Desporto | 04-05-2025 12:00

Flamenco em Samora Correia é uma dança para mães e filhas

Flamenco em Samora Correia é uma dança para mães e filhas
Grupo Sabor Flamenco tem grupo de mães que dança com as filhas

O flamenco tem vindo a ganhar raízes em Samora Correia, tornando-se uma tradição partilhada entre gerações. O grupo Sabor Flamenco é um dos principais rostos dessa ligação, promovendo a dança como uma prática artística e cultural marcante.

Maria Saalfeld Reis leva uma vida ligada à arte do flamenco. Começou a dançar aos três anos, influenciada pelos pais, teve aulas particulares em Lisboa durante vários anos e ensina desde os 16 anos, mantendo-se nessa actividade há mais de duas décadas. Ao longo do seu percurso, fundou vários grupos e acompanhou alunas que também criaram os seus próprios projectos. Em 2008, fundou o Grupo Sabor Flamenco em Samora Correia.
“Éramos cinco e agora, 17 anos depois, somos cerca de 60, com idades entre os três e os sessenta anos”, conta, lembrando que antes da pandemia o número chegava a 80. A coreógrafa destaca que muitas crianças se interessam pela dança por causa dos aspectos estéticos — os vestidos coloridos, os saltos altos, os acessórios. O estilo e a imagem são, aliás, elementos trabalhados todos os anos, seguindo as tendências da moda flamenca, que é actualizada anualmente.
“Acredito que a tradição do flamenco nas zonas do Ribatejo e também do Alentejo se deva muito à ligação que existe à festa brava na nossa região”, refere Maria Saalfeld Reis, acrescentando que a cultura taurina impulsiona o interesse pela dança flamenca. Para ela, existe também uma influência espanhola enraizada na identidade local: “Acho que somos um pouco ibéricos”, confessa, mencionando ainda ter ascendência espanhola por via familiar.
Ana Rita Ganhão, de 21 anos, é uma das responsáveis por transmitir a paixão do flamenco às novas gerações. Está no grupo desde os quatro anos e actualmente ensina duas turmas infantis. Com carinho, conta que tenta transmitir às suas alunas os mesmos valores que recebeu. “Tento também ensiná-las como gostaria que me ensinassem a mim”, afirma, destacando que, apesar do ambiente descontraído, a disciplina é uma parte essencial da formação.

Uma dança entre mães e filhas
Ao longo dos anos, tornou-se cada vez mais comum ver mães a juntarem-se às filhas na dança flamenca. Em muitos casos, são as mães que motivam as crianças a aderir, mas também acontece o contrário — como com Ana Rita, cuja mãe acabou por se envolver no grupo após acompanhar a filha. Assim nasceu um grupo de mães, que passaram a dançar com as filhas.
Patrícia Figueiredo, conhecida carinhosamente como “Chiqui”, foi a responsável por treinar o grupo de mães. Natural de Benavente, começou a dançar flamenco na sua terra natal e juntou-se ao grupo de Samora Correia em 2010, onde diz ter aprendido tudo com Maria Saalfeld Reis. Actualmente vive em Reguengos de Monsaraz, onde também ensina flamenco a jovens locais, mantendo a ligação à associação samorense. “Não pude deixar de incluir a nossa associação em Reguengos no grupo de colectividades que estão associadas à Maria. Afinal de contas, eu aprendi tudo o que sei com ela”, diz. Apesar da distância, Patrícia continua próxima das colegas, sendo uma figura querida e marcante pelo seu espírito alegre e desinibido.
Em Samora Correia, o flamenco tem vindo a afirmar-se como muito mais do que uma dança, sendo também uma escola de vida para muitas jovens que ali crescem entre ensaios, vestidos coloridos e valores partilhados. Ao entrarem no grupo, muitas vezes por influência familiar, encontram um espaço onde a disciplina e a arte andam de mãos dadas, e onde aprendem a expressar-se com confiança e orgulho. O convívio entre gerações, o respeito pelas raízes e o fortalecimento da identidade tornam esta tradição não só uma herança cultural viva, mas também uma ferramenta poderosa no crescimento pessoal de quem a abraça.

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