Desporto | 21-01-2025 15:00

Uma modalidade inventada há dez anos deu nova vida aos centenários Caixeiros

Uma modalidade inventada há dez anos deu nova vida aos centenários Caixeiros
Rui Leitão é o rosto do teqball do Grupo de Futebol dos Empregados no Comércio de Santarém, também conhecido por Caixeiros

O teqball é hoje a face visível do Grupo de Futebol dos Empregados no Comércio de Santarém, também conhecido por Caixeiros. Rui Leitão tem sido o impulsionador e divulgador da modalidade e um autêntico homem dos sete ofícios, pois é atleta, treinador, dirigente e organizador de competições.

Foi há cerca de quatro anos que a relação de Rui Leitão com o teqball se tornou mais séria e desde aí a sua vida levou uma grande volta. Tornou-se praticante, treinador, dirigente, organizador de competições e o teqball - uma modalidade desportiva emergente que é uma espécie de ténis de mesa jogada com os pés e cabeça - tem-no levado a viajar a diversos pontos do globo. E, com ele, o emblema e o nome do centenário Grupo de Futebol dos Empregados no Comércio de Santarém, também conhecido por Caixeiros, que estava praticamente sem actividade.
“Hoje, os Caixeiros são o maior e mais representativo clube de teqball a nível nacional, estando entre os cinco maiores do mundo, num universo de 153 países onde a modalidade já é praticada oficialmente. A nível internacional, somos uma referência, e falar de teqball em Portugal é, sem dúvida, falar dos Caixeiros e de Santarém”, afirma Rui Leitão sem falsas modéstias. O sonho é ter um campeão mundial nos Caixeiros e dá nota que na calha estão dois jovens muito promissores: Gonçalo Reis, do Carregado; e Martim Vasques, de Alfange, em Santarém.
O teqball é ainda uma actividade com poucos praticantes e reduzida notoriedade, o que faz também com que tenha uma grande margem de crescimento. E Rui Leitão acredita que vai crescer, tanto em Santarém como no país e no mundo, apesar de os Caixeiros terem levado um rombo recentemente, quando alguns jogadores saíram para o vizinho Vitória de Santarém, que reactivou a modalidade.
No país há 450 atletas federados, mas activos, em competição, são apenas entre 150 a 200, representando os 15 a 20 clubes em actividade, “quatro ou cinco” deles no distrito de Santarém. Os Caixeiros contam com 35 atletas, alguns oriundos de fora do concelho de Santarém, designadamente da zona de Lisboa, e até um jogador que reside em França. “Esses jogadores aparecem aqui porque o nosso projecto foi crescendo e consolidando-se a nível nacional. Inovámos um bocadinho em termos de condições, começámos a trabalhar muito as redes sociais, a dar visibilidade à modalidade e também a dar retorno aos nossos parceiros e aos nossos patrocinadores”, diz.
A concorrência do futebol e do futsal, entre outros desportos, é muito forte e não é fácil atrair praticantes, mas há jovens que têm optado pela modalidade por entenderem que aí podem ser mais do que um entre muitos. E graças a isso já disputaram etapas do circuito mundial e integraram a selecção nacional. As viagens e deslocações são pagas com ajuda de patrocínios e apoios pontuais da Câmara de Santarém. Os atletas, alguns deles já com títulos nacionais, são amadores, mas as etapas do circuito mundial contam já com prémios monetários atractivos.

Do futebol para o teqball
É no complexo da antiga Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, que Rui Leitão tem a sua base e foi aí que conversou com O MIRANTE. As instalações são cedidas pelo município, que tem sido um importante parceiro do projecto, realça o dirigente e atleta, que recentemente foi reeleito para o Conselho Executivo da Federação Internacional de Teqball (FITEQ), como representante dos atletas da modalidade a nível mundial. Como atleta, Rui Leitão treina três ou quatro vezes por semana.
Rui Leitão, 52 anos, esteve 22 anos ligado ao Ministério da Agricultura, em Lisboa e em Santarém, teve também uma experiência no sector privado e depois apareceu o teqball. Jogou futebol no distrital de Santarém em clubes como o Santanense, Vale de Santarém e Moçarriense e esteve ligado, como director, à equipa de juniores de futebol do União de Almeirim, há cerca de uma década. Entretanto surgiu o convite para se ligar ao teqball, através de um amigo que era vice-presidente da federação, e esteve envolvido na organização do circuito nacional e na divulgação da modalidade. Desde aí dedica-se a 100 por cento ao teqball, que o tem levado a vários cantos do mundo e a privar com figuras mediáticas do desporto como Ronaldinho Gaúcho, ex-futebolista brasileiro com quem posou para a fotografia quando recebeu o Prémio de Mérito da FITEQ - Fédération Internationale de Teqball, em Dezembro de 2023, por ocasião do Campeonato do Mundo de Teqball, em Bangkok, na Tailândia.

Com a casa às costas

Tudo começou no velho e “mítico” rinque dos Caixeiros, em Santarém, onde Rui Leitão começou por desafiar quem quisesse a experimentar a modalidade e dar uso às mesas que o clube tinha adquirido. O projecto começou a ser levado mais a sério em Fevereiro de 2021, estava o mundo atormentado pela pandemia de Covid-19. Começou a jogar numa perspectiva apenas de explicar a regras e aos poucos foi-se embrenhando na modalidade, até chegar o convite para jogar e ajudar na organização da sua primeira competição, uma etapa do circuito mundial em Cabo Verde, país onde ajudou na criação da federação da modalidade.
Com a necessidade de encontrar instalações cobertas que permitissem praticar a modalidade durante todo o ano, foram andando com a casa às costas, passando pela colectividade de Perofilho, por Alpiarça, pelo pavilhão da Escola Superior de Gestão de Santarém, pela associação do Verdelho, onde ainda realizam algumas actividades, e, finalmente, acabaram por se fixar no pavilhão da antiga EPC, em Setembro de 2024.

Prova internacional em Santarém

O teqball foi inventado há dez anos na Hungria e tem vindo a crescer exponencialmente, com a ajuda promocional de ex-craques do futebol mundial. Há 153 federações nacionais pelo mundo. O circuito internacional passou por Santarém em 2024 e este ano vai voltar, de 22 a 24 de Agosto. “Orgulhoso por estar na criação da Challenger Teqball League e ser um dos responsáveis pela organização destas 11 etapas na Europa, depois de ter organizado 5 etapas em 3 meses, no ano passado”, partilhou Rui Leitão nas redes sociais. Já no dia 25 de Janeiro, há mais uma edição do Caixeiros convida, em que cada atleta do clube Convida uma pessoa para fazer dupla e jogar.

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