Bragadense forma novos talentos para a baliza
O Grupo Recreativo e Desportivo Bragadense, na Póvoa de Santa Iria, tem uma escola de guarda-redes de futebol, orientada pelo treinador Pedro Ribeiro. O projecto destina-se a jogadores de dentro e de fora do clube e pretende desenvolver a técnica e a comunicação dos jogadores que estão na baliza.
O Grupo Recreativo e Desportivo Bragadense, na Póvoa de Santa Iria, tem a funcionar desde Outubro uma escola de guarda-redes de futebol. O projecto foi abraçado pelo treinador Pedro Ribeiro, a convite do clube, e actualmente a escola tem jogadores dos 7 aos 12 anos do escalão de benjamins e traquinas. A maioria dos guarda-redes integra as equipas do clube, mas faz o treino específico para desenvolver as capacidades à baliza e apenas um é de fora do clube.
“A tarefa técnica e táctica dos guarda-redes é mais complexa do que a dos restantes colegas em campo e tem uma componente mental mais complexa. Eles estão a ver todo o jogo e têm que ter uma capacidade de comunicar e de liderar acima da média”, explica o treinador. Os guarda-redes treinam duas vezes por semana, às terças e sextas-feiras, das 18h00 às 19h00, depois integram as equipas principais e fazem treino conjunto. O rendimento dos guarda-redes tem sido elogiado por outros clubes e os pais estão satisfeitos.
Pedro Ribeiro conta que os jogadores mais novos gostam de experimentar as posições todas em campo. Tecnicamente, o treinador consegue perceber depois se o jogador tem ou não gosto em estar à baliza, se tem à vontade em ir ao chão, se não tem medo da velocidade e força da bola e se tem a “garra típica do guarda-redes”.
Os golos que entram na baliza podem ser motivo de frustração. Mas nestas camadas mais jovens, explica o técnico, os meninos não lidam tão mal com os golos sofridos como as equipas de juvenis, juniores e seniores. “Sou treinador de alta performance e acabo por conjugar o treino mental com o treino tradicional físico. Os jogadores a partir de uma certa idade já têm de ter uma capacidade diferente de lidar com as emoções, a frustração, a inércia de não fazerem nada em alguns jogos, mas ter que continuar focados e atentos. O treino mental, que não é uma aposta comum e habitual mesmo a nível profissional, é tão ou mais importante que o treino físico”, sublinha.
Treinos exigentes para combater pontos fracos
O guarda-redes mais novo da escola, José Durães, tem sete anos e disse aos pais que queria ser guarda-redes. “Para mim o mais difícil é a meia altura para a direita, na baliza, porque tenho de saltar. Mas estou a treinar e o treinador é muito exigente”, diz. Tiago Velhinho, de Vialonga, tem 10 anos. Começou a jogar na posição de avançado, mas o treinador mandou-o para a baliza. Como defendia bem, ficou com a posição e entrou para a escola para aperfeiçoar as técnicas. Fica chateado com os autogolos mas os colegas nunca o chateiam quando algo corre menos bem.
Com a mesma idade, Diego Ferreira começou a jogar no Bragadense há quatro anos. Já o pai era guarda-redes e seguiu-lhe as pisadas. Quando for crescido diz que quer ser guarda-redes profissional e fotógrafo. Diogo Fernandes, nove anos, começou a jogar na posição de defesa, mas não se habituou. Quando foi à baliza já não quis sair e hoje treina para defender melhor as bolas que entram rasteiras pelo lado esquerdo. O mais velho, Miguel Joaquim, com 12 anos, tem orgulho de estar na baliza e quer ser profissional como o guarda-redes do FC Porto, Diogo Costa, ou o ex-guarda-redes, Iker Casillas.