Nasceu no Porto Alto a primeira equipa de futebol sénior feminino do concelho de Benavente

A Associação Recreativa do Porto Alto apostou no futebol sénior feminino em 2024/25 e a direcção do clube está determinada em manter o projecto, mesmo sem apoios da Federação Portuguesa de Futebol. A equipa da AREPA é a primeira no escalão sénior a formar-se no concelho de Benavente.
Na época desportiva 2024/25 nasceu a primeira equipa de futebol feminino sénior do concelho de Benavente, na Associação Recreativa do Porto Alto (AREPA). A direcção da AREPA entendeu apostar numa equipa sénior por considerar que já existe oferta suficiente de futebol de formação feminino no distrito. Paulo Ferreira é o coordenador do futebol na associação e confessa que a criação da equipa foi “um tiro no escuro”. A primeira contrariedade surgiu logo antes da época começar, quando o treinador do projecto aceitou uma proposta para treinar no estrangeiro e deixou a equipa sem um treinador com formação de nível dois, uma exigência em competições de nível nacional da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Até chegar Hugo Lopes, o actual treinador, o clube teve de pagar várias multas por incumprimento. “Os apoios são todos para as equipas do campeonato nacional e da segunda divisão. Na terceira divisão os clubes só têm despesa”, lamenta Paulo Ferreira, referindo-se aos apoios dados pela FPF. E por isso o clube foi obrigado a fazer esforços financeiros, mas desistir nunca foi opção, garante o coordenador. O objectivo para a época sempre foi claro: dar às atletas condições para evoluírem enquanto equipa. “Este nem é o ano zero, é o ano menos um”, comenta.
Aposta no colectivo
Hugo Lopes tem 46 anos, vive em Alenquer, e é militar da Força Área. Tirou uma licenciatura em Treino Desportivo e treina a equipa de futebol feminino da AREPA desde Outubro de 2024. Esta é a sua primeira experiência como treinador de futebol feminino depois de ter sido treinador e coordenador de formação no Vilafranquense. Hugo Lopes aponta como maior vantagem de treinar mulheres a maior receptividade às instruções. Várias jogadoras têm-se visto a cargo com lesões; a equipa já chegou a ir a jogo com uma jogadora de campo na posição de guarda-redes e sem jogadoras suplentes; mas nem por isso as jogadoras deixam de dar tudo em campo, assenta Hugo Lopes, que não atira a toalha ao chão e acredita que o futuro é risonho.
Micaela Matias jogou durante a sua infância e adolescência no Grupo Desportivo Forense e no Futebol Clube de Alverca. Aos 21 anos mudou-se para o clube de Porto Alto. A morar em Foros de Salvaterra e a trabalhar em Benavente, Micaela Matias confessa que não é fácil deslocar-se para treinar e jogar e até já tirou alguns domingos de férias para poder estar com a equipa. O que a motiva é a entrega do grupo, que afirma ser muito unido e focado. Patrícia Lopes tem 29 anos, joga a defesa, e tem alternado a sua carreira desportiva entre o futebol e o andebol. O futebol é para si um escape do dia-a-dia do trabalho como administrativa. Sobre as rotinas da equipa afirma que no início da época eram notórias as diferenças entre jogadoras mais e menos experientes, mas que com os treinos e jogos a equipa se tornou numa “grande família dentro e fora do campo”.
Novas infraestruturas na AREPA continuam sem avançar
A Associação Recreativa do Porto Alto perdeu o financiamento de 37 mil euros da FPF destinados a obras de melhoria das infraestruturas do clube, nomeadamente a construção de um novo campo. Desde Abril de 2023 que o clube aguardava a permuta de um terreno contíguo ao complexo desportivo da AREPA por parte da Câmara Municipal de Benavente, necessário para a construção do campo de futebol de nove, altura em que celebrou um protocolo com a Associação de Futebol de Santarém (AFS). Apesar de o contrato com a AFS ter sido prorrogado até 31 de Março de 2025, o clube não conseguiu cumprir os requisitos até essa data e perdeu o financiamento.
O presidente do clube afirmou a O MIRANTE que a situação é lamentável. Hugo Conceição diz não entender o porquê de a Câmara Municipal de Benavente, apesar de reconhecer a necessidade das obras, não actuar com celeridade no tratamento destas questões, para que não se percam os fundos angariados. Hélio Justino, vereador da Câmara Municipal de Benavente, garantiu a O MIRANTE que o processo de permuta do terreno está a decorrer e que esta é uma questão burocrática que demora o seu tempo para ser feita dentro dos trâmites legais. Para além disso, salienta que o apoio da FPF apenas cobre uma parte do custo total do projecto, avaliado em 265 mil euros, e que a câmara municipal “tem que juntar o valor necessário” para auxiliar a AREPA a cumprir o projecto, algo que afirma ainda não ter sido possível.