Desporto com mais impacto na economia local no concelho de Rio Maior

O turismo desportivo está a crescer exponencialmente, mas não existe uma estratégia que combine desporto e turismo. O impacto económico de 667 mil euros em Rio Maior, só em espectadores dos jogos do Casa Pia, foi o rastilho para um debate sobre o impacto dos eventos desportivos.
O acolhimento dos jogos da 1ª Liga de futebol do Casa Pia no Estádio Municipal de Rio Maior e o impacto económico directo de 667 mil euros só em espectadores levou o tema do impacto económico de eventos desportivos a debate na Escola Superior de Desporto de Rio Maior. Segundo o presidente da câmara, Filipe Santana Dias (PSD), o que não é mensurável não é gerível e o desporto é o que neste momento diferencia Rio Maior dos outros concelhos.
“Uma das responsáveis por esta aposta no desporto chama-se Susana Feitor”, começou por dizer Filipe Santana Dias, acrescentando que o concelho já merece que haja investimento privado a acompanhar o investimento público para que se possam fixar empresas que garantam investigação e desenvolvimento, aproveitando o conhecimento da academia, a infraestrutura pública desportiva, para desenvolver os seus produtos e criar indústria e emprego especializado. “Este é o sonho”, enfatizou. O presidente da câmara revelou os últimos dados da empresa pública municipal Desmor, que ultrapassou as 26 mil dormidas no centro de alto rendimento e gera mais de 2 milhões de euros ao ano.
José Santos, presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo, referiu na sua intervenção que o turismo desportivo é um segmento de procura turística que está a crescer exponencialmente e será, talvez, dos que mais cresce. A título de exemplo, disse, o portal Ribatejo e Alentejo Outdoor, com mais de 130 percursos pedestres, tem mais procura do que os portais de destino. O Turismo do Alentejo e Ribatejo está a procurar identificar as iniciativas que podem gerar um valor económico e turístico mais sustentável e mais interessante para o território e escolher os eventos que para a estratégia de desenvolvimento turístico podem combater a sazonalidade e aumentar os fluxos turísticos, especialmente nas regiões de baixa densidade, revelou. Acrescentou que devia haver uma maior aproximação entre a administração pública e a academia para dar mais credibilidade às candidaturas, que por vezes vêm rejeitadas por falta de sustentação, e que neste momento não existe uma estratégia que combine desporto e turismo.
António Torres, secretário executivo da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), lançou o repto para ser avaliado o impacto económico de outros eventos como o Santarém Cup, considerado um dos maiores torneios de futebol jovem do país organizado pela Académica de Santarém, o Santeirim, torneio internacional de futebol veterano em Almeirim e Santarém, a Volta a Portugal em Bicicleta, que partiu de Santarém, e o impacto sócio-económico do programa Mais Lezíria, que promove a prática desportiva nos 11 municípios da CIMLT. Revelou ainda que a 10 de Abril será assinado entre as Comunidade Intermunicipais do Oeste, do Médio Tejo e da Lezíria o documento referente à intervenção territorial integrada, sendo que no caso da Lezíria há cerca de 4,5 milhões para construção de ecovias.
Impacto do Casa Pia em Rio Maior
Conforme já noticiámos, o impacto económico directo dos espectadores de 17 jogos do Casa Pia referentes à época 2023/2024 em Rio Maior foi de 667 mil euros com 95% de confiança, segundo o estudo. O gasto médio por pessoa foi de 22,45 euros, entrando na economia local de Agosto de 2023 a Abril de 2024 cerca de 39 mil euros por mês. Foram tidos em conta os gastos com alojamento, refeições e bebidas, compras (produtos locais, lembranças, entretenimento, cachecol, etc.), transportes locais e parqueamento, combustível, entre outros. A amostra foi de 1097 espectadores entre o universo de 45.173, sendo que 73,2% não era associado de qualquer clube. Os concelhos de residência que predominaram foram Rio Maior (47,7%) e Lisboa (8,8%). 72,7% dos inquiridos eram homens e a faixa etária predominante dos 20 aos 29.
Com o objectivo de aumentar o nível do impacto económico global e por visitante nos eventos acolhidos em Rio Maior, o estudo coordenado pelo professor Alfredo Silva refere as seguintes recomendações: incluir a oferta local de vários níveis de ofertas de serviços/produtos em conjuntos compostos por várias opções de serviço de bar, restaurantes, alojamento, transportes, entretenimentos, atracções adicionais e eventos culturais locais e reforçar a dimensão da comunicação e alavancagem dos eventos, mediante a elaboração e execução de um plano de comunicação com acções orientadas para os media e para os espectadores com o objectivo de aumentar a notoriedade da cidade e reforçar os traços da imagem da cidade em associação com o desporto.
Vinte anos da licenciatura em Gestão das Organizações Desportivas
A licenciatura em Gestão das Organizações Desportivas, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, assinalou 20 anos. Passou de uma turma no ano lectivo 2004/2005 para três turmas e mais de cem alunos hoje. A média de entrada dos candidatos tem subido, assim como o número de alunos que escolhem o curso em primeira opção, fixando-se nos 14,2 valores. O curso conta com diversas parcerias e o melhor diplomado vai passar um dia com um gestor desportivo de referência. O curso fornece ainda a possibilidade de se inscreverem na Ordem dos Contabilistas Certificados. 92% dos alunos estão empregados após um ano, 8% dos alunos realiza Erasmus e mais de 70% dos docentes tem o grau de doutoramento. O diplomado do curso, Luís Pereira, afirmou ser importante que, tal como acontece com os treinadores nos clubes, também os gestores do desporto deviam ser obrigados a apresentar o certificado.