em 1987 pelas professoras Maria Cândida Ramos dos Santos e Marcolina Maria Correia Nobre. A ideia nasceu de uma proposta de Cândida Ramos à Câmara de Benavente, durante os primeiros Jogos Concelhios, realizados em 1986. Na época, Cândida já acumulava experiência ao ter trabalhado na SFUS e dado aulas no Porto Alto.
A história do clube remonta a um grupo informal denominado “Grupo de Amigos do Bairro da Esteveira”, que surgiu para colmatar a falta de oportunidades desportivas em Samora Correia. Com a inauguração do Pavilhão Gimnodesportivo de Samora Correia, em 1987, um marco há muito aguardado pela comunidade, surgiu a necessidade de formalizar a organização. A 11 de Maio de 1987, por escritura notarial, nasceu oficialmente a AGISC. Ao longo das décadas, a academia evoluiu para o ATENUGISC, mantendo-se fiel à sua missão de formar atletas e oferecer à comunidade um espaço onde o desporto, a dedicação e o espírito de equipa são os pilares fundamentais.