Desporto | 09-04-2025 18:00

Tiro desportivo é modalidade da casa do Benfica em Santarém

Tiro desportivo é modalidade da casa do Benfica em Santarém
João Félix pratica tiro desportivo na Casa do Benfica de Santarém, colectividade que iniciou a modalidade em 2010

A Casa do Benfica em Santarém é uma das poucas associações na região com a modalidade de tiro desportivo. Conta com 26 atletas de vários pontos do país e, embora a modalidade possa ser praticada a partir dos 10 anos, o atleta mais novo tem 18. João Félix dispara com uma carabina olímpica desde os 16 anos e diz que ainda há um caminho a percorrer na desmistificação do desporto.

O tiro desportivo é uma modalidade olímpica que pode ser praticada a partir dos 10 anos. Muitos desconhecem-na ou temem-na por envolver armas, mas para manusear uma carabina olímpica, de ar comprimido, como a de João Félix, 18 anos, atleta da Casa do Benfica de Santarém, é necessária uma licença e passar por um exame teórico-prático rigoroso. João Félix pratica tiro desportivo desde os 16 anos e foi levado pela mão do pai, que descobriu o desporto através de uma notícia sobre a Casa do Benfica. Devido ao preconceito com as armas, é o mais novo do clube, que no ano passado subiu de 22 para 26 atletas.
Praticou vários desportos, do ténis ao karaté, passando pelo basquetebol e natação, mas o tiro desportivo era o que ia mais ao encontro dos seus gostos. Estudante do primeiro ano de Psicologia em Almada, a primeira opção era Estudos de Segurança ligados à polícia e exército e a carreira militar é uma possibilidade após os três anos de Psicologia. Tanto o curso como o desporto têm-no ajudado a manter o foco e a calma. E se antes completava uma prova de 60 tiros em 20 minutos, tendo uma e meia, hoje já o faz de forma mais pausada. Foi terceiro classificado no nacional de juniores B (a partir dos 16 anos), é oitavo no ranking nacional C10 e quinto no ranking nacional de carabina articulada. Assim como muitas crianças, antes do desporto o seu tempo livre era passado ao computador.
“Este desporto deu-me oportunidade de fazer o que gosto sem grandes custos e em Santarém. Não existe diferença de idades, ajudamo-nos uns aos outros”, reforça. O pai, também João Félix, descreve que é o mesmo que colocar um filho a jogar futebol e todos os anos lhe comprar umas sapatilhas de 120 ou 130 euros. “Aqui, se calhar, gasta-se mais de uma vez, mas nos próximos 10 ou 15 anos não é preciso gastar dinheiro”, garante enquanto observa o filho a vestir o fato.
Com a mudança para Lisboa, João Félix deixou de conseguir treinar às terças e quintas-feiras para as provas. Em breve irá treinar num clube da área de residência, mas sem deixar a Casa do Benfica, da qual se orgulha. “As pessoas associam as armas a coisas más. Já tentei trazer amigos, mas os pais não deixam ou eles próprios têm medo”, refere, revelando que também na faculdade o desporto não foi reconhecido, tendo-lhe sido negado o estatuto de atleta federado e a consequente redução do preço das propinas.

Modalidade vive sem apoios
Alexandre Fernandes, 56 anos, preside à secção desde 2014 e a modalidade deverá ter começado na associação por volta de 2010, quando havia tiro ao alvo com ar comprimido juntamente com o tiro olímpico. O clube começou com 14 ou 15 atletas e actualmente são 26, de Torres Novas, Benfica do Ribatejo, Glória do Ribatejo, Algarve, incluindo uma jovem com cerca de 20 anos. O atleta mais velho tem cerca de 80.
O dirigente foi militar na antiga Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, onde treinam, e já tinha realizado tiro com pistola e carabina. O desporto ajudou-o a baixar o stress do trabalho como operador de telecomunicações da protecção civil, em Almeirim, e passou a ter um objectivo, explica. Em 2012, quando trabalhava como funcionário na Escola Agrária de Santarém, um colega emprestou-lhe uma carabina articulada e o filho, para não ficar sozinho em casa, acompanhava-o nos treinos. Acabou por iniciar-se na modalidade aos 14 anos e, um ano ou dois depois, foi campeão nacional de juniores, indo agora tirar o curso de treinador nível 1 para a secção poder recorrer a apoios. “Geralmente aqui é o ‘paitrocínio’. Apoios da Casa do Benfica? Zero! Algum dinheiro que fazemos é através de um almoço para o pessoal. Conseguimos 170 ou 180 euros para comprar 3 mil alvos de carabina articulada”, revela.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1711
    09-04-2025
    Capa Médio Tejo
    Edição nº 1711
    09-04-2025
    Capa Lezíria Tejo
    Edição nº 1711
    09-04-2025
    Capa Vale Tejo